A lateral direita Maurine quase não continuou disputando os Jogos Pan-americanos de 2011. No México, ela recebeu a notícia de que seu pai havia falecido no último dia 23, mas não quis deixar a competição e foi recompensada: com um gol diante das mexicanas, na última terça-feira, ela foi a heroína da classificação brasileira à final, por 1 a 0 contra as anfitriãs.
‘Pra mim não foi fácil, mas as minhas companheiras sempre me ajudaram me fazendo sorrir. Quando ouvi o apito final, deixei toda a tristeza para trás’, disse Maurine, que anotou o gol aos 33 minutos do segundo tempo.
‘Antes de vir para o Pan de Guadalajara, fui visitar meu pai no hospital e ele pediu para eu trazer a medalha de ouro. Hoje, ele é uma estrelinha no céu e eu quero cumprir aquilo que ele me pediu’, completou.
A atacante Thaís, depois da partida, contou como sua identificação com Maurine foi essencial para que a atleta mantivesse o ritmo e a felicidade de jogar futebol. ‘Eu também perdi meu pai durante uma competição e sei bem como é esta dor. Por isso, fiz questão de dar todo o suporte necessário para que ela se sentisse bem e confortável’, ressaltou.
O técnico Kleiton Lima, por sua vez, revelou que todo o trabalho de motivação foi em torno da superação que a lateral estava mostrando, consolidada com o gol na semifinal. ‘Este triste episódio acabou por fechar ainda mais o grupo. Todas ficaram enlutadas com a Maurine. Falei para elas que até o nome do pai era simbólico: Brasil. Ou seja, ele estava representando cada pai das atletas de nossa equipe’, explicou.
Já sobre o difícil duelo, o treinador criticou o gramado sintético do Estádio Omnilife. ‘É muito ruim jogar aqui. Dificulta o arranque, o domínio e o toque de bola. As meninas estão acostumadas com a grama natural’, afirmou.
No jogo decisivo, as meninas do Brasil irão enfrentar o Canadá, que bateu a Colômbia na semifinal por 2 a 1. A final está marcada para as 17 horas (de Brasília) da próxima quinta-feira, no mesmo local do jogo de terça.