Dos 13 são-paulinos que participaram da vexatória derrota por 5 a 0 para o Corinthians no ano passado, apenas um será titular no clássico deste domingo, primeiro Majestoso no Pacaembu desde aquele histórico 26 de junho. O volante Wellington, que passou pelas categorias de base alvinegras antes de vestir a camisa tricolor, ‘sobreviveu’ à reformulação promovida pelo clube.
Jean, Xandão, Carlinhos Paraíba, Marlos, Dagoberto, Ilsinho e Henrique – os dois últimos entraram no segundo tempo – já não estão mais no Morumbi. Rogério Ceni, Luiz Eduardo, Rodrigo Caio, Bruno Uvini e Fernandinho, titulares naquela partida, seguem no Tricolor, mas não serão escalados. O goleiro-artilheiro começaria jogando se não estivesse em recuperação de cirurgia no ombro, mas nenhum dos outros quatro tem tanta moral com o técnico – que já não é mais Paulo César Carpegiani, mas Emerson Leão – quanto Wellington.’Wellington é um jogador de alto rendimento, corre o tempo todo e não reclama nunca. É um dos pilares do nosso time’, elogia o comandante, que não quis correr o risco de ficar sem o camisa 5 para o clássico e resolveu poupá-lo do jogo contra o Comercial, na quinta-feira, para evitar o terceiro cartão amarelo.
O jovem de 20 anos, que havia disputado todas as cinco partidas da temporada até então, está tão em alta no meio-campo que Leão descartou utilizá-lo improvisado na lateral direita, posição que já ocupou algumas vezes na carreira e que poderia não ter o titular Piris à disposição – o paraguaio, porém, se recuperou de contratura na coxa e vai para o jogo.
Até a titularidade de Fabrício, volante que a diretoria trouxe para ajudar a mudar a postura apática do time, está ameaçada. ‘Wellington é um jogador jovem que vai brigar de igual com o retorno do Fabrício’, avisou Leão, lembrando que o ex-cruzeirense ainda não estreou por causa de uma tendinite no tornozelo.
Passado alvinegro
Wellington deu seus primeiros chutes quando tinha cerca de dez anos, justamente no Corinthians. Sem condição financeira para ir e voltar do Parque São Jorge, o garoto contou com a ajuda de um amigo da família para ficar por quatro anos nas categorias de base alvinegras.
Em recente entrevista à Revista Oficial do São Paulo, o volante relatou que sofria preconceito quando vestia a camisa do rival. ‘Muitas vezes a gente (ele e a mãe, Dora) voltava caminhando debaixo de chuva do estádio até a estação de metrô e os outros meninos passavam de carro e buzinavam para a gente, sem oferecer carona, como que zombando por estarmos todos molhados’, contou.
Aos 14 anos, Wellington se transferiu para o São Paulo e passou a morar no Morumbi. Pouco depois, foi para o CT de Cotia e mudou suas características: meia armador e camisa 10 nos tempos de Corinthians, se transformou em volante na equipe tricolor. Profissional desde 2008, ele ganhou o status de titular em 2011 e está em alta como nunca no time atual.