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Hamilton, o último piloto pop da F1, dá de ombros para a patrulha

Tricampeão mundial, que diz não querer saber de corridas após encerrar a carreira, falou a VEJA sobre a dura vida de celebridade e projetos para o futuro

Por Alexandre Salvador
Atualizado em 12 nov 2016, 14h33 - Publicado em 12 nov 2016, 13h57

Lewis Hamilton vive pisando fora dos limites do universo extremamente corporativo que se tornou a Fórmula 1 nas últimas duas décadas. Esqueça a mistura de graxa, champanhe e adrenalina dos tempos de James Hunt, ou dos motores abusadamente envenenados, com mais 1 000 cavalos de potência, da era Piquet e Senna. O paddock, hoje, é uma caixa hermeticamente fechada e esterilizada pela presença maciça das grandes marcas que pagam pela corrida de automóveis. Responsabilidade é a palavra de ordem.

Somente a chegada do piloto inglês, tricampeão do mundo em 2008, 2014 e 2015,  é algo que se pode chamar de transgressor. Hamilton foi o primeiro negro a ingressar na categoria mais nobre do automobilismo mundial, em 2007. Pupilo de Ron Dennis, o manda-chuva da equipe McLaren, a jovem promessa ficou conhecida pela agressividade no volante e a timidez no discurso e nas palavras.

Em 2013, porém, Hamilton quebrou a casca. Saiu debaixo da asa de Dennis e partiu para um voo solo na equipe Mercedes. Em um novo ambiente, mais confiante, vimos a mutação do menino em homem. Livre das amarras, o inglês começou a mostrar ao mundo sua personalidade, seus gostos, suas preferências.

Hoje, a entourage de Hamilton passa mais perto do universo pop do que do automobilismo. Ele mesmo diz que não quer saber da velocidade ou da vida nos boxes depois que deixar a Fórmula 1. Frequentemente, o inglês é visto em passarelas de moda, em premiéres de cinema, festas exclusivas ou em estúdios musicais. Seu núcleo de amizades já engloba personalidades como Kanye West, Justin Bieber e Neymar – os três, aliás, passaram um tempo juntos em julho último.

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Pouco antes de um evento promocional da fabricante de material esportivo Puma, realizado na cobertura de um prédio no centro de São Paulo, Lewis falou a VEJA por sete minutos cronometrados, tempo suficiente para dar seis voltas no circuito de Interlagos e para dar um mergulho, mesmo que superficial, na complexa personalidade do piloto inglês.

O Felipe Massa, que está encerrando a carreira na Fórmula 1 ao final dessa temporada, disse que não ter um carro competitivo no próximo ano o ajudou a tomar essa decisão. Aos 31 anos de idade, isso é algo que passa na sua cabeça?
Isso é uma verdade. Nós estamos nessa jornada para sermos os melhores. Acho que a hora dele chegou, ele está nesse universo há bastante tempo. Não dá para saber onde a Williams estará no ano que vem, mas se ele avaliou dessa forma, eu o entendo.

Você já disse que quando chegar a sua hora de pendurar o capacete e as luvas, não vai querer fazer nada que envolva automobilismo. O que você tem em mente, então?
Nesse momento estou explorando um pouco de tudo: já fiz ponta na TV, em filmes. Estou envolvido em projetos variados, de moda a crianças carentes. Tenho a minha música também. Não tenho um plano de carreira em mente. Vou focar nas coisas que eu amo.

Uma crítica recorrente que se faz aos pilotos de Fórmula 1 é de que, atualmente, eles tem uma personalidade um tanto sem graça, entalhada pelo ‘media training’. Você acha que isso fez com que as pessoas perdessem um pouco do interesse no esporte?
Posso falar sobre quando era garoto e acompanhava pela TV. Existia um senso de heroísmo em ser um piloto de corrida. Hoje as pessoas assumem que não existe mais riscos envolvidos somente pelo fato de que não morrem tantos pilotos como antigamente, mas não é verdade.

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Pilotos de Fórmula 1 tinha status de ícones pop, do mesmo nível que Muhammad Ali, Pelé. Isso se perdeu?
Era um universo muito mais liberal. Os pilotos daquela época eram livres para falar e fazer o que quisessem. Fumar, beber, o que lhes viesse a cabeça. Hoje somos atletas e representamos grandes corporações. Temos que ser extremamente controlados.

Piloto Lewis Hamilton
Lewis Hamilton ajudou a grafitar um mural durante sua passagem por São Paulo antes do GP do Brasil (Divulgação)

Você se encontrou com Neymar durante as férias dele, em julho, nos Estados Unidos. A época ele sofreu com a patrulha, principalmente após os maus resultados da seleção brasileira. Te incomoda que o mundo esteja ficando um tanto careta?
Isso realmente não me importa. As pessoas são o que são. Não acho que cabe a mim dizer que algo deve mudar. Vivemos em um mundo no qual as super estrelas estão mais acessíveis ao seu público, principalmente pelas redes sociais. Já estive na pele dele inúmeras vezes e acho que ele é um cara fantástico. Tem um futuro brilhante a sua frente. Vai perder batalhas, mas vai vencer muitas outras.

A visibilidade é um problema?
Todo mundo se acha no direito de julgar um ao outro. Veja a pressão exercida sobre as mulheres, por exemplo. Para que elas se vistam ou se portem de uma determinada forma. E quanto mais seguidores você tem, maior é a cobrança. Sempre falaram coisas boas e ruins. então tive que aprender a não me importar.

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