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Tite assume seleção e cita ‘autonomia’ na relação com Del Nero

Treinador negou incoerência ao aceitar cargo meses depois de pedir a renúncia do presidente da CBF

Por Da Redação
20 jun 2016, 18h33

A CBF apresentou na tarde desta segunda-feira, na sede do Rio de Janeiro, o novo técnico da seleção brasileira, Tite, o coordenador de seleções, Edu Gaspar, ex-dirigente do Corinthians, e a nova comissão técnica formada por Cleber Xavier e Matheus Bachi, filho de Tite – ambos também trabalharam com o treinador na equipe paulista. Com a demissão de Dunga na semana passada, após a eliminação na Copa América, Tite já havia sido confirmado no comando da equipe nacional pelo próprio presidente do Corinthians, Roberto de Andrade.

O presidente Marco Polo Del Nero iniciou a entrevista coletiva dando uma camisa da seleção brasileira a Tite, com o nome de Dona Ivone, em homenagem à mãe do treinador. O gaúcho de 55 anos agradeceu o cartola com um caloroso abraço. No fim do ano passado, o técnico havia assinado um manifesto que pedia a renúncia do cartola da CBF.

Em sua primeira entrevista à frente da seleção, Tite foi questionado, logo na primeira pergunta, sobre seu apoio à saída de Del Nero. “A minha atividade, e o convite que me foi feito, foi para ser técnico da seleção. Entendo que essa é a melhor contribuição que eu posso dar. Mantenho a mesma opinião, em relação à democratização, modernização, transparência, é isso o que eu penso, não do futebol, mas da vida. Esse é o legado que eu quero deixar e meu trabalho prova isso”.

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Sobre alguns jogadores que não foram convocados por causa de problemas com Dunga, como Marcelo, Jefferson e Thiago Silva, Tite disse, sem citar nomes, que a situação será diferente. “Passaremos uma borracha em situações passadas. A partir de agora, a relação é comigo e com o que estabeleço ser importante”. Em relação à Neymar, o treinador deixou em aberto se ele continuará como capitão. “Não adianta eu falar agora como vai ser a relação. Eu acredito que o lado humano potencializa o lado profissional. O que eu posso assegurar é que todos, inclusive o Neymar, querem o bem da seleção. Compete a nós encontrar o melhor caminho e eu começo esse trabalho agora”.

O treinador revelou que viajará na terça-feira para os Estados Unidos, onde assistirá a semifinal da Copa América Centenário entre Colômbia e Chile para analisar a equipe colombiana, segunda adversária do treinador nas Eliminatórias da Copa de 2018. O Brasil enfrentará o Equador, em 2 de setembro, em Quito, e Colômbia, dia 6, em Manaus.

As principais declarações de Tite:

Incoerência? – O convite me foi feito foi para ser técnico da seleção. Entendo que essa é a melhor contribuição que eu posso dar. Transparência, democratização, excelência, modernização, esse é o legado que eu quero deixar e meu trabalho prova isso. Quando houve o convite para a conversa e nós não acertamos, houve dois aspectos fundamentais: autonomia e busca pela excelência e melhora do futebol. É isso que eu sei fazer, e aí que eu posso ajudar, no campo. Mantenho a mesma opinião, em relação à democratização, modernização, transparência, é isso o que eu penso, não do futebol, mas da vida.

Legado de Dunga – É precipitado falar, mas dá para aproveitar sim. Dentro dos meus critérios, mas claro que se aproveita. Aos 55 anos, eu sou um técnico em formação. Tenho de aprender e melhorar com os acertos dos outros e vou buscar esse legado das coisas boas que aconteceram.

Risco – O foco é a classificação para o Mundial e nós não estamos nessa zona. Corre-se o risco de ficar fora da Copa, claro. Se não aceitarmos esse risco, estaríamos fugindo da realidade. Mas existe uma qualidade e uma possibilidade de busca de crescimento. Equipes se montam, se formam e crescem. Eu tenho essa experiência nos clubes e também vejo assim em seleções.

Neymar – Não adianta eu falar agora como vai ser a relação. Eu acredito que o lado humano potencializa o lado profissional. O que eu posso assegurar é que todos, inclusive o Neymar, querem o bem da seleção. Compete a nós encontrar o melhor caminho e eu começo esse trabalho agora.

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Espera – O ideal seria começar o trabalho do início, mas o ideal não acontece, essas são as circunstâncias. Eu fiquei em 2014 sentado numa poltrona esperando, mas não aconteceu, a vida é assim. A oportunidade veio agora. De uma forma até vaidosa, eu diria que aceitei o convite pela chance de encerrar a minha carreira na condição de ter sido técnico da seleção. Era um objetivo pessoal e talvez meu melhor momento profissional. Tive a coragem de assumir em um momento tão importante.

Gaúcho – Eu não acredito na escola gaúcha de técnico, mas na escola brasileira. E há vertentes bem distintas: uma que premia a posse de bole, a triangulação, e outra que valoriza a bola longa e o contato físico. Minha escola seria mais a primeira, na linha de Telê Santana e Ênio Andrade.

Edu Gaspar – Quem sugeriu a contratação do Edu não fui eu. Não deu cinco minutos de reunião e o presidente sugeriu o seu nome. Eu vim apenas para ouvir qual era o modelo que a CBF pensava.

Identidade – O time não tem de ter a cara do Tite, mas do Brasil e dos atletas. Seria muito pretensioso querer que o time tenha a minha cara. Quero um sistema que potencialize o talento dos aletas. Quero triangulações, troca de passes e transições rápidas, além da qualidade técnica. O time perde a bola e tenta retomá-la, pode ser com pressão baixa ou alta. E quero uma organização de bola parada consistente.

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Dia a dia – A realidade é diferente entre seleções e clubes. Aliás, adianto uma informação: pedirei aos clubes que me deem a chance de assistir seus treinamentos para ouvir dos técnicos as características de seus jogadores e de que forma podem atuar. Quero estabelecer essa relação com os técnicos e jogadores. Minha reciclagem passa por isso.

Amarelinha – A história da seleção inspira e faz o joelho balançar. É extraordinária. Me lembro de 1970, ouvindo com oito anos no rádio, o Tostão recebe, lança com o lado externo do pé, para o Clodoaldo, que faz o gol. Eu saí pulando, feliz da vida. Lembro também da Copa de 1982, que me marcou pela beleza. Sócrates, Falcão, Cerezo, Zico. Sou fascinado por meio-campistas.

Vaidade – Eu já tive esse lado da vaidade e da ostentação, mas hoje não tenho mais. Não sou simplório ou humilde, mas sou um cara simples, de hábitos simples, e não vou mudar meu jeito.

Geração – Temos grandes atletas, jogadores com qualidade técnica e individual e, mais importante, com capacidade de crescimento, evolução e amadurecimento. Essa geração é assim. Além do Neymar, que é o astro, tem vários atletas com muito potencial de crescimento.

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Capitão – Já trabalhei com a ideia da troca de capitania. Podemos divergir de ideias, é da vida. Todos tem uma responsabilidade em cima do desempenho, essa é a grande marca de uma equipe de futebol. Existem vários perfil de liderança: a técnica, a comportamental, o jogador que é exemplar no aspecto disciplinar. Eu quero fomentar o sentimento de que a vitória de um é a vitória de todos. Ontem assisti à final da NBA e um toco do LeBron James determina a cesta do Irving. Isso é o senso de equipe, tanto no clube quanto na seleção.

Reação – Foi um turbilhão, sou um ser humano, tenho os mesmos sentimentos que vocês têm e por condição da vida, de me preparar dia a dia. Não imaginei ser técnico da Seleção, não planejei, faço meu melhor a cada dia. Estabeleço metas a curto e médio prazo, aprendi que futebol é assim. Daqui a um, dois ou três anos vai ser outro profissional. Não sou melhor que ninguém

Mãe – Hoje de manhã, quando assinei o contrato, liguei para minha mãe e disse: ‘Seu filho é o técnico da seleção brasileira’. Ela começou a chorar e me deu bênção.

(Da redação)

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