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A mudança política na Argentina: a receita de Macri

Presidente argentino imprime um estilo que é a antítese de Perón

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 out 2017, 07h00 - Publicado em 21 out 2017, 07h00

No dia 17 de outubro de 1945, uma multidão, que os mais animados acreditam ter sido formada por “milhões de pessoas”, juntou-se na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo da Argentina. Ela pedia a libertação do general Juan Domingo Perón, que fora preso dias antes pelos militares. O calor era tanto que muitos homens tiraram a camisa, dando origem à expressão “descamisados”. O apelo popular deu certo e Perón retornou a seus cargos no governo, entre os quais o de vice-­presidente. Às 23 horas daquele dia, discursou da sacada da Casa Rosada para uma multidão. “Este é o mesmo povo que há de ser imortal, porque não há perfídia nem maldade humana que possam estremecer este povo, grandioso em sentimento e em número”, disse. A partir de então, 17 de outubro tornou-se uma das datas mais celebradas na Argentina, com atos massivos na Praça de Maio. É o “Dia da Lealdade” dos peronistas, que, desde 1983, governaram o país em dois de cada três anos.

Exatos 72 anos depois da apoteose peronista, na terça-feira 17, o único barulho que se ouvia na praça ao cair da noite era o ronco do motor de um ônibus turístico. A Casa Rosada, afinal, é ocupada por um presidente não peronista, Mauricio Macri, que preferiu participar de um ato político mais modesto no Clube Ferro Carril Oeste, na periferia de Buenos Aires, na hora do almoço. Macri discursou em um ginásio de esportes em apoio aos candidatos da sua coalizão, a Cambiemos, que neste domingo, 22, disputa as eleições legislativas. Em uma fala de dez minutos, confirmou ser a antítese de Perón. Frisou, sem um traço de emoção, que não acredita em super-heróis nem em líderes messiânicos. “Os primeiros a acreditar em nós foram os vizinhos de Buenos Aires”, disse Macri.

A troca de “povo” por “vizinhos” no discurso presidencial é sintomática da mudança em curso. Não se vê mais a empolgação das massas. Macri, que assumiu o governo em dezembro de 2015 após obter 51% dos votos no segundo turno, é a exceção em uma longa tradição personalista. Seu rosto nem sequer aparece nos cartazes dos seus candidatos em Buenos Aires. “O que estamos presenciando é a supressão da política como a conhecíamos, uma era pós-ideológica. É difícil acreditar que isso possa vingar em uma sociedade como a nossa”, diz o historiador Fernando Devoto, da Universidade Católica Argentina (UCA). Se completar seu mandato, daqui a dois anos, Macri será o único não peronista a fazê-lo desde Marcelo Alvear, em 1928 — descontados os dois períodos de ditadura (1966-1973 e 1976-1983).

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