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O jornada nas estrelas está de volta

Sucesso na Arena de Copacabana, o jogador da Itália Adrian Carambula surpreende a torcida com reedição do saque criado por Bernard há mais de 30 anos

Por Fernanda Thedim
Atualizado em 11 ago 2016, 18h44 - Publicado em 11 ago 2016, 18h41

Com a parte externa da mão, o jogador bate fortemente por baixo da bola e a lança a mais de 25 metros de altura com uma velocidade de 70 quilômetros por hora. O saque, ou melhor, a bomba, foi lançada pela primeira vez por Bernard Rajzman, durante o Mundialito de 1982, no Maracanãzinho. Batizado como Jornada nas Estrelas tinha um objetivo: usar os refletores do estádio para dificultar a recepção do time adversário, que mal conseguia enxergar a bola na descida.

“Além de cativar a torcida, é uma arma em quadra”, diz o medalhista na Olimpíada de Los Angeles e atual chefe da missão brasileira na Rio 2016. “Comecei a jogar na praia muito jovem, e me dei conta de que, quando a bola alcançava grandes alturas, isso dificultava a recepção dos adversários, que não conseguiam vê-la por causa do sol. Dentro dos ginásios, devido à luz dos refletores, acontecia a mesma coisa. Foi aí que tive a ideia de levar a jogada para as partidas oficiais”, acrescenta.

Mais de 30 anos depois, a jogada ganhou leves ajustes e está de volta aos jogos de vôlei de praia, despertando a memória afetiva da torcida verde e amarelo que tem lotado a Arena de Copacabana. O responsável é o uruguaio Adrian Carambula, de 28 anos, que está defendendo a Itália na competição olímpica ao lado de Alex Ranghieri. Antes de sacar, ele joga a bola no ar, girando-a levemente. Ao invés de descer em linha reta, como na jogada tradicional, a bola ganha um efeito, variando seu movimento ao chegar à quadra do outro tim

Reza a lenda de que a dupla austríaca, derrotada no primeiro dia de competição pelos italianos, chegou a usar um canhão durante os treinos para simular a recepção do saque de Carambula. “Se o jogador conseguir usar o vento a seu favor, complica ainda mais a recepção do adversário”, diz Bernard, capitão e um dos líderes da Geração de Prata. “É uma técnica que faz parte da história da evolução do esporte no Brasil e no mundo.”

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Em sua primeira Olimpíada, o objetivo de Carambula não é só colocar a bola no chão com o saque, fazendo o famoso ace. Ao complicar a recepção dos adversários, o jogador de 1,82 metro de altura, considerado baixo para o padrão do vôlei de praia, desestabiliza o ataque adversário, destacando o ponto forte do parceiro. Ranghieri tem 2 metros de altura e é um exímio bloqueador. “Por causa da minha estatura, precisei inventar algo diferente para me destacar entre os demais”, reconhece. 

Com essas táticas em campo, a dupla já avançou para as oitavas de final, perdendo apenas para Alison e Bruno, favoritos na conquista do ouro olímpico, durante a fase de classificação. “A bola vai muito alta e é difícil de receber. Tenho até a impressão de que ultrapassa o ponto mais alto da arena”, comentou Alison. O jogo, que envolveu momentos de provocação entre o jogador da Itália e a torcida brasileira, aconteceu na tarde da última quarta com placar de 2 a 0 e parciais de 21 a 19 e 21 a 16.

Apesar de ter nascido no Uruguai e defender a Itália, graças aos avós italianos, Carambula viveu por muitos anos em Miami. Foi lá que começou a jogar vôlei de praia, usando o vento a seu favor para treinar e se especializar no novo jornada nas estrelas. A jogada-sensação dessa Olimpíada acabou lhe rendendo o apelido de Mr. Skyball. Agora, ele e Ranghieri, após derrotarem os adversários do Canadá e da Áustria, entram na fase decisiva da competição. A dupla disputa as oitavas de final nessa sexta (12), às 15 horas, no esquema de mata-mata. Se perderem, estão eliminados da Rio 2016.

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