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“Não pensavam em legado olímpico em Brasília”, diz ministro

Em entrevista a VEJA.com, Leonardo Picciani, ministro dos Esportes, afirma que apresentará estratégia para dar utilidade às instalações no dia 3 de agosto

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2016, 16h23 - Publicado em 30 jul 2016, 16h10

Nos sete anos desde a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016, o Brasil teve quatro ministros do Esporte e mais um interino. Leonardo Picciani, o último a assumir a função, descobriu que não havia nenhum projeto de legado traçado para evitar que as arenas olímpicas virassem incômodos elefantes brancos. Não há garantia de que isso não irá acontecer, mas ao menos agora ele tem um plano. Em entrevista a Veja.com, Picciani afirma que encontrou uma máquina aparelhada e se fosse hoje repensaria seu voto contra o impeachment de Dilma Rousseff. Ele ainda garante: Temer não se preocupa com vaias na abertura dos jogos no próximo dia 5. Abaixo os principais trechos da entrevista:

O Tribunal de Contas da União exige do governo federal um plano de legado olímpico. Está pronto?
Está sendo feito com atraso, mas vamos entregar até o próximo dia 3. Quando cheguei ao ministério, quis saber sobre o projeto pós-olímpico, e a resposta foi surpreendente: simplesmente não havia ninguém cuidando deste assunto. Instituí então um grupo de trabalho que propõe usar os 150 milhões de reais que temos disponíveis em 2016 para unificar todos os centros de treinamento que construímos.

No meio da crise, o senhor acredita que empresas privadas terão interesse em investir em centros e arenas esportivas?
Algumas, sim, especialmente no entorno do Parque Olímpico. Aquilo ali não será um deserto.

Será que um velódromo num país sem tradição em ciclismo terá realmente uso?
Ele não teria sido criado se não fosse a Olimpíada, claro. Mas, já que fizemos, temos que dar o melhor uso possível a ele e permitir que as pessoas o acessem. Terá um custo mantê-lo. Se houver atividades por lá, de estudantes a campeonatos profissionais, vira investimento.

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Quando o Rio foi eleito sede da Olimpíada, o governo federal se responsabilizou por 80% das atribuições e a prefeitura, por 20%. O Planalto não estava tão interessado assim nos Jogos?
Como era outro governo, não sei explicar as razões. Pode ter sido um problema de agenda, interlocução ou crise política. De outro lado, houve o posicionamento do prefeito, que desejou ter grande participação na Olimpíada. Mas, é preciso lembrar, o governo federal investiu quase quatro bilhões de reais nos jogos carioca.

As pesquisas mostram que a maioria da população brasileira não se envolveu com o projeto olímpico. Por quê?
Até maio deste ano, as pesquisas do ministério indicavam que 66% dos brasileiros apoiavam os jogos, sobretudo aqueles que não moram no Rio. O humor das pessoas virou por causa do receio de terrorismo e da crise econômica. De todo modo, é normal que aconteça às vésperas da Olimpíada. Em Pequim, diziam que os jogos não dariam certo em razão da poluição; em Londres, porque não haveria segurança depois que a empresa contratada para o serviço desistiu. Ambos os jogos transcorreram bem.

Como o senhor qualificaria os problemas enfrentados essa semana na Vila Olímpica?
Ocorreu precisamente em 3% dos quartos. O comitê organizador deveria ter feito um ensaio geral, mas em um condomínio com mais de 3 600 unidades é normal.

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Mesmo com esse tipo de tropeço, o governo federal vê a Olimpíada como uma chance de melhorar a imagem do país?
Sim, o presidente Temer tem a compreensão de que os jogos são importantes para melhorar a situação do Brasil na geopolítica mundial. Quando o país foi escolhido em 2009, era a “bola da vez”, mas, sete anos depois, a conjuntura mudou. Neste momento é importante que a gente mande um recado firme de que enfrentamos os problemas, cumprimos os nossos compromissos e que nossas instituições funcionam e são sólidas.

O presidente interino Michel Temer tem medo de ser vaiado?
Ele não tem demonstrado essa preocupação. Nelson Rodrigues diz que no Maracanã se vaia até em um minuto de silêncio. Se for vaiado, não será o primeiro; se for aplaudido também não. Vaia e aplauso fazem parte da vida pública. Quem tiver esse medo que mude de vida. Não vai escolher a política.

O senhor, agora, defende Temer, mas votou contra o impeachment de Dilma Rousseff. Mudou de opinião?

Desde o impeachment, não falei mais com a presidente Dilma. Entendo que ela perdeu as condições de governabilidade, perdeu a capacidade de unificar e pacificar o país. Isso ficou claro nas votações da Câmara e do Senado. Naquele momento, tinha dúvidas técnicas sobre as pedaladas fiscais. Na dúvida, como é princípio básico do direito, vota-se a favor do réu.

Repetiria o voto?

Não sei. Se a votação fosse hoje, reavaliaria e aprofundaria a minha análise sobre o tema.

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Todos os ministérios tiveram de cortar gastos. Como o senhor fará a sua parte?

Montei uma equipe colocando ex-atletas em cargos-chave. O ministério estava aparelhado porque ficou nas mãos de um mesmo partido, o PC do B, desde 2003. Havia funcionários bons, mas também muita gente fora de função. Cortei cinquenta para enxugar a estrutura, que estava grande mesmo.

O senhor não considera um conflito de interesses a Tamoio, uma empresa da qual sua família tem participação, fornecer brita para obras olímpicas?

Não. A empresa é uma sociedade anônima e ninguém da minha família participa da gestão ou do conselho. A relação da Tamoio é com outras empresas privadas, e não com o poder público. Ganhou licitações porque tinha melhor preço e, naquela época, eu também não era ministro do Esporte.

Afinal, o seu pai, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, quer que o governador interino Francisco Dornelles renuncie para ele assumir o Palácio Laranjeiras?

Pegar um pepino desses? Estão loucos?

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