Ramala, 8 jan (EFE).- O partido palestino Fatah, liderado pelo presidente Mahmoud Abbas, reconsiderará a reconciliação com o movimento islamita Hamas após o último confronto, segundo anunciaram neste domingo fontes oficiais palestinas.
‘Depois da atitude do Hamas, especialmente durante a visita de uma delegação do Fatah a Gaza, devemos reconsiderar prosseguir com uma reconciliação na qual parece que não existe um parceiro e na qual falta o respeito pelo outro’, declarou à Agência Efe em Ramala, Taufiq Tirawi, membro do Comitê Central do partido.
A dura reação acontece três dias depois que o Hamas, que governa na Faixa de Gaza, impediu na quinta-feira a entrada nesse território palestino de uma delegação de alto nível do Fatah, que governa a Cisjordânia.
O Hamas negou que tenha impedido a entrada dos quatro membros do Fatah, mas a facção de Abbas não aceitou a versão e, em comunicado divulgado hoje, o principal órgão do partido exige um pedido de desculpa dos islamitas, aos quais tacha de ‘improcedentes e carentes de profissionalismo’.
A nota afirma que ‘o Comitê Central do Fatah considera que alguns dos líderes do Hamas que têm as mãos manchadas de sangue não são adequados para a reconciliação’.
Acrescenta que considera também ‘um obstáculo para a reconciliação as ameaças vertidas pelo Hamas de levar um membro do Fatah aos tribunais por ter insultado Deus’
‘Se querem reconciliar-se têm que deixar de insultar os membros e líderes do Fatah’, salienta a nota.
As duas principais facções palestinas, em confronto desde a tomada de poder do Hamas em Gaza em junho de 2006, assinaram no último mês de maio no Cairo um pacto pelo qual se comprometiam a pôr fim a suas diferenças e criar um Governo de unidade.
A pouco mais de quatro meses de cumprir-se o prazo, as partes não avançaram na execução do pacto nem conseguiram definir os nomes que formariam o Executivo tecnocrata.
As últimas eleições legislativas palestinas aconteceram em 2006, quando o Hamas triunfou, e foram seguidas por um boicote da comunidade internacional ao Governo, enquanto as últimas presidenciais, às quais o Hamas não apresentou candidato, foram realizadas em 2005 e vencidas por Abbas.
Desde então, a divisão política impediu a realização de novos pleitos.
Em coincidência com o comunicado do Fatah, Khalid Al Batsh, membro do Hamas, declarou hoje à agência palestina independente ‘Maan’ que um dos comitês criados para negociar os detalhes da reconciliação definiu a libertação no próximo dia 15 de janeiro de todos os presos políticos e a autorização da difusão de periódicos afines ao outro partido em seus respectivos territórios. EFE