Absolvição de Mubarak gera protestos no Egito
Cerca de 2 000 pessoas se reuniram na capital do país porque ex-líder foi absolvido por morte de manifestantes em 2011
Cerca de 2 000 pessoas se concentraram neste sábado nos arredores da praça Tahrir, na capital egípcia, para protestar contra a absolvição do ex-ditador Hosni Mubarak das acusações de participação na morte de manifestantes no levante popular de 2011. A chamada Primavera Árabe provocou a deposição de Mubarak, que se encontrava no poder havia três décadas.
A decisão da Justiça do Egito põe fim a qualquer esperança de ação judicial para se apurar as responsabilidades pelas centenas de vítimas da revolta. Quatro anos após a queda de Mubarak, muitos ainda temem por sua segurança, em um país em que protestos não autorizados podem rendem duras penas. Os que têm coragem de se manifestar se mostram contra os militares e seu ex-chefe, Abdel-Fattah el-Sissi, agora presidente do país. “O povo quer derrubar o regime”, gritam os manifestantes.
Apesar de absolvido, o ex-líder de 86 anos não será colocado em liberdade depois das decisões do tribunal. Em maio, ele havia sido declarado culpado em outro caso relacionado a desvio de fundos públicos e cumpre uma sentença de três anos em um hospital do exército, no Cairo, por motivos médicos.
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Inocente – O tribunal declarou nula a causa contra Mubarak pelo massacre de manifestantes por não encontrar vínculos entre a atuação do ex-presidente egípcio e a morte dos protestantes em janeiro de 2011.
Ele foi absolvido também, junto com seus filhos Alaa e Gamal, de ter recebido cinco vilas na cidade de Sharm el-Sheikh (no sul da Península do Sinai) do empresário Hussein Salem, porque o juiz considerou que o caso prescreveu.
O ex-ministro de Interior Habib al Adli e seis de seus ajudantes, também julgados pela morte de manifestantes em janeiro de 2011, foram absolvidos da mesma forma.
Processos – Mubarak foi condenado em junho de 2012 à prisão perpétua, mas a sentença foi anulada por razões técnicas, o que provocou um novo julgamento. O novo processo teve início em maio de 2013.
Mais de 840 pessoas morreram nos 18 dias da revolta popular de 2011 contra o regime de Mubarak, durante a qual os manifestantes exigiram a renúncia do ex-presidente. A brutalidade policial e os abusos das forças de segurança estavam entre as causas dos protestos.
(Com Estadão Conteúdo)