Emocionada, Iziane teve vontade de chorar durante a decisão do bronze pan-americano diante da Colômbia, na terça-feira. Assim que o Brasil garantiu a medalha no basquete, ela foi às lágrimas em Guadalajara. De tristeza. Com os olhos vermelhos, a ala lamentou o pouco tempo em quadra na semifinal contra Porto Rico. O técnico Ênio Vecchi, por sua vez, fez um mea-culpa.
‘Essa derrota vai ficar comigo ainda por muitos dias. Tive que fazer uma força tremenda para me focar no jogo de hoje, porque a tristeza foi grande e tive vontade de chorar várias vezes durante o jogo. Nossa equipe era melhor e deveria estar na final, mas não provamos isso ontem’, afirmou a atleta, enquanto México e Porto Rico se preparavam para a decisão.
Iziane foi o destaque do Brasil nos dois primeiros confrontos e entrou em quadra para a semifinal diante de Porto Rico como cestinha dos Jogos Pan-americanos. Apenas nos dois primeiros quartos da partida, anotou 14 tentos. Ainda assim, pouco jogou no segundo tempo e não foi aproveitada por Ênio Vecchi durante todo o último período.De maneira cautelosa, a jogadora lamentou o pouco tempo em quadra. ‘Eu acho que posso ajudar durante mais de 13 minutos em um jogo importante como esse. Mas foi uma decisão técnica e a gente tem que respeitar. Estou lá para o que precisar’, afirmou o atleta, que se desentendeu com o técnico Paulo Bassul por se recusar a entrar no Pré-olímpico mundial de 2008 e passou um período afastada da Seleção.
Questionado pela GE.net sobre as declarações de Iziane, o atual comandante deu razão à atleta. ‘Eu concordo, acho que está certo. Podia ter colocado ela naquele momento. A gente toma decisões, às vezes dá certo, às vezes não dá. É complicado. Eu sei que, de repente, poderia ter colocado ela na quadra um pouco antes. Não deixa de ter razão, não deixa de ter fundamento’, afirmou.
Vecchi encarou com naturalidade o abatimento das jogadoras mesmo após a vitória na decisão do terceiro lugar e também se disse frustrado. Ele negou qualquer tipo de arrependimento a respeito das medidas tomadas durante o confronto com Porto Rico, mas aparentou emoção quando questionado se gostaria de voltar atrás em alguma decisão da semifinal.
‘Não é se arrepender, mas acho normal você reavaliar e pensar que, se tivesse tomado outras decisões, poderia mudar a história do jogo. A gente nunca sabe se mudaria, mas sempre sou a favor de fazer uma reavaliação. A gente fica com isso na cabeça. Quem tem brio, garra e compromisso não só com o time, mas com o esporte do Brasil, sente muito, porque fica aquele gostinho. Isso é horrível’, explicou.O Jogos Pan-americanos de Guadalajara marcaram o retorno de Iziane à Seleção Brasileira, já que ela recusou a convocação para o Pré-olímpico de Neiva com a finalidade de defender o Atlanta Dream na WNBA. A ala classificou o terceiro lugar como frustrante, mas procurou tirar algumas conclusões positivas de sua presença no torneio.
‘Chegar para um campeonato no final da temporada é muito difícil, meu corpo estava muito cansado e joguei cheia de dores, mas foi uma satisfação estar novamente com a Seleção. Tive a chance de conhecer o novo técnico e o novo sistema tático, o que era muito importante para mim. Esse terceiro lugar foi uma frustração, mas o resto, como equipe, valeu’, afirmou.
Após seu primeiro contato com a jogadora que disputou a última temporada no Atlanta Dream, Vecchi diz ter ficado com uma boa impressão. ‘Acho que ela foi bem, teve uma boa produção. A Iziane praticamente chegou e nem treinou com o time, é muito difícil para a jogadora. A gente entende isso. De qualquer maneira, a avaliação sobre ela foi positiva’, encerrou.