Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Acordo com Irã é histórico, mas não permite abandonar cautela, dizem analistas

Próximos seis meses dirão se promessa de conter enriquecimento de urânio e permitir fiscalização, em troca de sanções reduzidas, será cumprida por Teerã

Por Da Redação
24 nov 2013, 17h27

Há anos, representantes das potências globais tentam um acordo com o Irã para limitar seu programa nuclear, feito que foi alcançado neste domingo. O país se comprometeu a limitar em 5% sua capacidade de enriquecimento de urânio, nível abaixo do limite necessário para produção de armas nucleares. O acordo foi aplaudido pelos países negociadores (China, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e Alemanha), mas levantou o ceticismo de Israel, principal aliado americano na região.

Analistas consultados pela agência France-Presse concordam com a importância do acordo, considerado por eles “sólido”, mas alertam para os próximos passos. Os próximos seis meses serão decisivos para a avaliação do grau de comprometimento do Irã, pois será o período em que os detalhes serão acertados e as avaliações períodicas nas bases nucleares do país serão feitas.

Kenneth Pollack, sócio do Saban Center de Políticas do Oriente Médio na Brookings Institution, disse que é “plausível” pensar que o Irã e a comunidade internacional podem evoluir para um verdadeiro sistema de cooperação nos próximos meses. “Mas temos de estar conscientes de que esse passo pode ser muito, muito mais difícil”, diz ele.

Um potencial obstáculo será a insistência de Teerã no direito de enriquecer urânio. O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, disse à imprensa, em Genebra, que o acordo tem “uma clara referência de que o enriquecimento continuará”. “Se Teerã insistir no direito de enriquecer urânio e também na suspensão de todas as sanções, um acordo se tornar inviável”, completou Pollack.

O secretário de Estado americano, John Kerry concorda. “Tendo em vista toda a carga de emoções e ideologia acumulada nas últimas décadas, fazer o acordo prosperar será uma tarefa árdua”, disse ele.

Leia mais:

Irã e seis potências mundiais fecham acordo sobre programa nuclear

Israel pressiona potênciais mundiais contra o acordo nuclear com o Irã

Acordo nuclear com o Irã esteve muito próximo, diz Kerry​

O descontentamento de Israel, inimigo do Irã, assim como de parte dos congressistas americanos, céticos, também pode causar problemas para o avanço das negociações. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou o acordo de “erro histórico”. Era esperado que o presidente Barack Obama conversasse com o primeiro-ministro israelense ainda neste domingo.

Para Bruno Tertrais, pesquisador da Fondation pour la Recherche Stratégique, em Paris, a assinatura deste domingo prova a efetividade das sanções aplicadas ao Irã por anos. “É um acordo que permite ao Ocidente ganhar tempo, já que uma grande parte do programa nuclear iraniano será congelada por seis meses”, diz ele.

Continua após a publicidade

Ponto positivo – O analista Joel Rubin, do Ploughshares Fund, avalia que, a dura e longa negociação dos últimos dias deu legitimidade ao acordo. Ele afirma que a janela para o acordo foi aberta por uma combinação de circunstâncias, especialmente o peso das sanções internacionais e a inesperada eleição, em julho, de Hassan Rohani, novo presidente iraniano.

Rubin destaca ainda que a aceitação, por parte de Teerã, de inspeções diárias em suas unidades de Natanz e Fordo “não tem precedentes”, assim como a contenção dos trabalhos em seu reator de Arak. “É bastante surpreendente. Se alguém me tivesse dito, há poucos meses, que o Irã aceitaria, por meio de conversas diplomáticas, neutralizar suas reservas de urânio enriquecido a 20%, deter a construção e qualquer melhoria em Arak, permitir um monitoramento diário, eu diria que era impensável. Foi uma conquista para nossa segurança”, disse Rubin à AFP.

(Com Agência France-Presse)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.