“Quero compartilhar a paixão pela fotografia”
Indicado ao Prêmio Veja-se na categoria Cultura mantém, com dinheiro do próprio bolso, um museu com acervo fotográfico de padrão mundial, em Fortaleza
Encravado no centro de Fortaleza, a quarta cidade com maior número de pobres do país, segundo dados do IBGE de 2011, há um prédio de arquitetura moderna que lembra uma câmara escura e serve de espaço de exposições para um acervo de fotografias de padrão internacional. A história do Museu da Fotografia Fortaleza, inaugurado em março de 2017, teve início há cerca de dez anos, quando o empresário da construção civil Silvio Frota e sua mulher, Paula, que já colecionavam pinturas, compraram uma cópia certificada de A Menina Afegã, retrato icônico feito pelo fotógrafo americano Steve McCurry e imortalizado na capa da revista National Geographic em 1985. Desde então, Frota vem ampliando sua coleção, que já reúne mais de 2.000 imagens originais, muitas delas assinadas por nomes como Henri Cartier-Bresson, Man Ray, Dorothea Lange, Robert Capa e Sebastião Salgado. “A certa altura, quando percebi a riqueza do material no meu acervo e a lacuna cultural na área de fotografia no país, não tive dúvida quanto à necessidade de compartilhar a coleção com o público”, conta Frota. A construção do prédio de três andares, com 2.500 metros quadrados e espaço para expor 400 fotos simultaneamente, começou há três anos. A administração do museu está a cargo do Instituto Paula e Silvio Frota, do qual o empresário é presidente.
O principal objetivo da instituição é valorizar a arte da fotografia e o trabalho dos profissionais por trás das lentes — no Brasil, há apenas o Museu da Fotografia de Curitiba, mantido pela prefeitura. Frota não espera retorno financeiro da empreitada. O valor do ingresso é de apenas 10 reais e, além de não cobrar de menores de 18 anos e de idosos, a equipe é orientada a deixar entrar sem pagar qualquer pessoa que não tenha dinheiro mas demonstre interesse em apreciar as exposições. Mal abriu as portas, o museu já se tornou uma das principais atrações culturais da cidade. A cada mês, 3.000 pessoas visitam o lugar, entre moradores locais e turistas brasileiros e estrangeiros — metade do público é composta de crianças e adolescentes, de longe os maiores beneficiados pela iniciativa. Semanalmente, a equipe do museu vai a quatro comunidades carentes da capital cearense para ministrar oficinas de fotografia a turmas de trinta crianças. Entre outras atividades, elas aprendem a criar e usar câmeras artesanais. As imagens feitas pelos jovens são expostas nas comunidades e, em dezembro, ocuparão as paredes do museu. “Não concluí o ensino superior porque tive de trabalhar desde cedo nas empresas da família. Minha educação foi tardia, por meio da arte. Com o museu, quero compartilhar essa paixão e essa oportunidade com outras pessoas”, diz Frota.
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