Os partidos de oposição ao governo (PSDB, PPS, DEM e PSOL) estão convencidos de que as denúncias contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, são graves. Por isso, solicitaram uma nova audiência pública extraordinária junto às comissões de Turismo e Desporto; e de Fiscalização Financeira e Controle para o depoimento do policial João Dias Ferreira, responsável por denúncias de desvio de verbas públicas no Ministério do Esporte.
A decisão dos representantes da base de oposição aconteceu após uma audiência realizada nesta terça-feira. No encontro com o próprio João Dias Ferreira, os líderes do PSDB, PPS, DEM e PSOL alegam que há provas materiais que evidenciam as acusações feitas pela Revista Veja em relação a irregularidades no Programa Segundo Tempo, que tem o objetivo de aproximar crianças carentes à prática de atividades esportivas.
‘O depoimento do João Dias é estarrecedor, traz detalhes que não constam na imprensa, demonstra provas materiais contra o ministro Orlando Silva e seu Ministério. Esse depoimento precisa ser de conhecimento do Brasil, da nação, não só dos partidos de oposição. Há grande precisão, detalhes e existência de provas’, justificou o deputado federal ACM Neto (DEM-BA).
O deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) defendeu, inclusive, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigação ampla dos convênios do Ministério do Esporte com ONGs. Ele chegou a encaminhar um requerimento com a sua proposta.
Do lado da base governista, a ordem nesta terça-feira foi exaltar os feitos e conquistas de Orlando Silva na pasta do Esporte. Ainda por cima, o líder do PCdoB na Câmara, o deputado Osmar Júnior, desafiou as provas citadas pelos oposicionistas.
‘Uma comissão como essa ou mesmo uma CPI não conclui qualquer investigação, só levanta indícios para que instrumentos do estado possam atuar na investigação. Por que esse cidadão não apresentou tudo isso à Polícia Federal e ao Ministério Público?’, cobrou.
Os representantes governistas alegam que João Dias Ferreira não se apresentou para um depoimento na Polícia Federal nesta terça-feira com a justificativa de que estaria doente enquanto se reuniu com a oposição apenas algumas horas depois. O deputado Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara, carrega a certeza de que o policial não tem provas contra Orlando Silva.
‘Na primeira acusação, ele falou que viu o ministro Orlando em uma garagem pegando dinheiro, hoje (em entrevista à Folha de SP) já falou que em nenhum momento o viu receber dinheiro’, disparou.
Orlando Silva foi insistentemente elogiado pela iniciativa de debater na Câmara Federal as acusações no Ministério do Esporte. Porém, os deputados da oposição defendem o seu afastamento do governo até a investigação do caso.
No discurso inicial de pouco mais de 30 minutos, Orlando Silva chegou a pedir desculpas por levantar a voz ao falar das acusações. Ele definiu João Dias Ferreira como ‘desqualificado, criminoso e fonte bandida’.