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Sonhos de um recordista das piscinas

Campeão de medalhas dos Jogos Mundiais Militares, o nadador Gabriel Mangabeira relaxa, nas horas vagas, olhando um painel com fotos de Londres

Por Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro
25 jul 2011, 10h24

“Estamos em ascensão, acredito que o Brasil vai ser uma potência da natação em breve”

Quando se sente muito pressionado ou estressado, o nadador Gabriel Mangabeira, de 29 anos, vai para casa e fica olhando para um painel que montou em sua sala, com imagens das instalações, especialmente das piscinas, onde acontecerão as provas das Olimpíadas de Londres, no ano que vem. Diante das fotos, ‘viaja’ e se vê nadando nas Olimpíadas. Visualiza o mergulho, as braçadas, as pernadas, as viradas e o tempo que vai marcar. Entra quase em estado de meditação. “Essa visualização me ajuda a ficar concentrado nos meus objetivos, e o maior deles é Londres”, explica Mangabeira, recordista no número de medalhas dos Jogos Mundiais Militares com cinco de ouro, nos 50m e 100m borboleta, 50m e 100m costas e no revezamento 4 x 100m medley, e uma de prata, no revezamento 4 x 100m livre.

A única atleta que se aproximou dele foi a nadadora chinesa Liuyang Jiao, com quatro ouros e uma prata. Medalha de prata nos 200m borboleta nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, Liuyang foi uma das poucas atletas a se dividir entre duas competições importantes. Enquanto a maioria dos brasileiros que nadaram nos Jogos e conquistaram, juntos, 30 medalhas, foram os que não se classificaram para o Mundial de Desportos Aquáticos de Xangai, a chinesa nadou no Rio e em seguida enfrentou um voo de 30 horas para cair de novo na piscina em seu país natal – a exceção no Brasil é Tales Cerdeira, que ganhou a vaga, mas abriu mão do Mundial de Xangai para disputar os Jogos Mundiais Militares.

Já classificado para o Pan-Americano de Guadalajara, Mangabeira preferiu transformar a decepção de não ter conseguido o índice para Xangai em força nos treinamentos para os Jogos Mundiais Militares. “Nadei as seletivas do Mundial em maio, no Maria Lenk, e a partir daí pude fazer os ajustes que precisava na minha preparação para o Rio 2011. Treinei bastante para chegar aqui e fazer essas provas. Tanto que, em todas as minhas provas, não só ganhei medalhas como fiz minhas melhores marcas pessoais no ano”, conta ele, que no domingo foi o escolhido para fazer uma homenagem aos voluntários dos Jogos durante a cerimônia de encerramento, no Engenhão, vestido com uniforme do Exército.

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Sargento desde 2009, Mangabeira acredita que a rotina disciplinada que o atleta é obrigado a ter ajuda na adaptação ao mundo militar. Ainda assim, algumas habilidades ensinadas no treinamento de sargentos foram novidades absolutas em sua vida. “Nunca tinha me imaginado atirando de fuzil para acertar um alvo a 400 metros. Os únicos tiros que havia dado até então foram de 25, 50 ou 100 metros”, brinca, referindo-se a treinos de natação: “Mas foi um orgulho ajudar o Brasil e retribuir o carinho com que o Exército me acolheu, a força com que me apoiou a mim e a outros nadadores, em treinos e viagens de preparação”.

O nadador carioca transformou os Jogos Mundiais Militares em mais uma etapa de sua preparação para Londres. Em 2000, Mangabeira ficou a 14 centésimos de segundo do índice para Sydney. Passou os quatro anos seguintes trabalhando para não repetir a situação. Em Atenas (2004), chegou à final dos 100m borboleta, terminando em sexto lugar. Também conseguiu índice para Pequim, em 2008, e no Mundial de Roma, em 2009, ficou em oitavo nos 100m borboleta e em quarto no revezamento 4 x 100m medley. “Conseguir o índice para Atenas foi muito marcante, porque é nesses momentos que você deixa de ser uma promessa para virar realidade. Depois, quando fiz a final, foi mágico. Todo nadador sonha com uma final olímpica. Mas antes disso, quando o índice para Sydney escapou… São essas horas que definem que tipo de atleta você é”, analisa.

As medalhas nos Jogos Mundiais Militares marcam um novo momento na carreira do atleta. “O brasileiro gosta de ter alguém com que possa se identificar no alto do pódio, então a repercussão dessas cinco medalhas de ouro está sendo ótima”, diz ele, que nem pensa em descanso em celebrações. “Eu tenho o índice para o Pan de Guadalajara nos 100m borboleta, então os jogos acabaram e nesta segunda eu começo tudo de novo. A preparação é contínua, e ainda tenho que buscar o índice para Londres. Comemoração, só depois que as Olimpíadas acabarem”.

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Mas uma coisa ele já está comemorando: a evolução da natação brasileira. Para Gabriel, a performance dos nadadores brasileiros nos Jogos Mundiais Militares não chegou a ser uma surpresa. “Estamos em ascensão, acredito que o Brasil vai ser uma potência da natação em breve. Talvez não como Estados Unidos e Austrália, que estão um patamar acima, mas como França e Rússia, por exemplo, que estão sempre conquistando medalhas nas grandes competições internacionais. Além disso, viver do esporte hoje é bem melhor do que há cinco anos. Com essa sequencia de Pan, Jogos Militares e Olimpíadas, o governo e as empresas percebem a importância do esporte. Você não fica rico, mas consegue viver”.

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