Opinião: Luva de Pedreiro e o dano de imagem que ninguém fala
Quanto mais se fala em disputa judicial, mais o influencer digital se afasta das marcas e do mercado publicitário
No último final de semana, o menino Iran Santana, famoso ‘Luva de Pedreiro‘, ganhou destaque mais uma vez, não por sua peculiar simpatia, pelos seus bordões ou por seu engajamento, mas sim por conta da disputa judicial entre o antigo empresário, Allan Jesus, e o novo, o ex-jogador de futsal Falcão.
Há nesta história um aspecto que em momento algum vi ser debatido: quanto mais se fala em disputa judicial, mais longe o influencer digital fica das marcas e do mercado publicitário como um todo.
O fato dessa briga ter ganhado mais destaque na mídia do que o próprio Luva nas últimas semanas, faz com que as marcas evitem uma aproximação com o menino, afinal, a premissa básica para qualquer campanha publicitária é que o risco de dano à imagem e reputação da empresa seja zero.
Qual executivo vai querer fechar com o Luva? Imagine se uma marca se acertar com o Falcão e por uma decisão judicial o contrato dele com a lenda do futsal for invalidado? Como a marca vai ter garantia dessa entrega?
Antes, Luva tinha o desafio apenas de se reinventar e desenvolver novos conteúdos e interações, visto que a tendência é que bordões como “Receba” e “Graças a Deus” caiam em desuso com o passar do tempo.
Em relação ao conteúdo, a principal característica do Luva, é natural que o que vem sendo feito se torne cansativo: chutar a bola no ângulo, correr pra câmera e gritar, “Graças a Deus, Pai, eu sou o melhor do mundo”.
Neste momento, o garoto que ganhou o mundo e se tornou o único influenciador brasileiro a ser seguido pelo perfil do Instagram tem a missão de se aproximar do mercado publicitário.
Lá atrás, quando o jovem baiano explodiu nas redes, a primeira impressão não foi positiva junto ao mercado. Em diversos grupos de agências e marcas, o antigo empresário praticava preços que não correspondiam à realidade do segmento.
Desta vez, com toda essa exposição que já dura meses, a missão do novo (ou velho) empresário fica ainda mais difícil. É fundamental blindar o rapaz desse tipo de conteúdo e cada vez mais pensar em oportunidades que apresentem Luva ao mercado.
Uma possibilidade seria aproveitar o alcance de mais de 4 milhões de views por stories pra criar uma espécie “Papo com o Luva”, somente com os mídias das agências e executivos das marcas, em um evento exclusivo em São Paulo ou grandes metrópoles.
Nessa novela, não importa quem tem razão, se Allan Jesus ou Falcão. O fato é que o Luva está deixando dinheiro na mesa desde que ele virou o “Maior do Mundo”.
* Bernardo Pontes é sócio da Alob Sports, agência de marketing de influência focada no esporte