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Roberto Dinamite quer ‘vitória tripla’ sobre o Flamengo

Ídolo do clube e maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro, presidente do Vasco critica nomeação de Andrés Sanchez para a CBF e prega transparência na gestão do futebol

Por Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
4 dez 2011, 11h55

“O grande jogo da minha vida foi o da minha volta ao Maracanã, do reencontro coma torcida depois de uma passagem não muito boa no Barcelona (em 1980). Eu não tinha noção de que poderia chegar ao Maracanã e, diante do Corinthians, que tinha um grande time, e marcar cinco gols. Foi um daqueles dias em que tudo dá certo. Não tem como explicar e essa é a magia do futebol. Se eu pudesse diminuir o número de gols daquela partida e passar para os jogadores do Vasco agora…”

A dois dias do fim, o Campeonato Brasileiro da série A continua rendendo polêmicas. A principal delas diz respeito à nomeação de Andrés Sanchez, atual presidente do Corinthians, para diretor de Seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) às vésperas da definição do campeonato. Das pessoas que reclamam da ligação bastante próxima do corintiano com Ricardo Teixeira, presidente da CBF, está Roberto Dinamite, atual mandatário e maior ídolo da história do Vasco. Em entrevista ao site de VEJA, o presidente do clube carioca fala sobre a última rodada do Brasileirão. “Eu achei errado, inoportuno. Pelo momento do campeonato, ele não podia aceitar. Deveria esperar o fim do campeonato”, afirmou Roberto, com autoridade de maior artilheiro da história da competição, com 190 gols. Dinamite ainda questiona a clareza das negociações entre os cartolas da entidade máxima do futebol brasileiro e do timão.

“Eu falei para o Andrés que transparente a gente tem que ser sempre, não é só agora. Transparência, no meu ponto de vista, seria ele dizer que no momento não podia assumir o cargo porque está presidente do Corinthians. A partir de janeiro eles podiam voltar a conversar. Ou você acha que essa decisão foi tomada agora? Eles não conversaram anteontem, decidiram ontem e divulgaram hoje”, se queixa.

Roberto também é voz dissonante no que diz respeito à decisão da CBF de marcar todos os grandes clássicos regionais para a última rodada do Brasileirão. Para ele, a decisão poderia trazer problemas para as populações de Rio e São Paulo, Estados com maior número de times na competição. “Como seria o final de semana do cidadão carioca se os quatro clubes do Rio estivessem disputando o título? E se fosse com São Paulo, Santos, Corinthians e Palmeiras? É uma hipótese, mas tem que ser analisada e revista”, ponderou o dirigente.

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Apesar das reclamações, Roberto é só alegria pelo “momento único que o Vasco está vivendo”. Diz que em toda carreira de 22 anos de futebol – 21 deles defendendo o cruzmaltino – não houve temporada tão gloriosa como a de agora o seu time. O desfecho perfeito, em sua opinião, é a conquista do Campeonato Brasileiro em cima do arqui-rival, mesmo que o rubro-negro esteja fora da disputa do título. “Vai ser uma vitória dupla ou tripla, porque você chegar ao título de campeão brasileiro frente a um adversário que é sempre difícil, muito ferrenho, é muito saboroso”, aposta Dinamite, que também prega o respeito ao adversário. “Eles estão aí na busca por uma vaga na”, completa. Leia trechos da entrevista:

Ídolo da torcida do Vasco, Roberto Dinamite é o maior goleador do Campeonato Brasileiro: 190 gols. O ex-jogador venceu o torneio uma vez, em 1974
Ídolo da torcida do Vasco, Roberto Dinamite é o maior goleador do Campeonato Brasileiro: 190 gols. O ex-jogador venceu o torneio uma vez, em 1974 (VEJA)

Qual é a sensação de poder ser o único homem do esporte nacional campeão brasileiro como jogador (em 1974) e como presidente de clube?

É a melhor possível. A adrenalina vai estar lá em cima, mas ao mesmo tempo com os pés bem no chão, para que como dirigente eu possa dar todas as condições para os jogadores de fazer o seu melhor dentro de campo.

Depois de um 2011 em que o Vasco foi campeão da Copa do Brasil, chegou à semifinal da Sul-Americana e chega à última rodada do Campeonato brasileiro com chances de ser campeão, você pode dizer que foi o melhor ano da história do clube?

O dever está cumprido? Não. Eu quero, os jogadores querem, a comissão técnica, a torcida, todo mundo quer o título. O trabalho está aí, está claro para todo mundo. O Vasco foi campeão da Copa do Brasil, saiu na semifinal da Sul-Americana, e está na “final” do campeonato brasileiro. Eu nunca vivi um momento deste como jogador em 20 anos de carreira pelo Vasco, e não me lembro do último ano que o Vasco tenha conseguido essa façanha. Esse momento é único e a gente tem que focar muito no momento. É a hora do Vasco! Eu vivi essa sensação na Copa do Brasil. Foi muito gostoso, maravilhoso, mas o momento agora vai ser maior ainda porque é diferente ser campeão do Brasileirão, que é o campeonato mais importante para nós brasileiros. E eu quero isso, vou buscar isso, junto com todo mundo, é claro. Você pega o gosto de uma conquista, e quer mais, mais, mais…

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Mais uma vez o Flamengo cruzou o destino do Vasco em uma decisão. O que acha dessa “final” indireta?

Eu fui o jogador que mais jogou esse clássico e sei o que representa isso. Se o Flamengo estivesse lá embaixo e o Vasco por cima ou vice-versa sempre haveria uma motivação a mais que igualaria tudo. Eles estão aí na busca por uma vaga na Libertadores e a gente sabe que eles não vão dar mole. Nosso time vai ter que entrar com muito empenho, coração, mas também equilíbrio; porque do outro lado não vai ser diferente. E isso deveria ser referência para o futebol brasileiro. Em nenhum momento você vai ter o Flamengo facilitando para o Vasco ou o nós facilitando para eles.

De tantos Flamengo X Vasco disputados qual é o seu inesquecível?

Este. Este para mim é o que vale. Os que eu vivi foram ótimos, ficaram na lembrança, mas estão no passado. Este é o que vale tudo agora para mim.

Assista aos gols de Vasco 5 x 2 Corinthians, no retorno de Dinamite ao futebol brasileiro:

E contra o timão?

Não tenho nem que pensar. O grande jogo da minha vida foi o da minha volta ao Maracanã, do reencontro coma torcida depois de uma passagem não muito boa no Barcelona (em 1980). Eu não tinha noção de que poderia chegar ao Maracanã e, diante do Corinthians, que tinha um grande time, e marcar cinco gols. Foi um daqueles dias em que tudo dá certo. Não tem como explicar e essa é a magia do futebol. Se eu pudesse diminuir o número de gols daquela partida e passar para os jogadores do Vasco agora…

O que achou de o Andrés Sanchez assumir o cargo de diretor de seleções na semana final do campeonato?

Eu achei errado, inoportuno. Pelo momento do campeonato, ele não podia aceitar. Deveria esperar o fim do campeonato. Em nosso encontro na Soccerex, ele chegou a brincar, falando sério, comigo, dizendo que eu tinha ferrado ele por dizer para os jornalistas que eu achei um erro. Eu falei para ele que sou contra a decisão dele de aceitar o cargo agora e externei a minha opinião, só isso. Ele falou que tudo bem, depois cada um foi para o seu lado. Não somos inimigos, apenas adversários dentro do campo.

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Foi divulgado que o Ricardo Gomes vai ao Engenhão no domingo para assistir o jogo contra o Flamengo. Isso é verdade?

Não tem verdade nenhuma com relação a isso. Hoje mesmo eu perguntei no clube se alguém deu alguma declaração sobre isso. Nós estamos procurando não interferir em nada na parte clínica dele e nunca pediríamos para ele ir ao Engenhão no domingo. É uma decisão dele e da família dele. Seria maravilhoso ver ele lá, poder assistir ao jogo ao lado dele, seria muito bom para os jogadores. Mas nossa preocupação maior é com a saúde dele. Como presidente, ser humano e um amigo que me tornei dele, eu não posso pedir isso a ele. O Ricardo tem ido a alguns jogos na concentração, e isso eu posso adiantar que ele vai fazer. Ele vai à concentração no domingo falar com os jogadores, isso eu garanto. Agora se alguém pode dizer que ele vai ao assistir o jogo é só ele.

Foi preparada alguma homenagem ao Ricardo caso o Vasco conquiste o título?

Em todos os jogos o Vasco tem entrado com uma faixa. Mas a faixa é só uma lembrança de que ele está com a gente e é o principal responsável por esse ano maravilhoso do Vasco. Conquistando ou não o título, nós reconhecemos o grande trabalho que ele vem fazendo, mesmo que agora não tão presente. Reconhecemos o trabalho e a pessoa que ele é. Ele é diferenciado, uma pessoa acima da média no futebol, pelo seu comportamento e caráter. 51 % dessa campanha é do Ricardo Gomes, 49% é dos jogadores, do Cristóvão, minha, da torcida… Vamos ter uma faixa para ele, mas garanto que se o Vasco conseguir este título, e nós vamos conseguir, as maiores homenagens serão as declarações dos jogadores. Todos vão falar da alegria de ser campeão, mas em primeiro lugar vão falar do nome Ricardo Gomes.

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