É comum no México, mas Julio Cesar não estava preparado. Nem sua esposa. Ao longo do confronto de quarta-feira, a cada tiro de meta que ia bater, o goleiro do Corinthians ouvia o estádio do Cruz Azul chamá-lo de ‘p…’ em um grito forte e uníssono. Depois da partida, que terminou sem gols, ele buscou saber do que se tratava e tranquilizou também sua mulher.
‘Dessa maneira, com tanta intensidade, nunca tinha visto. Toda hora em que eu batia na bola, o pessoal me xingava. Minha esposa até me ligou perguntando o que era (era possível notar o grito claramente pela transmissão da televisão). Eu expliquei que é um costume deles, acabei entendendo’, disse o dono da camisa 1 alvinegra, rindo, no retorno da delegação ao Brasil.
A ofensa, uma tentativa de desconcentrar o arqueiro rival na reposição de bola, é tradicional não só no futebol de lá. Há um exemplo bem próximo do Corinthians, em São Paulo, por sinal. Mais precisamente na Rua Javari. Durante os jogos do Juventus, a torcida grená não perdoa, enche o peito e solta grito semelhante ao que Julio Cesar ouviu no Estádio Azul: ‘ôôô, filho da p…’.
O que os juventinos não fazem, diferentemente dos torcedores do Cruz Azul, é atirar objetos. Nos minutos finais do jogo de quarta-feira, os mexicanos ignoraram inclusive os escudos policiais e tentaram atingir os jogadores do Corinthians no gramado. Os dois times se reencontram na quarta-feira que vem, contudo o clima no Pacaembu deverá ser cordial, espera Emerson.
‘Eu ia cobrar o escanteio, vi que estava voando um monte de coisa para tudo quanto é lado e desisti. É lamentável. Foi um jogo tão emocionante, e a torcida deles teve aquela atitude no final do jogo… Não pode. Esperamos que nossa torcida possa comparecer na partida da próxima quarta-feira e dar um bom exemplo, só torcendo e nos incentivando’, pediu o corintiano.