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Morte na Lusa: um caso cercado de mistérios

Corpo de Lucas dos Santos, 16 anos, foi encontrado muitas horas depois de churrasco do time sub-17. Clube adota silêncio e laudo aponta asfixia

Por Luiz Felipe Castro e Leonardo Pinto
Atualizado em 22 out 2016, 20h58 - Publicado em 21 out 2016, 17h49

A morte de Lucas Jesus dos Santos, zagueiro da equipe sub-17 da Portuguesa, chocou os funcionários do clube e companheiros da jovem promessa, e está longe de ser plenamente esclarecido. O corpo do jogador de 16 anos foi encontrado na manhã de quinta-feira dentro da piscina do complexo do Canindé. De acordo com laudo do Instituto Médico Legal (IML), Lucas morreu por asfixia aspirativa por regurgitação de alimento (congestão). As circunstâncias do caso, porém, seguem bastante nebulosas, já que o churrasco do qual Lucas e os colegas de clube participaram ocorreu na tarde de quarta-feira, cerca de 18 horas antes de seu corpo ser encontrado no fundo da piscina.

Leia também: saiba o que é asfixia por regurgitação de alimento

Lucas, considerado um zagueiro promissor dentro das categorias de base, estava com seus companheiros na sede social da Lusa para celebrar a classificação do time às quartas de final do Campeonato Paulista sub-17. Segundo a assessoria do clube, o churrasco teve início às 13h de quarta-feira e durou apenas duas horas. Os atletas entraram na piscina, mas o corpo de Lucas só foi encontrado por volta das 9h da quinta-feira. Procurados, jogadores do clube disseram que “não podem comentar” o ocorrido. Eder Pereira e Silva, o delegado titular do 12º DP (Pari), que cuida do caso, disse que a investigação está apenas começando. 

“Houve um treino pela manhã e depois o clube organizou um churrasco. Em seguida os atletas foram até o alojamento vestir suas sungas e teriam uma hora liberada de piscina. A última imagem que as câmeras de segurança registraram de Lucas foi a ida ao alojamento e retorno à área do churrasco”, explica Eder. Não há câmeras na área da piscina semiolímpica onde o corpo de Lucas foi encontrado, o que dificulta a investigação.

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O delegado afirma que o depoimento de um goleiro da equipe foi o mais esclarecedor até o momento. “Havia cerca de 30 garotos brincando na piscina. Um goleiro, muito amigo dele, disse que Lucas reclamou de dor de cabeça e cansaço. Ele então, deixou a piscina e se sentou em uma espreguiçadeira. Os colegas continuram nadando, fazendo saltos ornamentais e tirando selfies. A partir daí, Lucas não foi mais visto”.

O companheiro de Lucas contou ter recolhido a toalha e o celular de Lucas ao lado da piscina, sem saber onde o amigo estava. “O tio, o avô e a namorada, então, começaram a ligar desesperados perguntando dele. Os colegas encontraram a bicicleta de Lucas no local de sempre, o que dá a entender que ele não deixou o clube em nenhum momento”, diz o delegado.

Causa enorme estranheza o fato de o corpo estar na piscina, sem que ninguém tivesse se dado conta, à luz do dia. “A água está muito turva, não estava claro. Até mesmo no dia seguinte, no momento das buscas, foi difícil enxergar o corpo na piscina”, explica o delegado. Eder Pereira e Silva contou que os amigos ainda retornaram ao clube à noite para procurar Lucas, e olharam inclusive a piscina, mas nada encontraram. O corpo só foi visto na manhã de quinta por uma senhora, que trabalha no clube.

O laudo do IML aponta como causa da morte asfixia aspirativa de regurgitação de alimento – o ato de aspirar o próprio vômito, algo comum em bebês, não em adultos. (Clique aqui e entenda).

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Álcool – A polícia encontrou algumas latinhas de cerveja no local, mas todos no clube garantem que os jovens não consumiram álcool. “Não é verdade o que estão falando por aí. Não teve bebida alcoólica e nenhum tipo de droga. Eu estava no churrasco, a gente é responsável pelos meninos”, disse o treinador da equipe sub-17, Carlos Miranda, de 46 anos.

“A gente está muito abalado, é difícil falar nesse momento. O Lucas era muito querido por todos”, completou Miranda, que é ex-jogador do clube e pastor evangélico. “Encontramos cinco latinhas de cerveja no lixo. Havia 30 jogadores, mais comissão técnica e diretoria. O número de bebida é irrisório, certamente não tem ligação com a morte”, confirma o delegado. O resultado do exame toxicológico (que confirmará se houve ou não consumo de drogas ou álcool) ainda não foi divulgado.

Luto e Silêncio –  Um atleta da equipe que pediu para não ser identificado afirmou que o clube instruiu todo o elenco a não dar nenhum tipo de informação. “Eu fui embora mais cedo, mas ninguém sabe o que aconteceu”, limitou-se a dizer. O clube confirma a orientação. “Os atletas não vão se pronunciar. Por serem menores de idade, preferimos resguardá-los”, informou a assessoria de imprensa do clube.

O enterro de Lucas dos Santos aconteceu na tarde desta sexta-feira no cemitério São Pedro, na Vila Alpina. Vários jogadores da equipe compareceram ao local e postaram vídeos nas redes sociais. Segundo relatos da família, a mãe de Lucas, Mércia dos Santos, mora em Carnaíba, no interior de Pernambuco, e não compareceu ao enterro por não ter dinheiro para custear a viagem. Questionada se o clube ofereceu auxílio à mãe do atleta, a assessoria da Lusa disse que “desconhece a situação”.

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Lucas Jesus dos Santos, de 16 anos, foi encontrado morto em piscina da sede da Portuguesa
Lucas Jesus dos Santos, de 16 anos, foi encontrado morto em piscina da sede da Portuguesa (Reprodução/)
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