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UFC Rio: Anderson Silva lutou com o ombro machucado

Por Silvio Nascimento e Davi Correia
3 set 2011, 09h06

“A princípio, eu não queria lutar aqui, preferia ficar ajudando o Minotauro e o Erick Silva. Mas foi muita insistência e acabei aceitando Achei que teria dificuldade para treinar. Mas consegui manter a rotina treino-casa, casa-treino.”

Uma semana depois de vencer a revanche contra o japonês Yushin Okami no UFC Rio e assegurar o cinturão da categoria peso-médio, Anderson Silva ainda está agitado, da mesma forma como os fãs, que se acotovelam em qualquer lugar por onde o campeão passa, à caça de um autógrafo, uma foto, um simples cumprimento. “Já encarei muita torcida, até me vaiando. Mas nunca lutei com uma torcida dessa a meu favor, como no Rio. Foi muita adrenalina.” Além do que a luta lhe rendeu uma boa bolsa, pouco mais de 1 milhão de dólares, como adiantou a coluna Radar.

Em conversa com Veja.com em São Paulo, contou que entrou no octógono carioca com uma lesão no ombro – o que deve deixá-lo longe das lutas por alguns meses – e que é contra a venda de bebida alcoólica dentro das arenas. Sempre descontraído – entrou na sala cantarolando e ensaiou rápidos passos de dança -, Anderson fica mais sério ao comentar como venceu o japonês Okami e ao falar da luta de Rodrigo Minotauro, que venceu Brendan Schaub. “Fiquei mais nervoso com a luta dele que com a minha. Acompanhei toda a trajetória, os treinos, e sei o quanto foi difícil para ele.” E ainda falou que inicialmente não queria lutar no UFC Rio, porque tinha receio de não conseguir treinar com a intensidade necessária.

Você fez alguma preparação especial para o UFC Rio? Fiz meu treino normal (boxe tailandês, boxe, jiu-jitsu e wrestling), mas a parte que mais dei ênfase foi na parte em pé. Treinei o que achei que estava com um pouco de dificuldade. Teve alguma surpresa na luta? O Yushin Okami estava muito forte. Quando ficamos perto da grade, no primeiro round, senti que ele estava bem forte. Mas eu também estava bem preparado. Por que você não foi para cima dele na primeira queda? Todo mundo pensa que eu podia acabar a luta ali, mas não entenderam direito. Ele caiu, mas estava ciente do que acontecia, apesar de parecer tonto. Eu sabia que o juiz ia obrigá-lo a levantar e ele ainda estaria tonto. Sabia que teria uma nova chance de ir para cima. Você lutou com ele 100% fisicamente? Na verdade não. Um mês antes da luta, machuquei meu ombro lutando com o Junior Cigano. e entrei no Rio com dor. Tive de tomar antiinflamatório e avisar a comissão técnica sobre o medicamento que tomei.

O campeão de peso médio, Anderson Silva, acerta o japonês Yushin Okami, durante o UFC Rio de Janeiro
O campeão de peso médio, Anderson Silva, acerta o japonês Yushin Okami, durante o UFC Rio de Janeiro (VEJA)
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Como foi essa lesão? Conversei muito com meus médicos. Fiz uma ressonância logo depois que comecei a sentir a dor no ombro e os médicos me liberaram, disseram que não era nada muito grave.É uma lesão pequena, acho que nos músculos do manguito rotador, mas que incomoda, vou ficar um tempo em repouso para fazer o tratamento. A luta aconteceu como você planejava? Sim, tudo perfeito. Treinei muito chute, e consegui aplicar dois golpes no final do primeiro round – ele quase caiu. Treinei muito boxe, joelhada. Consegui realizar tudo que treinei. O que você sentiu no final da luta? Poxa, me senti com a sensação de missão cumprida. Graças a Deus deu tudo certo. Mas estava mais apreensivo com a luta do Minotauro. Depois que ele ganhou, minha luta poderia ter qualquer resultado. Estava muito treinado para não ser surpreendido pelo japonês. Qual foi sua tática? Minha estratégia era começar trocando de base e me movimentar para evitar que ele me agarrasse pelas pernas ou cintura. No segundo round, o plano era imprimir um ritmo mais forte para confundi-lo. E depois fazer o meu jogo. Sentiu pressão por lutar no Brasil? A princípio, eu não queria lutar aqui, preferia ficar ajudando o Minotauro e o Erick Silva. Mas foi muita insistência e acabei aceitando Achei que teria um pouco de dificuldade para treinar. Mas consegui manter a rotina treino-casa, casa-treino. Quantos golpes você levou de Okami? Foram dois socos ‘à distancia’, dois de curta e duas joelhadas.

Você domina bem a distância em relação ao adversário. É porque sou alto e canhoto, aí complica um pouco. Treinei bastante os jabs para medir a distância. Também queria induzir o Okami a jogar o direto. Mas ele foi muito inteligente, e ficou só estudando.

E você também ficou trocando a perna de apoio. Quando um canhoto luta contra outro canhoto, os golpes mais fortes ficam iguais. E toda vez que ele jogava o direto minha cabeça saia mais rápida que a dele. Foi mais uma tática para tentar confundi-lo. Por que você baixa a guarda quando percebe que está bem na luta? Às vezes as pessoas pensam que sou prepotente fazendo isso. Mas tem golpes que não podem ser ‘lidos’ se as mãos estão abaixadas. Treino com as mãos baixas aumentam o reflexo dá mais velocidade aos golpes. É mais difícil o adversário ver qual será o golpe quando a mão está embaixo. Foi por isso que consegui derrubar o Yushin no primeiro round. Se eu tivesse com as mãos para cima e golpeado ele teria defendido. É um estilo que acaba confundindo o adversário. Sempre no começo da luta procuro o ponto de segurança – onde consigo ficar com a guarda baixa, mas não sou golpeado. Você pediu ao Dana White que o Minotauro lutasse no Rio? Eu apenas reforcei o pedido dele. Disse que o Minotauro nunca havia lutado no Brasil e que seria bom para todos. Insisti mais para que o Minotouro, irmão gêmeo de Minotauro, lutasse, mas ele se machucou.

O campeão de peso médio, Anderson Silva, acerta o japonês Yushin Okami, durante o UFC Rio de Janeiro
O campeão de peso médio, Anderson Silva, acerta o japonês Yushin Okami, durante o UFC Rio de Janeiro (VEJA)
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Como foi ver o Minotauro vencer novamente? Eu estava feliz por ele, eu o vi depois da operação, estava ruim. Todo mundo pensava que ele não ia se recuperar. Por isso foi muito legal ver a luta. Tenho uma relação de irmão com ele. Temos uma relação de família. Fiquei mais feliz com a luta dele do que com a minha. Pensou que ele poderia perder? Não. Acompanhei toda a recuperação dele, sbia que estava bem. Só não achava que conseguiria um nocaute. Pensamos que ia levar a luta para o chão e finalizar. Um mês antes do confronto, ele estava finalizando os vinte faixas preta da academia. Não tínhamos dúvida que se fosse para o chão a luta era dele. Você vai ajudar na preparação do Júnior Cigano, que enfrenta o campeão peso-pesado Cain Velásquez, em novembro? Tenho que ver como estará minha agenda.. Como você avalia o comportamento da torcida no Rio? Alguns amigos me falaram que aconteceram coisas ruins, mas não vi. Depois da luta, o Dana White me disse que ficou apreensivo. Em todos os eventos alguém arremessa alguma coisa, mas uma revista, ou garrafa, pode machucar uma pessoa. É preciso se acostumar mais com o esporte, muito diferente do futebol.

Você é contra vender bebida alcoólica dentro da arena? Sim, não combina com luta, e lá todo mundo estava bebendo. Não é um ambiente para vender bebida alcoólica. Muita gente sai da arena nervosa, com muita adrenalina, por causa das lutas. O Ronaldo, por exemplo, me falou que saiu da arena com vontade de lutar. Imagina quantas pessoas saíram com a adrenalina da luta e ainda por cima alcoolizadas? Eu não bebo e sou contra vender bebidas alcoólicas nas arenas. Quando será sua próxima luta? Eu ia lutar no evento de novembro. Mas por causa da lesão não vou poder. Como foi gravar os comerciais que fazem gozação da sua voz? Foi muito legal, já sofri muito com isso, mas agora não mais. Foi bem engraçado. Aceitei fazer na hora e me diverti muito. Já conhecia a música e sabia que ia ser engraçado. Para quem foi o refrão “jamais serão” (do filme Tropa de Elite) ao final da luta contra Okami? (risos) Para várias pessoas, mas para os gringos principalmente. Leia também:

– UFC Rio: festa brasileira (e uma torcida enlouquecida)

– Imagens da lutas do UFC Rio – Imagens: Anderson Silva, dos campos de futebol para os ringues

– Imagens: Anderson Silva em treinamento no Rio de Janeiro – Anderson Silva, nascido para ser super-heroi

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