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Rivalidade beneficiou Ponte Preta e Guarani, dizem historiadores

Por Da Redação
23 mar 2012, 20h01

Introduzido no Brasil no final do século 19 pelo inglês Charles Miller, o futebol demorou a se firmar como o esporte mais popular do País. Em 1912, quando Guarani e Ponte Preta se enfrentaram pela primeira vez, ninguém imaginava que, exatos cem anos depois, aquele confronto estaria se repetindo pela 187vez.

Ponte Preta foi acusada de sequestrar juiz após dérbi de 1946

‘No início não havia rivalidade nenhuma. Seria como se alguém montasse uma pista de gelo e passasse a jogar hóquei hoje em dia. O futebol era apenas uma diversão, e não tinha uma cobertura regular da imprensa. No início o capitão do time ia nas casas dos jogadores para convocá-los para as partidas. Aos poucos o jogo passou a ser encarado de forma diferente, e em 1917 já havia uma convocação para que os atletas realizassem um treino durante a semana, após o trabalho’, conta José Moraes dos Santos Neto, historiador da Ponte Preta.

Logo nos primeiros jogos entre as duas equipes, porém, já começaram a ocorrer alguns incidentes que mostravam que aquele não era um jogo comum. Em 23 de agosto de 1914, em um dérbi que o Guarani ganhou por 2 a 0, jogadores da Ponte Preta se irritaram com a arbitragem e mandaram cartas para jornais reclamando do juiz. Dois anos depois, aconteceu a primeira batalha campal entre as duas equipes, o que já mostra um acirramento da rivalidade campineira.Durante muitos anos os times de Campinas não participaram do Campeonato Paulista, que foi organizado por várias entidades entre 1902 e 1941, ano em que foi fundada a Federação Paulista de Futebol. A profissionalização de Guarani e Ponte Preta só veio a ocorrer em 1947, data em que as equipes do interior paulista foram incorporadas ao Estadual e disputaram a primeira versão da Série A2.

Desse modo, a rivalidade entre as duas equipes foi crescendo durante os confrontos em torneios locais, como o Campeonato Campineiro e a Taça Cidade de Campinas. Mesmo com a disputa com outros times que existiam no município, Ponte Preta e Guarani conquistaram a grande maioria das competições daquela época e chegaram fortalecidos mutuamente para a disputa do Campeonato Paulista.

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‘A cidade tinha um terceiro time, que era a Mogiana, mas ela ficou para trás depois que as equipes campineiras entraram no Estadual, e acabou encerrando as atividades na década de 60. Ponte Preta e Guarani tiveram seu primeiro grande momento nos anos 40 e início dos 50. Essa foi a primeira época de ouro dos dérbis, e a rivalidade ajudou na sobrevivência e no crescimento das equipes’, afirma Neto.O historiador José Ricardo Lenzi Mariolani, estudioso da trajetória do Guarani, compartilha da mesma opinião do colega de profissão e acrescenta mais um fator trazido pela rivalidade que foi benéfico para os dois clubes: a busca por um estádio próprio.

‘O primeiro estádio foi o do Guarani, que ficava na Rua Barão Geraldo de Resende e foi inaugurado em 1923, sendo chamado pelos torcedores de Pastinho. A Ponte também teve um estádio no bairro de Cambuí na década de 20, mas eles tiveram que entregá-lo por causa de dívidas. Tempos depois, em 1948, a Ponte Preta inaugurou o Moisés Lucarelli, e cinco anos após essa data foi a vez do Guarani fazer seu primeiro jogo no Brinco de Ouro da Princesa. Nenhum time queria ficar atrás do rival’, conta o historiador bugrino.

Seguindo esta lógica, Guarani e Ponte Preta tiveram as suas melhores equipes na história justamente no mesmo período: da segunda metade da década de 70 à primeira metade da década de 80. Foi nesse espaço de tempo que o Bugre conquistou o Campeonato Brasileiro de 1978 e a Ponte Preta foi vice-campeã paulista em 1977, 1979 e 1981.

Mesmo sem jogadores do renome de Careca e Dicá, expoentes, respectivamente, do Guarani e da Ponte Preta daquela época, as duas equipes vem realizando ano a ano um ‘campeonato à parte’ em Campinas, no qual se sai vencedor o time que ganha o dérbi e que acaba o campeonato em situação melhor que a do rival.

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Nessa temporada a Macaca já saiu na frente nessa disputa entre torcedores por ter subido para a Série A do Campeonato Brasileiro, enquanto que o Bugre permaneceu na B. No entanto, é sempre no confronto direto que a rivalidade se acirra, e o dérbi deste sábado tem um ingrediente que o torna ainda mais especial, já que ele é o único programado para o ano do centenário do confronto.

EM 1946, PONTE PRETA FOI ACUSADA DE SEQUESTRAR JUIZ APÓS DÉRBI

Um episódio curioso envolveu o dérbi ocorrido em 18 de agosto de 1946, no qual o Guarani venceu por 3 a 0. ‘A Ponte Preta reclamou muito do juiz, e dizem que dirigentes do clube foram até São Paulo, sequestraram o juiz e o trouxeram para Campinas querendo que ele confessasse que foi comprado. Se essa história é verdade eu não sei’, disse José Ricardo Lenzi Mariolani, historiador do Guarani.

José Moraes dos Santos Neto, historiador da Ponte Preta, deu a sua versão sobre o caso. ‘Depois do jogo os diretores da Ponte foram tentar uma acareação com o árbitro; não chegou a ter sequestro. Dias depois do jogo eles foram atrás do juiz para tentar tirar uma ‘confissão’ dele. A palavra sequestro foi usada pra promover o fato, mas o árbitro não chegou a ficar em cárcere nem nada’, afirma Net

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