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Nocauteado por Chávez e ‘astro de cinema’, brasileiro assume falta de foco

Por Da Redação
2 set 2011, 11h17

Dez anos após disputar sua última luta como profissional, Francisco Tomás da Cruz visitou os arquivos do jornal A Gazeta Esportiva. Diante de fotos e notícias antigas, o pugilista nocauteado nos anos 1980 por Júlio César Chávez e Micky Ward, futuro ‘astro de cinema’, lamentou a falta de foco ao relembrar a própria trajetória.

‘As pessoas sempre se interessam e perguntam sobre a minha carreira de boxeador, mas os brasileiros são pessoas um pouco descrentes. Para você provar que foi alguma coisa na vida, tem que mostrar mesmo. Só recorrendo ao jornal’, explicou o ex-pugilista, acompanhado pela esposa Lindalva.

Nascido no Recife, Tomás veio a São Paulo com apenas 12 anos ao lado de um irmão pensando em ser jogador de futebol. Ele passou sérias dificuldades financeiras e chegou a morar na rua antes de iniciar sua trajetória no boxe de forma promissora nos anos 1980.

Após uma sequência de 21 vitórias no Brasil e no exterior, o brasileiro encarou o mexicano Júlio César Chávez pelo título mundial da categoria superpena do Conselho Mundial de Boxe em Nimes, no sul da França, no ano de 1987. Nocauteado pelo adversário no terceiro round, Tomás admite que falhou na preparação.

‘Quando me falaram que lutaria com o Chávez, nem acreditei. Pensei: ‘é minha chance de ser campeão do mundo’. Como eu estava numa série de vitórias, fiquei muito empolgado, com uma confiança exagerada, e não me preparei tão bem como deveria. Deveria ter treinado mais. Esse foi o erro, a falta de foco me atrapalhou’, afirmou.

Tomás em ação contra Chávez: ex-pugilista lembrou a trajetória em A Gazeta Esportiva

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Júlio César Chávez é considerado um dos melhores boxeadores de todos os tempos. Com um cartel de 107 vitórias (86 por nocaute), seis derrotas e dois empates, o mexicano ganhou cinco títulos mundiais em três categorias diferentes. Após a derrota na França, Tomás sofreu uma queda de rendimento.

‘O Chávez tinha muita experiência e qualidade, além de já estar habituado a ser campeão do mundo. Naquela luta, tinha muita televisão, pessoas de vários países. Muita gente acreditou em mim e eu decepcionei. Peço desculpas para o povo. Foi uma derrota que desanimou, fiquei um pouco chateado’, lembrou.

Ainda abalado pelo revés diante de Chávez, Tomás enfrentou o norte-americano Micky Ward no ano de 1988, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Assim como no embate com o mexicano, o pugilista brasileiro sofreu um nocaute técnico no terceiro round. ‘Ele era bom, os lutadores dos Estados Unidos sempre têm qualidade’, recordou.

A trajetória de Micky Ward, conhecido como ‘Irlandês’, é retratada no filme ‘O Vencedor’, um dos destaques da última cerimônia de premiação do Oscar. Indicado em sete categorias, a produção ganhou a estatueta de melhor atriz coadjuvante (Melissa Leo) e melhor ator coadjuvante (Christian Bale).

O meio-médio ligeiro Micky Ward, interpretado no filme por Mark Wahlberg, resolveu interromper a carreira depois de uma sequência de quatro derrotas e passou três anos inativo. Incentivado pelo meio irmão Dicky Eklund, ex-boxeador às voltas com drogas e seguidas prisões, ele voltou a lutar em 1994 e foi campeão pela União Mundial de Boxe em 2000. Protagonista de três combates históricos com o canadense Arturo Gatti, terminou com 38 vitórias (27 por nocaute) e 13 derrotas.

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Fã do personagem Rocky Balboa, interpretado pelo astro Sylvester Stallone, Tomás não sabia que um de seus algozes ganhou fama mundial ao ser vivido por Mark Wahlberg no cinema. ‘No Rocky, o bom exemplo é que ele treina. Na vida real, aprendi que o atleta precisa mesmo treinar, se alimentar bem e se cuidar’, afirmou.

Além de enfrentar Júlio César Chávez e Micky Ward, Francisco Tomás da Cruz ainda duelou com Acelino ‘Popó’ Freitas. Aos 38 anos, já na parte final de sua trajetória como boxeador, o pernambucano foi nocauteado no segundo round pelo lutador que conquistaria quatro títulos mundiais.

Mais uma vez, Tomás diz não ter se preparado como deveria para o combate. ‘Na verdade, eu não acreditava muito no Popó. Ele fez uma grande carreira e está de parabéns. Eu perdi para um adversário de muita qualidade, não era qualquer um’, declarou.

Francisco Tomás da Cruz encerrou a carreira profissional em 2001 com pouco dinheiro economizado e um cartel de 48 vitórias (24 por nocaute) e 21 derrotas. Aos 51 anos, ele procura manter a forma e vive de forma humilde em uma chácara na cidade de Francisco Morato, no interior paulista.’Quando você está no auge, é uma maravilha, mas depois todo mundo te abandona. Eu estou com idade, mas me cuido bem e mantenho a forma. O Brasil tem vários bons lutadores, só falta apoio. Com apoio, um brasileiro pode chegar lá, desde que não tenha maus hábitos’, encerrou Tomás, que sonha iniciar a carreira de treinador.

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