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A mulher de 50 trilhões de dólares

Propostas da candidata americana resumem falência de ideias

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 15 nov 2019, 11h35 - Publicado em 15 nov 2019, 06h00

Seguidora da conhecida escola econômica que acha que dinheiro dá em árvore, Elizabeth Warren tem um plano. Aliás, muitos. Fez disso o slogan da sua campanha para conseguir ser eleita candidata a presidente pelo Partido Democrata. O plano principal é criar um sistema universal de saúde, cujas desvantagens sempre parecem maiores que as vantagens para os americanos. O custo da coisa toda foi calculado em 50 trilhões de dólares. Os eleitores decidirão, mas a candidata, uma professora da Harvard que fala exatamente como todas as mestras universitárias de esquerda, prefere um almoço íntimo com Donald Trump a admitir de onde vai tirar o dinheiro. Com razão, pois muita gente tem certeza: dos bolsos sempre violentados da classe média, que nos EUA é sinônimo da maioria de renda mais baixa, mas não pobre. Os impostos sobre fortunas, que já fizeram até o sóbrio Bill Gates estrilar, são uma cortina de fumaça eleitoreira.

O deserto de homens — e agora mulheres — e de ideias levou Michael Bloomberg a atravessar o espaço entre desejo e realidade e pedir inscrição entre os pré-candidatos democratas. Com 50 bilhões de dólares no cofre, no caso dele o espaço é bem curto. As ideias, embora não exatamente brilhantes, pretendem escantear as propostas malucas de Elizabeth Warren e o esgotamento, mental e intelectual, de Joe Biden, ainda o primeiro colocado. O ex-­vice-presidente já deixou cair a dentadura num debate, teve um derrame de vaso sanguíneo no olho em entrevista na televisão e seguidas falhas de memória. Mas a encrenca mesmo é o filho Ronaldinho, o dos contratos superamigos na Ucrânia e na China.

“Nunca atribua a más intenções o que é devidamente explicado pela burrice”, diz uma máxima

Qual a probabilidade de que os americanos encontrem um candidato com a empatia de Barack Obama, a lábia e a produtividade de Bill Clinton (no serviço público, bem entendido) e a capacidade de ativar a economia de Donald Trump? Nenhuma.

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No resto do mundo, a coisa não vai melhor. Angela Merkel e Emmanuel Macron, os dois europeus com PIB e peso intelectual, estão encolhendo em lugar de crescer. Na Espanha, um dos mais promissores políticos dos últimos tempos, Albert Rivera — catalão pela união nacional, centrista, moderno, articulado e ainda por cima bonito — foi esmagado na última eleição. Deixou não só a direção de seu partido, o Cidadãos, mas a política. Boris Johnson treina gestos e discursos de Churchill, cinicamente — sabe muito bem o ridículo da comparação. Só vai ganhar — eleição e Brexit —, se ganhar, porque o rival, Jeremy Corbyn, que faz Elizabeth Warren parecer uma discípula de Adam Smith, está simplesmente implodindo. Políticos importantes não apenas deixaram o Partido Trabalhista por causa de Corbyn como recomendaram o voto em Boris.

“Nunca atribua a más intenções o que é devidamente explicado pela burrice”, prega a máxima conhecida como Navalha de Hanlon (referência à Navalha de Occam, o monge medieval que estabeleceu o princípio lógico da prevalência das soluções simples sobre as complicadas). Quais desses princípios se aplicam ao Brasil, onde um líder que já teve enorme expressão sai da cadeia, onde cumpria pena por corrupção, e prega a violência? Navalha na carne?

Publicado em VEJA de 20 de novembro de 2019, edição nº 2661

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