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Programa que levou o filho de Tite aos EUA recruta mais jogadores brasileiros

Por Da Redação
19 dez 2011, 12h40

O filho do técnico Tite estava desiludido com o futebol no início de 2010. Matheus era zagueiro do modesto Três Passos-RS, revelado pelo Cruzeiro-RS, e acabara de passar por uma cirurgia no tendão patelar do joelho (lesão similar àquelas que o ex-atacante Ronaldo sofreu). Antes de firmar o seu próprio contrato para retornar ao Corinthians, no entanto, o pai famoso entrou em ação para ajudar o defensor de 22 anos a conseguir uma transferência internacional.

Tite se reuniu com Ricardo Silveira, um dos proprietários da 2SV, em Porto Alegre. Com seis anos de existência, a empresa é especializada em um programa para recrutar jogadores para instituições de ensino dos Estados Unidos, entre universidades e colégios (high schools). Matheus foi aprovado na seleção para a Universidade de Cumberlands, em Williamsburg (Kentucky), e posteriormente ingressou no curso de Administração da Carson-Newman, em Jefferson City (Tennessee).

Seleção de 2010 aprovou filho de Djalminha

‘O Matheus é um baita menino, que está indo muito bem no futebol e nos estudos. Ele serve de exemplo para nós. É importante saber que um cara envolvido diretamente com o futebol profissional, como o Tite, indica um programa desses para o filho dele’, comentou Ricardo Silveira, que promove dois showcases por ano para recrutar jogadores de 15 a 21 anos, em média, para as escolas e universidades norte-americanas. No último, realizado em agosto, mais de 90 garotos foram selecionados.

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Neste final de semana, outros 105 atletas estão concentrados no Itu Spa Sport (mesmo local onde o Corinthians realizou pré-temporada nos últimos anos) para também tentar obter bolsas de estudo nos Estados Unidos – caso sejam escolhidos, eles ganham direito a abatimentos parciais ou integrais de matrícula e mensalidade, além de moradia, alimentação e material didático gratuitos. Um grupo de técnicos de instituições de ensino norte-americanas viajou ao Brasil somente para observá-los em acirradas partidas de futebol, disputadas sob calor intenso no interior paulista.As trajetórias dos fundadores da 2SV inspiram os garotos nos testes em campo. Ricardo Silveira e Ricardo Villar jogaram futebol em universidades norte-americanas em uma época em que não havia tanta divulgação das bolsas esportivas no Brasil. O primeiro cursou Administração Internacional na Carolina do Sul, entre 1999 e 2003, e decidiu investir em quem partilhava do seu sonho. Já o segundo foi além: virou atleta profissional e defendeu times de Áustria, Coreia do Sul e Grécia antes de chegar ao FC Dallas, mesmo clube do colombiano Ferreira (ex-Atlético-PR, eleito o melhor da Major League Soccer em 2010) e dos brasileiros Jackson (revelado nas categorias de base do São Paulo), Bruno Guarda (ex-Olaria) e Maicon dos Santos (ex-Madureira).

‘Como os fundadores da empresa fizeram exatamente o processo dos meninos que desejam ir para os Estados Unidos, conseguimos solucionar muitas dúvidas e eventuais problemas. A gente gosta de enfatizar para eles que a parte acadêmica tem exatamente a mesma importância da atlética. Não adianta nada ser um jogador excelente se não souber falar inglês e suas notas forem baixas’, ressalvou Renato Barbosa, coordenador de intercâmbio da 2SV, que jogou futebol e formou-se em Administração, com especialização em marketing esportivo, em Brevard (Carolina do Norte).Embora muitos dos candidatos da 2SV almejem uma chance no futebol profissional, os empresários ressaltam que esse não é maior atrativo das bolsas de estudo nos Estados Unidos. ‘Eu também quis ser jogador. Rodei bastante o Brasil, como meia-atacante, e senti nojo do que conheci do futebol profissional. Preferi estudar no exterior. Se não der certo de um jeito, ao menos você volta do intercâmbio com um diploma internacional, fluência no inglês e experiência de vida, conhecendo gente do mundo todo. É um diferencial enorme no mercado de trabalho’, comentou Renato Barbosa. Para facilitar nas adaptações à cultura norte-americana e aos estudos, Ricardo Silveira acompanha a evolução dos atletas selecionados até a formatura.

Mas não são apenas os garotos que se entusiasmam com as oportunidades oferecidas nos showcases. Os técnicos dos colégios e universidades norte-americanas também. Paul Snape, por exemplo, veio pela terceira vez ao Brasil ao participar da seleção deste fim de semana e já cumprimenta seus amigos brasileiros com um sonoro ‘bom dia’, em português. ‘Cresci na Inglaterra e gosto de futebol desde pequeno, de bambino. Jogava todos os dias, como vocês fazem no Brasil. Atuei na base do Liverpool, meu time de coração, e tentei ser profissional. Como não consegui, pois é muito difícil, fui jogar e estudar nos Estados Unidos por causa de um showcase. Hoje, sou técnico Universidade de Buttler, em Indianápolis’, apresentou-se.

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Snape geralmente se empolga ao falar de futebol com os brasileiros. Em sua primeira visita ao País, há cerca de três anos, ele levou o time da Universidade de Michigan para fazer amistosos contra equipes de base de Palmeiras, Santos, Flamengo, entre outras, e ficou encantado com o que encontrou. ‘Passamos por São Paulo, Santos, Rio de Janeiro… Foi fantástico. Conversávamos sobre futebol todos os dias, fazendo jogos de alto nível. Vimos uma partida do Corinthians no Pacaembu e uma do Botafogo no Engenhão. As torcidas são muito apaixonadas’, recordou. fica me falando do São Paulo, mas gosto mais do Palmeiras. Fui ao estádio e ao clube social deles, e adorei’, sorriu, antes de mostrar que está inteirado sobre o que está ocorrendo atualmente no futebol. ‘Também gostei de visitar o Santos, mas eles não têm chances contra o Barcelona. Xavi e Iniesta são ótimos. Messi, o melhor do mundo.’

O britânico, no entanto, reconhece que um jogador brasileiro tem potencial para se igualar às estrelas do Barcelona. ‘É claro que o Neymar está muito famoso nos Estados Unidos! No mundo todo! Ele é impressionante. Acompanhei o Robinho, que era ótimo, mas o Neymar finaliza melhor e é mais técnico. Ele precisa ir para a Europa logo. Pena que o Liverpool não pode pagar por ele’, brincou o admirador do ‘grande Ronaldo’, de Romário e de Careca.

Paul Snape recobrou a seriedade ao se lembrar do motivo de sua visita atual ao interior paulista. Ele pretende reforçar a Universidade de Buttler com jogadores que tenham os atributos dos seus ídolos brasileiros. ‘No Brasil, os atletas dão muita ênfase à técnica e à inteligência. A gente consegue encontrar muitos bons goleiros e defensores nos Estados Unidos, mas falta alguém com criatividade, imaginação. Isso não se ensina. O meu trabalho, agora, é achar esses jogadores especiais na América do Sul, para desenvolver outras qualidades depois’, explicou.Paul Snape e os outros técnicos estrangeiros voltarão para os Estados Unidos já no domingo, com os reforços sul-americanos devidamente selecionados. Além de promover os testes no Brasil, a 2SV ainda colocou em análise nesta semana 45 atletas do Chile, recrutados no escritório da empresa em Santiago. ‘Não há um número de vagas definido nas escolas. Se os treinadores gostarem de dez atletas, levam os dez. Como as bolsas de estudo são limitadas, eles podem repartir uma integral em duas de 50%, recrutando dois garotos’, disse Renato Barbosa.

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Os estudantes aprovados ingressam nos colégios e universidades norte-americanos já no início de 2012, após desfrutarem das férias escolares. Lá, nos Estados Unidos, o técnico Tite atualmente aproveita o tempo livre para descansar e festejar a conquista do título do último Campeonato Brasileiro, pelo Corinthians, ao lado do filho e zagueiro Matheus.

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