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Seminário da Copa em SP tem indefinição sobre estádio, ameaça velada de ministro e jogo de cena do Corinthians

Queixa de moradores sobre impacto da obra em Itaquera irrita presidente do clube, que se diz favorável a mudança de local - mas é só estratégia, é claro

Por Davi Correia
6 Maio 2011, 15h28

Por trás da declaração inusitada de Sanchez está a estratégia do dirigente de assegurar apoio financeiro para construir um estádio com capacidade maior

Autoridades envolvidas na organização da sede paulista da Copa do Mundo de 2014 se reuniram na manhã desta sexta-feira para discutir o andamento das obras. Em reunião na Assembleia Legislativa de São Paulo, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, dividiram o palco do seminário com representantes do prefeito Gilberto Kassab e do comitê paulista para a Copa. Só faltou falar sobre o mais importante: quando começarão as obras do estádio do Corinthians, em Itaquera, escolhido para receber a abertura da Copa.

A indecisão sobre o começo da construção do estádio é tanta que Orlando Silva falou abertamente na possibilidade de troca da cidade escolhida para a abertura, indicando possíveis alternativas caso São Paulo não resolva sua situação. O ministro citou Salvador, Brasília e Belo Horizonte como cidades dispostas a conseguir a vaga, mas deixou claro que prefere que o evento seja realizado na capital paulista. “Não foi apenas uma vez que eu falei com os responsáveis pelas obras no estádio e eles me responderam que começarão nos próximos dias. Espero que os ‘próximos dias’ sejam, de fato, os próximos”, cobrou o ministro. Mesmo depois de driblar as discussões mais detalhadas sobre a construção do estádio, os participantes do seminário acabaram enfrentando outro questionamento – as dúvidas sobre o impacto do projeto, que será erguido na Zona Leste da capital paulista. Durante o evento desta sexta-feira, tiveram de lidar com a pressão dos moradores que poderão ser prejudicados com as obras. Falou-se, por exemplo, sobre a preocupação com as desapropriações necessárias para construir o estádio – muitos pediam que os moradores não fossem desalojados para que o estádio seja erguido. De acordo com alguns moradores da região, porém, a discussão veio tarde demais. Pelo menos trinta deles estavam presentes para pressionar as autoridades – e alguns chegaram a acusar a prefeitura de cometer irregularidades para limpar a área necessária para a obra. “Eles chegam com uma carta dizendo que a casa tem risco de desabamento, mas não existe nenhuma rachadura e ninguém mostra nenhum estudo sobre isso. E isso não aconteceu com apenas uma pessoa, são pelo menos cinquenta famílias prejudicadas”, disse um morador. Jogo de cena – As queixas dos moradores deixaram o presidente do Corinthians irritado. Andrés Sanchez pegou o microfone e ofuscou o resto da bancada, cheia de deputados querendo discursar. O cartola disse não ter qualquer culpa pelos problemas. “Em toda obra existem aqueles que saem chorando.” Sanchez voltou a dizer que não negociou a arena para receber a abertura da Copa, mas sim, para servir exclusivamente ao Corinthians. “A ideia inicial era um estádio para 48.000 pessoas. Se os moradores forem contra a construção de uma arena para a abertura, eu vou apoiá-los.” Por trás da declaração inusitada está a estratégia do dirigente de assegurar apoio financeiro para construir um estádio com capacidade maior (pelo menos 60.000 pessoas, como manda a Fifa) sem arcar com os recursos adicionais para essa ampliação. O Corinthians espera receber facilidades na obtenção do dinheiro necessário para aumentar o projeto e adequá-lo às exigências do comitê organizador. O argumento de que o projeto original do estádio não tem nada a ver com a Copa também não convence. Prometido há décadas pelos dirigentes corintianos, o estádio só começou a sair do papel em função de um quadro favorável, propiciado pela Copa. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, torcedor do Corinthians, costurou a aproximação com a empreiteira Odebrecht enquanto ainda estava no cargo – e num período em que a Fifa reprovava o projeto do Morumbi e descartava o estádio do São Paulo para a Copa. A Odebrecht diz que vai recuperar o investimento através da exploração dos naming rights da arena, que será batizada com a marca de alguma empresa privada. A escolha do estádio para a Copa transformou essa transação num negócio potencialmente muito mais lucrativo.

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