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Neto cobra a diretoria do Corinthians e exige respeito aos campeões de 1990

Por Da Redação
4 nov 2011, 18h41

Neto chegou à TV Bandeirantes com uma jaqueta branca do Corinthians, na quarta-feira. Não se tratava de um uniforme especial para esta longa entrevista que o camisa 10 da equipe campeã brasileira de 1990 concedeu à GE.Net. Orgulhoso por conhecer a história do seu clube de coração, ele conta que costuma se vestir com camisas e agasalhos corintianos quando vai trabalhar. O sentimento ficou mais aflorado em uma ocasião especial: às vésperas do aniversário de 20 anos do maior título de sua carreira.

Embora sempre festeje o dia 16 de dezembro com empolgação (chega a dizer que tem vontade de se masturbar durante todo o tempo nesta data), Neto não está plenamente satisfeito neste final de 2010. O ex-jogador e hoje comentarista esportivo desabafou contra a falta de reconhecimento aos campeões de 1990, por parte da diretoria do Corinthians. Fez um apelo ao presidente Andrés Sanchez, ‘um cara que ia aos jogos de 1990 e depois acabava na zona comigo’, para que seus companheiros sejam homenageados.

Neto também atacou aqueles que não acreditavam na força do modesto time campeão nacional pelo Corinthians. Ofendeu o ex-jogador Mário Sérgio e, como sempre faz, aproveitou o espaço para criticar o desafeto Emerson Leão. Mas não foram apenas palavras de cunho negativo que saíram da boca de Neto. O Eterno Xodó da Fiel ainda usou os seus palavrões para enaltecer os amigos, destacar a sofrida campanha de 1990 e fazer as suas juras ao time que ama.

Gazeta Esportiva.Net: O que o Campeonato Brasileiro de 1990 significou para a sua vida?

Neto: Você é a resposta da sua própria pergunta. Aquela conquista é o motivo desta entrevista, não é? Vê só a dimensão?

GE.Net: A obsessão por um título nacional na época era mais ou menos como a ambição do Corinthians por uma Libertadores hoje?

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Neto: Era exatamente isso. Naquela época, os rivais e inimigos sempre diziam que o Corinthians era um time regional. Mas agora também ficou uma teta ganhar Campeonato Brasileiro, não é? Quer dizer que a Taça Brasil e o Pedrosa não sei das quantas valem tanto quanto o nosso título? Que teta, meu amigo. Até o Pelé já é campeão brasileiro. Mas, mesmo assim, nada vai diminuir a conquista do Corinthians em 1990. Ter feito parte deste time me deixa muito orgulhoso, de verdade. Tanto é que, as pessoas não sabem, tenho o hábito de vir trabalhar com a camisa do Corinthians. Está vendo o meu casaco [Neto mostra o distintivo do clube na jaqueta]?

GE.Net: O fato de o Corinthians ter um time desacreditado na época aumenta ainda mais esse sentimento de satisfação?

Neto: Não tenha dúvidas disso. Os intelectuais da vida gostavam de meter o pau no Corinthians sem dó. Um dos caras mais desleais e extremamente grosseiros e deselegantes com a gente foi o Mário Sérgio. O que ele fez com o time de 1990 foi um absurdo. É brincadeira! Tudo o que ele falou mal do Corinthians foi dito com raiva e falta de caráter. E olha que os jogadores nossos eram legais, hein? Nunca precisei dessas p… de assessor para marcar entrevista, dessas frescuras. Seja como for, o que o Mário Sérgio fez foi feio.GE.Net: O que ele fez exatamente?

Neto: Para ele se valorizar como comentarista, meteu o pau em todo o time do Corinthians. Só que ele se f…! Porque a gente ganhou o título, e ele tomou no c…!

GE.Net: Mas o time de vocês realmente não inspirava tanta confiança, não é?

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Neto: Nosso time realmente não era bom, velho [risos].

GE.Net: O Tupãzinho chegou a dizer que o Corinthians foi montado para não cair de divisão.

Neto: Eu concordo. A gente trouxe um treinador que ninguém sabia quem era, o Nelsinho Baptista. Eu saí do Palmeiras, o Jacenir veio da Catanduvense, o Guinei e o Tupãzinho chegaram do São Bento, o Márcio era das divisões de base do Corinthians… O único craque do time era o Ronaldo! Só o nosso goleiro já tinha uma identificação com o torcedor corintiano. Algumas pessoas até tiravam sarro do Mauro, sem saber o que ele fez pela Ponte Preta e o tanto que foi importante taticamente para o Corinthians. Tínhamos também o Fabinho, que veio da Platinense e foi um cara ideal para jogar ao meu lado. Eu me dei muito bem batendo bola com ele.

GE.Net: Logo na estreia, esse time perdeu…

Neto: Por 3 a 0, para o Grêmio. O nosso começo de campeonato foi uma b…, mesmo. A gente perdeu esse jogo e engrenou uma sequência ruim. Só fomos alavancar depois de ganhar do Santos, com gol de Dinei. Até tenho uma história muito legal sobre o Dinei.

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GE.Net: Qual história?

Neto: Você sabia que não foi o Nelsinho quem foi ver o Dinei jogar na base? Eu fui ver o Dinei! Eu sempre assistia aos meninos do Corinthians treinarem. E, como gostava muito da história do clube, já tinha sido informado de que o Dinei é filho do grande atacante Ney [campeão do RJ-SP de 1966, fez 69 gols em 153 jogos entre 1961 e 1967]. Notei qualidades nele e mandei o Nelsinho trazer para trabalhar com a gente. Hoje, o Dinei é o único jogador com três títulos brasileiros pelo Corinthians: 1990, 1998 e 1999. Isso é maravilhoso.

GE.Net: Vocês já tinham voltado a treinar em dois períodos na época? Lembra que você reclamou porque essa prática havia sido abolida para o Corinthians não precisar pagar almoço aos jogadores?

Neto: É lógico que me lembro, cara! A gente tinha que treinar em Arujá, saindo de ônibus de São Paulo. E o Vicente Matheus cortou até o nosso café em umas épocas. Meu, até hoje… Quando vai sair esta sua matéria?

GE.Net: Amanhã, dia 16 de dezembro.

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Neto: Legal. Por sinal, eu tenho várias Gazetas Esportivas na minha casa, guardadas com carinho. Bom, até amanhã, 16 de dezembro, aniversário de 20 anos da nossa conquista, nós não tivemos um almoço, um jantar, uma festa, absolutamente nada. Hoje é quarta-feira, 15 de dezembro, e ninguém do Corinthians me ligou para falar do título de 1990. A primeira entrevista que estou dando é para você.GE.Net: Será que nem no dia 16, data do aniversário de 20 anos, vão lembrar de vocês?

Neto: Pode até ser que alguém lembre depois da sua matéria. Só que eu não atendo mais ninguém, certo? E, se o Corinthians quiser fazer um banquete para os campeões de 1990, eu não vou. Porque é falta de educação o desleixo deles com esse time. É não saber respeitar a história do clube! O seu Andrés Sanchez e o marketing dele estão errados. Merecemos respeito. Vai ver que eles se esquecem da gente porque o Corinthians não precisa de títulos, né [Neto fala com bastante ironia]? Não foi essa mensagem que o marketing criou para comemorar o terceiro lugar no Brasileiro de 2010? O Corinthians é o Corinthians? Talvez seja por isso que o marketing entenda que o título de 1990 é uma m…!

GE.Net: Mas certamente haverá manifestações de torcedores por causa dos 20 anos da conquista de 1990.

Neto: Isso é outra coisa. E até mais importante. Eu sei que o torcedor corintiano vai vestir a sua camisa nas ruas. A torcida nos ama. Até hoje, em todos os dias 16 de dezembro, eu recebo cartas, telegramas e telefonemas de agradecimento por causa de 1990.

GE.Net: O que você acha que a diretoria poderia fazer para homenagear os campeões?

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Neto: Seria difícil fazer uma réplica em miniatura do troféu? O marketing não é tão f…? Então, criem uma trofeuzinho e deem para os jogadores. Se o Corinthians não sabe onde os atletas de 1990 estão, vai ficar sabendo através da Gazeta Esportiva: o Ronaldo trabalha na RedeTV!, o Giba mora em Campinas, o Guinei vive em Sorocaba e joga no masters do clube, o Marcelo Djian é empresário e tem um bom relacionamento com dirigentes, o Márcio atua como treinador em Volta Redonda, o Wílson Mano vive em Auriflama ou em Jaú, onde tem um posto de gasolina, o Ezequiel está em Campinas, o Fabinho trabalha com o Marcelo Djian, o Mauro é empregado do próprio Corinthians e o Tupãzinho estava com a fábrica de fraldas dele em Campo Grande. Só o Jacenir não vive mais no Brasil, pois virou cidadão americano e foi morar nos Estados Unidos. Citei apenas os titulares, hein? P…, não seria bonito fazer uma camisa comemorativa para esses jogadores?

GE.Net: Essa camiseta também ajudaria a amenizar a perda do título brasileiro deste ano, para o Fluminense? Como você disse, o Corinthians criou uma outra, para se orgulhar de que ‘não vive de títulos’.

Neto: Claro! O Corinthians perdeu um título agora. Não seria legal para o marketing se aproximar do torcedor corintiano com o título de 1990? Os ex-jogadores iam até o clube, tiravam uma foto, e eles faziam um painel. Eu fico muito chateado com esse desdém, cara! Revoltado é a melhor palavra. O pior é que, quando falam da nossa conquista, as pessoas só costumam se lembrar de mim. Fico f… com isso. O Guinei e o Tupãzinho tinham 19 anos e eram desconhecidos na época. O Jacenir, então, nem se fala. A nossa equipe era remendada, velho. Coloca isso na sua matéria, por favor.

GE.Net: O que mais você quer deixar registrado aqui?

Neto: Quero fazer um pedido para você, Andrés Sanchez, através da Gazeta Esportiva: já que você é um cara que ia aos jogos de 1990 comigo, no ônibus, e depois acabava na zona também comigo, dê um pouco mais de atenção para os seus campeões. P…, a gente ia à zona juntos! Agora, quando você já é o melhor presidente da história do Corinthians, vai deixar de fazer uma festa para o nosso time? É o primeiro título brasileiro do Corinthians! E estamos no ano do centenário!GE.Net: No início do ano, o Corinthians homenageou os 10 anos da conquista do Mundial de Clubes.

Neto: Muito bem. Mas o clube nunca lembrou dos nossos 5 anos, dos nossos 10 anos, dos 15 anos… O único cara da imprensa que sempre me ligava no dia 16 de dezembro era o Benjamin Back. Hoje, a gente não tem um relacionamento tão bom. Mas isso deveria melhorar, pois gosto dele.

GE.Net: Para você, todos os dias 16 de dezembro foram diferentes depois de 1990?

Neto: P…! É um dia do c…! Se eu pudesse bater p… o dia inteiro, faria isso. Ficaria o tempo todo me masturbando. Eu faria uma festa daquelas do Calígula, sacou? Este é o dia: 16 de dezembro.

GE.Net: É uma data mais comemorada do que o seu aniversário?

Neto: Mais! Ou melhor, não sei. A minha vida é mais importante do que o Corinthians. Mas esse título foi tão marcante para mim, que me deu tudo dali em diante. Se eu não tivesse sido campeão em 1990, eu acabaria como um ex-jogador como outro qualquer e não estaria trabalhando em uma emissora de televisão. As pessoas diriam: ‘Ah, ele foi bom de bola. E só’. Nem o Pelé foi campeão brasileiro, apesar de algumas pessoas quererem dizer o contrário agora. O Ronaldo também não foi.

GE.Net: Esse título é a sua Copa do Mundo, certo? Você teoricamente foi injustiçado em 1990, quando não foi convocado pelo Sebastião Lazaroni.

Neto: Mas eu quero que a seleção brasileira se f…! Juro pelos meus filhos: eu me sinto muito mais realizado sendo campeão brasileiro pelo Corinthians do que se tivesse sido campeão do mundo pela seleção brasileira.

GE.Net: Vamos conversar mais sobre este campeonato, então. Como foi a fase final?

Neto: O nosso time deslanchou. O que o Wílson Mano jogou neste campeonato não foi brincadeira. As pessoas lembram mais do gol feito pelo Tupã no segundo jogo da final contra o São Paulo, mas o Mano marcou na primeira partida. E se o Mano não tivesse nos dado a vitória, com um gol de joelho, naquele confronto? O time do São Paulo era bom pra c…, velho! Era para eles ganharem da gente. Mas arrebentamos com eles. O São Paulo pipocou para nós! Fomos para dentro! Foi f…!

GE.Net: Quando vocês ganharam essa confiança de que seriam campeões?

Neto: A gente não pensava nisso no começo, como eu te disse. A grande verdade é que só fui acreditar que a gente poderia ganhar o título a partir do jogo do Atlético-MG. Até porque a gente não perdia fora de casa.GE.Net: Por que não perdia?

Neto: Porque a gente tinha um esquema tático bom. Era difícil fazer gol no Ronaldo. Ele agarrava muito. Nesse jogo em que saímos perdendo de 1 a 0 para o Bahia, eu ajudei o Corinthians a virar com uma batida de escanteio em que o Paulo Rodrigues fez contra e com um gol de falta. No ônibus, saindo do estádio, eu me levantei e falei para todo mundo: ‘P… que o pariu, acho que vai dar para a gente ser campeão dessa p…!’. O Ronaldo virou: ‘Vamos ganhar!’. O Wilson Mano foi junto: ‘Vamos ganhar!’. O Fabinho: ‘Vamos ganhar!’. Começávamos, finalmente, a acreditar no título.

GE.Net: É verdade que foi contra o Atlético-MG que você criou a sua comemoração característica, deslizando de joelhos no gramado e erguendo o punho para a torcida?

Neto: É! Quem te falou isso? Engraçado, não é? Eu sempre comemorava os meus gols no alambrado. Quando marquei de cabeça, saí para vibrar com a Gaviões da Fiel. Mas estava cansado pra c…, no campo molhado pela chuva. Não aguentaria chegar até a organizada. Acabei escorregando de joelhos para encurtar o caminho. No outro dia, quando acordei, assisti à comemoração pela televisão e achei que tinha ficado legal. Como sempre fui fã do Reinaldo e do Sócrates, que vibravam com formas de protesto, acabei copiando os dois. Ficou a minha marca registrada.

GE.Net: O que você esperava do São Paulo na decisão?

Neto: Eu tive mais medo do Bahia e do Atlético-MG do que do São Paulo. A gente não perdia para o São Paulo de jeito nenhum. Nem f… que eles ganhariam do Corinthians! Nem por um c…! Isso você pode perguntar para qualquer jogador. E eu ainda perdi três gols feitos no primeiro jogo da final. Fui incompetente. Era para eles terem tomado de quatro logo de cara, para fechar o caixão. Mas, como no Corinthians tudo é sofrido…

GE.Net: Como foi a sua preparação particular para enfrentar o São Paulo? Você sonhou com alguma coisa antes das finais?

Neto: Eu sonho muito. Até hoje. Sonho uns quatro sonhos em uma noite só. Sonho que estou jogando bola, fazendo gols. Mas dois pesadelos são frequentes e me arrebentam: o primeiro é quando sonho com 1988, quando perdi o título paulista para o Corinthians, pelo Guarani, e o outro é a derrota para o Palmeiras na final de 1993. Nesses pesadelos, eu fico tentando jogar um pouquinho melhor, para mudar o destino dos jogos. Mas não consigo.

GE.Net: Para enfrentar o São Paulo, você teve alguma superstição diferente? Ou só jogou com os meiões do avesso, como de costume?

Neto: Não fiz nada especial. Apenas inverti os meiões, mesmo. Não sei quando isso começou. Uma vez, percebi que estava jogando com as meias do avesso em um jogo em que eu tinha arrebentado. Depois disso, mantive as meias ao contrário para sempre. Mesmo hoje, apesar de não ter muito saco para isso, eu coloco as meias do avesso para participar de peladas. É algo que não ajuda em nada, na verdade. Mas quem não tem superstição no futebol?

GE.Net: Como foi a comemoração pelo título?

Neto: Não teve comemoração. Pessoas importantes para a conquista, os funcionários do clube, não são lembrados até hoje pelo Corinthians. A gente foi embora do Morumbi, e os caras não tinham reservado nem a janta para a gente. Nada! Vai ver que não acreditavam que fôssemos ganhar do São Paulo duas vezes.GE.Net: Os jornais da época noticiaram que o Gallery, um clube privê em que a Hortência possuía sociedade, tinha sido cotado como palco da festa da diretoria. Só que a casa estava reservada para um encontro de formandos.

Neto: Isso é mentira do pessoal da época! Mentira! Nunca ninguém fez nada por esse título! E não querem fazer agora também!

GE.Net: Mas o Andrés Sanchez fala abertamente que você é o maior ídolo dele.

Neto: Sou muito amigo do Andrés. Ele é um verdadeiro irmão. Nós nos amamos. Mas, como corintiano doente que é, ele tem uma dívida moral com esse time de 1990.

GE.Net: Quanto os jogadores receberam de premiação pelo título?

Neto: O nosso prêmio foi o equivalente a R$ 8 mil no dinheiro de hoje. Para o Corinthians ganhar do Vitória, no Brasileiro de 2010, o Andrés deu R$ 100 mil para cada jogador. E eles perderam! É brincadeira!

GE.Net: Com ou sem essa valorização do título de 1990, você entrou para a história do Corinthians com essa conquista. Como é ser um ídolo do clube de coração?

Neto: Não tenho muita noção dessas coisas sobrenaturais, mas acho que eu estava predestinado a ser ídolo do Corinthians. E vou te falar uma coisa: o clube teve jogadores que eram 1 milhão de vezes melhores do que eu.

GE.Net: Quem era o seu ídolo de infância?

Neto: Rivellino. Sempre foi.

GE.Net: Você ficou com o armário que era do Rivellino depois de ser campeão em 1990.

Neto: Pois é. Isso foi uma honra. Tenho todas as coisas do Rivellino guardadas na minha casa. Quando o conheci pessoalmente, também fiquei muito sensibilizado. Nunca tinha imaginado que jogaria no Corinthians. Mas era o meu destino. O meu vínculo com a instituição é tão forte que agora, como comentarista, eu deixo isso transparecer. Mas também estou cagando e andando para o que os outros pensam em relação a isso.. Olha, o cara que mais ganhou foi o Marcelinho Carioca. Ele está no topo.

GE.Net: A sua rusga com ele já foi superada?

Neto: Isso já acabou, sim, viu? Assim… Hoje, eu entendo mais o Marcelinho. Ele é, sim, um dos maiores ídolos da história do Corinthians. Um cara que ganhou oito títulos, que fez o que fez, com muito tempo de casa, é f…! Outro que merece destaque é o Ronaldo. Um goleiro que vestiu 601 vezes a camisa de um clube merece muita consideração. E não vamos nos esquecer do Wladimir, que é o cara que mais atuou pelo Corinthians. Em qualquer outro País, teriam feito bonequinhos do Wladimir, camisetas, tudo. O marketing precisa abrir os olhos para isso.

GE.Net: E o Luizinho? Em um dos filmes lançados pelo marketing do Corinthians, você conta uma história interessante sobre ele.

Neto: Eu conheço bem a história do Corinthians. Se você for à minha casa, vou te mostrar que tenho todas as revistas do clube, daquelas antigas. Isso é uma relíquia. Foi presente de um corintiano. Quero fazer um museu do Corinthians na minha cidade, Santo Antônio de Posse. Bom, eu conheci o Luizinho Polegar em uma premiação do Pai Nilson [Miranílson Carvalho dos Santos foi prestador de serviços espirituais do clube até 2001]. Falei assim para ele: ‘Que satisfação conhecer o senhor!’. O Luizinho ficou surpreso porque eu sabia quem ele era. Na época em que ele jogava, era mais difícil para as coisas serem registradas. Caía tudo no esquecimento. Então, eu completei: ‘Claro que eu te conheço, Luizinho. O senhor não é o grande Polegar?’. Também fiz amizade com o Teleco, artilheiro que limpava os troféus do clube no Parque São Jorge. Já até almocei com o Baltazar. Tive a oportunidade de fazer tudo isso. Eu não fui apenas jogador do Corinthians. Sou torcedor. Sei quem são os ídolos corintianos e reverencio todos esses caras.

GE.Net: Entre todos os ídolos vivos, você foi o escolhido pelo Corinthians para comandar a festa do centenário, no Vale do Anhangabaú. E parecia possuído naquela noite [risos].

Neto: Um monte de dirigentes acha que eu estava drogado [risos]. Eu não bebo há 10 anos, desde que a minha filha nasceu. Mas as pessoas me perguntam até hoje, inclusive torcedores, se eu estava bêbado, maconhado ou se tinha cheirado cocaína. Acontece que eu era um torcedor em cima do palco! Foi uma das maiores emoções da minha vida! Só o Corinthians leva 200.000 pessoas, em uma terça-feira, para celebrar o clube!

GE.Net: Ter passado por todos os rivais do Corinthians diminui de alguma forma o seu elo com o clube?

Neto: De jeito nenhum. Isso foi uma honra. O primeiro a ter obtido esse feito foi o Cláudo Pinho, maior artilheiro da história do Corinthians. Sou corintiano e tenho uma identificação única com esse clube, mas fiquei muito feliz por ter sido campeão pelo São Paulo, por ter vestido a camisa do Pelé. com o Corinthians?

Neto: Eu enxergava o Palmeiras como uma coisa negativa na minha vida, até em relação ao que o Leão fez comigo como treinador, não me deixando jogar. Mas não tenho mais rancor. O Palmeiras foi o primeiro time que me deu condições de comprar alguma coisa melhor na vida. Não posso odiar um clube desses. Posso torcer contra, como eu faço, mas não odiar. Hoje, eu entendo que ter ido para o Palmeiras foi a melhor coisa que fiz na minha carreira. Foi do c…! Eles estão f… até hoje comigo! É uma marca. Você já viu marcarem boi? Eles foram marcados como bois. Está lá, na bunda do Leão: Ribamar e Neto.

GE.Net: O Ribamar…

Neto: Ele era um bom jogador no Sport Recife, mas a balança pesou para o meu lado. Tanto no futebol quanto no peso [risos].

GE.Net: Sempre foi difícil manter a sua forma física como jogador?

Neto: Desde garoto, eu tenho esse problema. É f…! Tenho uma tendência filha da p… para engordar. Gosto de comer à beça, mas a vida é difícil. Na época em que eu não tinha dinheiro, não podia comer para economizar. Agora que tenho dinheiro, não posso comer para não engordar.

GE.Net: Qual é a mensagem que você deixa para os corintianos, no dia do 20aniversário do Brasileiro de 1990?

Neto: Em primeiro lugar, agradeço a vocês da Gazeta Esportiva. Muito obrigado, mesmo, de coração. Tenho pôsteres e mais pôsteres da época do jornal. Isso que vai ser publicado na internet é para os meus filhos e para os corintianos guardarem para sempre. Espero que as pessoas possam entender que um título, mesmo que não tenha tanta importância, marca a história de um clube. Ouviu, seu Andrés Sanchez?

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