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Marcelinho Huertas: ‘Não mudei nada por jogar na NBA’

Elogiado em seu primeiro ano no Los Angeles Lakers, capitão da seleção brasileira dispensa estrelismo e mantém foco na Rio-2016

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2016, 08h24 - Publicado em 15 jul 2016, 13h55

Marcelinho Huertas estava à vontade no ginásio do clube Hebraica, em São Paulo, onde a seleção brasileira de basquete se prepara para a Rio-2016. O armador da equipe jogou muitas vezes naquela quadra, ainda adolescente, quando dava seus primeiros passes pelo Club Athletico Paulistano e sonhava em ser como o ídolo Michael Jordan. Hoje, aos 33 anos, Huertas é um profissional realizado: se consagrou no basquete europeu, é o capitão da seleção brasileira e atua num dos clubes mais tradicionais da NBA, o Los Angeles Lakers. O sucesso não o deslumbra. Acostumado a facilitar a vida dos companheiros e fazê-los brilhar em quadra, Huertas não quer protagonismo. Seu objetivo é um só: conquistar uma medalha pelo Brasil.

NBA: passe mágico de Huertas é eleito a melhor jogada da rodada

A seleção masculina passou 16 anos fora das Olimpíadas, até alcançar um digno quinto lugar em Londres-2012, com Huertas como um dos destaques. Agora, jogando em casa, o time brasileiro sonha mais alto. “Temos novamente um time competitivo, que pode ir longe. A preparação foi praticamente a mesma, mantivemos a base. Alguns atletas eram muito jovens em Londres e hoje estão mais experientes. O time entra para lutar e temos a vantagem e a sorte de jogar em casa. Nada pode ser mais motivador do que isso”, disse Huertas após um treino de quase duas horas. Por exigência do técnico argentino Ruben Magnano, o time treina diariamente às 14h15, o mesmo horário das partidas da Olimpíada – e bastante incomum para os atletas.

De contrato renovado com o Los Angeles Lakers, Huertas celebra a boa fase e conta como foi conviver com Kobe Bryant na última temporada da carreira do astro americano. O armador de 1,91 metro diz ainda que foi difícil se adaptar ao tipo de jogo da NBA – que “prioriza a individualidade e a força física”.

Como você avalia a sua primeira temporada na NBA?

Foi uma oportunidade ótima, apesar de o time não ter ido bem. Demorei um pouco para me adaptar, mas a reta final da temporada foi muito boa, fiquei muitos minutos em quadra. Renovei por mais duas temporadas. Quero continuar conquistando meu espaço, garantir meu espaço na liga e no time.

Depois de jogar na Espanha (no Barcelona, de 2011 a 2015), você se sente um jogador melhor após um ano na maios forte liga do mundo?

Não. Na verdade, é mais uma questão de status. Claro que aprendi muita coisa, tive contato com jogadores excepcionais, tive de me adaptar a outro estilo de jogo. Mas sou a mesma pessoa e o mesmo jogador, minhas características são as mesmas. Ninguém muda de uma hora para outra.

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Mas o fato de você, Nenê, Varejão, Leandrinho e Raulzinho estarem na NBA não torna a seleção brasileira mais respeitada?

Não sei. Muitas vezes as pessoas têm outro olhar, podem respeitar mais. Não só os jogadores, mas talvez até os árbitros. Para o Raulzinho, um jogador muito mais jovem e em desenvolvimento, com certeza essa temporada no Utah Jazz foi muito valiosa. Eu, honestamente, não penso que estou diferente por jogar na NBA, mas muita gente pensa dessa maneira.

Marcelinho Huertas, do Los Angeles Lakers, foi eleito o melhor jogador da partida diante do Golden State Warriors
Marcelinho Huertas, do Los Angeles Lakers, foi eleito o melhor jogador da partida diante do Golden State Warriors em 2016 ()

Você se destaca pelas assistências e visão de jogo. Você estranhou o estilo de jogo na NBA,  mais individualista, sobretudo em times com astros como Kobe Bryant, LeBron James, Stephen Curry e companhia?

É um estilo mais individualizado, que privilegia o talento e o potencial físico. Como armador, gosto de envolver todo o time, procurar o jogador mais livre, às vezes fazer um passe bonito, surpreendente, que agrade a torcida, mas que seja a melhor opção em quadra, gosto do jogo coletivo. Mas o individualismo é a característica dos americanos e acho que nem conseguiriam jogar diferente.

Mas ser diferente pode ser uma vantagem, não é?

Sim, como não tenho a força e a explosão dos americanos, tento me sobressair pela inteligência, visão de quadra, entendimento do jogo. Consegui ganhar meu espaço justamente por causa disso.

Você jogou com Kobe Bryant na temporada de despedida dele. Como foi conviver com um mito do basquete?

Foi incrível, um privilégio muito grande, estar perto dele e sentir o quanto ele foi importante para os Lakers e para toda a NBA. O respeito que ele conquistou nessas 20 temporadas, tudo o que fez pelo basquete, é um exemplo. O Kobe é único. Claro que outras estrelas ganharam muitos títulos, mas ele jogou apenas por uma equipe e, assim como o Tim Duncan, que se aposentou essa semana pelo San Antonio Spurs, vai deixar uma marca diferente.

Quais eram seus ídolos e referências?

Na minha infância, Michael Jordan, com certeza. Depois, como armador, gostava de Steve Nash, John Stockton, Jason Kidd, entre outros.

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Stephen Curry ou LeBron James?

Curry… Quer dizer, é difícil… eles são bem diferentes. Mas acho que gosto mais do Curry.

Na Olimpíada, o Brasil caiu no grupo de Espanha, Argentina, Lituânia, Nigéria e Croácia. Como você avalia o risco de ter de enfrentar os Estados Unidos na segunda fase?

Não temos de pensar nisso, sabemos que um eventual quarto lugar provavelmente significaria jogar com os EUA na fase seguinte. As chaves são muito fortes e quem mira medalha não pode pensar em sorte ou azar no sorteio. Estamos preparados, estamos no mesmo nível das outras seleções. Estamos focados em brigar pelas primeiras posições.

Você foi campeão do Pan-Americano de 2007 no Rio. O que lembra daquela competição?

Foi muito legal ganhar o Pan em casa. A arena da Barra estava lotada, todos torcendo, cantando. Foi minha única experiência em um grande campeonato em casa, uma espécie de prévia da Olimpíada. Espero que aquele ambiente se repita. Vamos dar tudo em quadra.

O quanto o corte do Tiago Splitter (por lesão), um dos mais experientes do grupo, afeta o time?

O Tiago é um jogador muito inteligente e importante no nosso esquema tático. Claro que sentimos muito a falta dele, mas por sorte temos uma ótima safra de pivôs. Temos o Nenê, o Anderson Varejão, o Hettsheimeir, e outros atletas talentosos e experientes que podem dar opções ao time.

Como é a relação com o Ruben Magnano, há seis anos com o time? Ele parece ser bastante sério. Rolam brincadeiras com o fato de ele ser argentino? Ou não há espaço para isso?

Nem pensamos mais nisso, estamos acostumados, nem lembramos que ele é argentino. Claro, de vez em quando, a gente brinca, quando a seleção de futebol da Argentina perde fazemos uma piada. Ele é um cara muito sério, fechado, linha dura, mas fora do treino dá bastante liberdade, é tranquilo.

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