À espera da extradição, Mladic visita túmulo da filha
Ex-general acusado de genocídio deixa cela por 20 minutos para ir ao cemitério onde está enterrada a filha Ana, que se matou durante a Guerra da Bósnia
O ex-general Ratko Mladic, preso por genocídio e uma série de outros crimes durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), deixou por um momento sua cela em Belgrado nesta terça-feira para visitar o túmulo de sua filha na capital sérvia. A operação contou com forte esquema de segurança, levou algo mais que 20 minutos e transcorreu sem problemas, segundo o promotor adjunto de crimes de guerra sérvio Bruno Vekaric.
O acusado havia pedido nos últimos dias permissão para ver o túmulo de sua filha Ana, uma estudante que se suicidou aos 23 anos de idade, em 1994, após uma viagem à Rússia, onde, supõe-se, tomou conhecimento dos relatos das atrocidades cometidas pelo exército que o pai comandava. Sua família contesta a versão e afirma que Ana foi assassinada. Mladic expressou o desejo de ser enterrado a seu lado.
Pensão – A defesa de Mladic solicitou que sua família possa dispor da pensão de 900 euros mensais que o ex-general recebia até 2005, mais todo valor acumulado deste então, cerca de 47 mil euros. O advogado Milan Saljic apresentou a solicitação à Justiça sérvia para que o filho do ex-general receba os rendimentos, segundo informa o jornal Politika nesta terça-feira. A Sérvia proibiu em 2005 o pagamento da pensão a Mladic por considerar que esse dinheiro poderia ser usado para financiar sua fuga.
Recurso – A justiça sérvia espera receber nesta terça-feira o recurso apresentado pela defesa contra a extradição de Mladic ao Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), em Haia, na Holanda. A defesa enviou o recurso por correio na tarde desta segunda-feira, em uma tentativa de atrasar a extradição, alegando que o ex-general não está em condições de acompanhar o processo e que sua saúde se deteriorou após a prisão, quinta-feira passada. A chance de convencer o tribunal é considerada remota.
Após a chegada do recurso ao departamento especial de crimes de guerra do Tribunal de Belgrado, um conselho terá o prazo de três dias para tomar sua decisão. No entanto, a previsão é que a resolução saia bem antes, já que autoridades judiciais já decidiram que o detido está em condições de enfrentar o processo. Considerada de risco, a extradição deve ser conduzida em sigilo e só será divulgada após sua conclusão.
(com EFE)