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A aliança improvável que ganha força contra Netanyahu em Israel

Direita, centro e esquerda se unem para acabar com mandato de 12 anos do premiê; mistura de ideologias pode dificultar concretização da coalizão

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 Maio 2021, 10h42 - Publicado em 31 Maio 2021, 10h31

Após quatro eleições e quase dois meses de negociação, uma aliança improvável entre partidos da oposição de direita, centro e esquerda se solidifica contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Israel. Se a frágil coalizão for aprovada, a mudança no balanço de poder colocará fim ao mandato de 12 anos de Bibi, o político mais longevo do país.

A coalizão de oposição que se forma é encabeçada por Yair Lapid, ex-ministro das Finanças e líder do partido centrista Yesh Atid. Desde este domingo 30, também conta com o apoio da legenda ultranacionalista religiosa Yemina, liderada pelo representante atual da extrema-direita no país, Naftali Bennett.

De acordo com a imprensa israelense, o bloco de mudança – como está sendo chamado – ainda contaria com membros de outros dois partidos de direita (New Hope e Yisrael Beitenu), do partido de centro Azul e Branco e de duas legendas da esquerda (Trabalhista e Meretz). Para ser aprovada no Parlamento, a aliança ainda precisaria do respaldo da Lista Unida ou Raam, ambos partidos árabes.

A mistura de ideologias em que se apoia a coalizão pode tornar sua concretização bastante difícil. Mas embora não tenham muito em comum, todos compartilham o desejo de encerrar a era Netanyahu no comando do governo israelense e pôr fim a instabilidade na política israelense após quatro eleições em dois anos.

Yair Lapid, ministro das Finanças que foi demitido depois de divergir do premiê Benjamin Netanyahu
Yair Lapid foi ministro das Finanças, mas foi demitido depois de divergir do premiê Benjamin Netanyahu (Gali Tibbon/AFP)

As negociações

A legenda de Yair Lapid foi a segunda mais votada nas eleições de março depois do Likud, liderado por Netanyahu. Depois que o premiê falhou em sua primeira tentativa de negociar um governo, o líder do Yesh Atid ganhou um mandato para tentar formar sua própria aliança de oposição.

A sorte estava contra Lapida até este domingo, quando Naftali Bennett anunciou suas intenções de unir forças com o político de centro. “Depois de quatro eleições e mais dois meses, foi provado a todos nós que simplesmente não há governo de direita possível liderado por Netanyahu. É uma quinta eleição ou um governo de unidade”, disse o líder do ultradireitista Yemina em um discurso exibido na TV.

O governo de unidade seria organizado com a distribuição dos principais cargos do gabinete entre os partidos que formarem a aliança. O posto de primeiro-ministro seria revezado entre Yair Lapid e Naftali Bennett por períodos iguais.

As negociações para a formação da aliança devem ser concluídas até esta quarta-feira, 2. Caso nenhum acordo seja alcançado até lá, o presidente Reuven Rivlin pode optar por conceder um novo mandato de negociação a um terceiro partido do Parlamento. Ele também poderia dar mais uma chance a Netanyahu. Se um novo governo não for formado até 23 de junho, novas eleições serão obrigatoriamente convocadas.

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‘Traição’

Após o anúncio de Bennett sobre sua intenção de se aliar ao bloco da oposição Benjamin Netanyahu o acusou de “trair” a maioria dos cidadãos que votaram em partidos da direita e alertou para o “perigo” de haver um governo de esquerda.

“Em vez de criar um governo de esquerda perigoso”, quando nesta quarta-feira terminar o prazo de Lapid para formar uma coalizão, “poderíamos formar um governo de direita” com rotatividade no poder junto a Bennett e ao direitista Gideon Sa’ar, do partido New Hope, disse Netanyahu, reiterando a mesma proposta feita nesta manhã e que já foi rejeitada pelo político ultranacionalista.

De acordo com Netanyahu, “isto é muito pouco convencional e bastante distorcido, mas a possibilidade de um governo de esquerda é ainda pior”, insistindo que a maioria dos israelenses votou em um governo de direita porque é “o melhor para a segurança e o futuro de Israel”.

Além da posição de premiê, Netanyahu também pode perder sua imunidade política com o fim de seus 12 anos de mandato. O premiê é réu em três processos por abuso de poder e corrupção, e se agarra ao cargo para escapar da Justiça, estimulando o impasse político que paralisa o país há dois anos.

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Bibi, porém, já foi apelidado de ‘mágico’ da política israelense por sua impressionante capacidade de persuasão e sobrevivência. Exatamente por isso muitos analistas consideram prematuro dar como encerrado o seu reinado de 12 anos.

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