O disparo que atingiu o palmeirense Roberto Vieira de Castro Filho, no entorno do Estádio Eduardo José Farah, o Prudentão, horas antes do início do clássico deste domingo entre Palmeiras e Corinthians, provavelmente partiu da Polícia Militar. Em vistoria no local, na manhã desta segunda-feira, foram encontrados estojos de munição real que aparentemente seriam de espingarda calibre 12, armamento policial.
‘A perícia está apurando esses vestígios para subsidiar o inquérito que foi instaurado’, disse o Tenente César, responsável pelo efetivo de 438 policiais destacados para fazer a segurança da partida de ontem. ‘Se, de fato, for esse calibre, quase certeza de que terá sido da PM. Caso se confirme, houve erro de procedimento, porque devemos atuar com munição de borracha e granadas de efeito moral em eventos como esse’.
A partir dos estojos recolhidos pelos peritos, será possível identificar de qual arma os projéteis foram disparados. Além de Castro Filho, que passou por cirurgia no domingo e segue internado em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Regional, Lucas Alves Leso foi atingido na perna, mas apresenta quadro clínico estável e terá alta hospitalar na quarta.
Os dois palmeirenses são sócios da Mancha Verde, maior torcida organizada do Palmeiras, e têm 21 anos. Alves Leso mora em São Paulo, ao passo que Castro Filho é de Itapetininga (SP) e já recebeu a visita da mãe, que veio do Recife a Presidente Prudente, na manhã desta segunda-feira. A bala atingiu a parte de baixo do glúteo do torcedor, que foi levado ao hospital, perdeu seis litros de sangue e foi operado por três cirurgiões diferentes (clínico, vascular e ortopédico).
‘Ele realmente ficou nas últimas, mas o pior já passou, está estabilizado. Ele ainda corre risco e depende de sua reação nas próximas 48 horas’, comentou o gerente administrativo do Palmeiras, Sérgio do Prado, que remarcou seu voo de volta à capital paulista para esta tarde a fim de prestar assistência ao torcedor, juntamente com alguns funcionários da prefeitura da cidade.
O tiroteio teve início depois que palmeirenses e corintianos começaram a se provocar próximo ao portão azul do estádio. A Polícia Militar interveio para impedir confronto entre as torcidas. Exceto por esse caso isolado, o clima na cidade interiorana foi de paz antes e depois da partida.