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Insatisfeito, Ronaldão oferece veia para ‘dar mais sangue’ ao São Paulo

Por Da Redação
20 dez 2011, 00h27

Ronaldão, colecionador de títulos com a camisa do São Paulo, está incomodado com o desempenho recente do time do Morumbi. Apesar de evitar comparações entre a equipe comandada por Emerson Leão e o grupo que conquistou o mundo com Telê Santana, o ex-zagueiro não poupa críticas.

‘Se precisar de um pouco mais de sangue, minha veia está à disposição’, disse o ex-xerife, hoje empresário, que conversou com a reportagem da Gazeta Esportiva.Net pouco antes da gravação do especial ‘Mundo Tricolor’, homenagem da TV Gazeta ao 20aniversário do título mundial de 1992, que será festejado em 2012.

Nesta entrevista exclusiva, Ronaldão, bicampeão da América e do mundo pelo Tricolor e campeão da Copa de 1994 com a Seleção Brasileira, lembra da soberba do Barcelona, da liderança que exercia naquela época e das manias de Telê Santana, além de dar dicas para que troféus voltem a ser conquistados no ano que vem.GE.Net: A soberba do Barcelona foi usada como fator motivacional pelo Telê Santana. Depois do jogo, o técnico Cruyff se rendeu dizendo ter sido atropelado por uma Ferrari. Aquilo fez diferença?

Ronaldão: Eles falaram na época que não teria nem prorrogação, que seria resolvido nos 90 minutos. Eu falei: ‘vai ser resolvido mesmo, nós vamos ganhar o jogo’. Fomos lá e ganhamos. O Barcelona era o campeão da Europa, era tido como um dos maiores times da época, como é o Barcelona de hoje. O São Paulo era desacreditado, diziam que não ia ganhar deles jamais, mas nós jogamos um futebol convincente e ganhamos na bola. No fim, quem acabou sendo atropelado foi o Barcelona. Melhor para a gente, pior para eles (risos).

GE.Net: Você é são-paulino?

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Ronaldão: Com certeza.

GE.Net: Acompanha o time com que frequência?

Ronaldão: Acompanho direito. É difícil a gente ver um clube como o São Paulo ficar fora da Libertadores, é uma realidade que não estávamos acostumados. Vimos o São Paulo tomar uma virada depois de estar vencendo o Bahia por 3 a 1, por exemplo. São situações que não esperávamos ver.

GE.Net: Se o São Paulo de 1992 era uma Ferrari, o que foi o São Paulo de 2011?

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Ronaldão: Não vou ser maldoso e criticar a esse ponto. Eu só acho que, se precisar de um pouquinho mais de sangue, minha veia está aqui à disposição. Esse é o segredo para sair dessa fase.

GE.Net: Então o que está faltando é dedicação?

Ronaldão: Eu não posso ver o Juninho Pernambucano correr mais que o Marlos em um jogo entre São Paulo e Vasco. Alguma coisa está faltando. Esse tipo de problema, na minha época, a gente resolvia internamente. Fazíamos um churrasco e falávamos: ‘rapaziada, está faltando isso, isso e isso, vamos fazer mais’. A gente sabia o que estava errado e procurava resolver, não sei se isso acontece hoje em dia.

GE.Net: Quem eram as lideranças daquele time?

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Ronaldão: Eu, Zetti, Pintado, Cafu, Raí… São pessoas que estavam sempre presentes para tomar as decisões em prol do grupo. Não tinha um capitão para chegar e dizer ‘eu vou fazer isso e pronto’. Não, tudo tinha que passar por um conselho com jogadores de peso.

GE.Net: O São Paulo de hoje só tem um grande líder, que é o Rogério Ceni. É preciso ter outros?

Ronaldão: O grupo precisa ajudar um pouco mais o Rogério, sozinho ele não vai conseguir fazer nada. Ele é um discípulo nosso, começou naquela época e ficou no banco do Zetti no primeiro Mundial. Ele conviveu com a gente e sabia como funcionava a coisa. Muito do que ele faz hoje, ele via funcionando na nossa época, mas sozinho fica difícil.

GE.Net: Telê Santana era conhecido por não gostar de ver jogadores gastando dinheiro em carros importados. Hoje, até os mais jovens aparecem com modelos caros. O que acha que ele faria?

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Ronaldão: Eu acho que ele não deixaria nem entrar no CT, viu? Para o cara aparecer com uma Ferrari, tinha que jogar como tal. Hoje em dia, o jogador é muito valorizado e produz pouco pelo que ganha.

GE.Net: Um jogador como o Neymar, por exemplo, teria esse direito?

Ronaldão: O Neymar é um garoto, é extrovertido e irreverente, mas faz a diferença dentro do campo. Mesmo sendo muito bom tecnicamente, ele se doa e não para de correr. Ele faz o jogo ficar mais espetacular, é diferenciado. Quando é assim, tem que ser tratado de forma diferente mesmo.

GE.Net: Zagueiro tem que ser rebatedor, como gosta o Leão?

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Ronaldão: Tem que ter um pouquinho de técnica. Ser só rebatedor não adianta. O zagueiro não pode só dar bico para a frente. É preciso saber fazer um passe, virar um jogo ou, na pior das hipóteses, jogar a bola para o centroavante lá na frente. Na emergência, tem que ser rebatedor, mas precisa saber jogar futebol.

GE.Net: Acha que as críticas recebidas pelo João Filipe por causa das arrancadas são injustas?

Ronaldão: Acho que ele tem potencial, demonstrou que tem técnica. Mas, pelo momento do São Paulo, seria melhor ter um pouquinho mais de simplicidade, ser rebatedor às vezes. Quando a fase está ruim, é mais fácil fazer o simples. Depois, quando estiver melhor, pode demonstrar sua qualidade técnica. O problema é querer demonstrar essa qualidade na hora ruim, mas acredito que o João Filipe tenha potencial para demonstrar isso.

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