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Fórmula 1: uma história de heróis no pódio e sangue na pista

Por Da Redação
27 jul 2009, 21h05

O acidente sofrido pelo piloto brasileiro Felipe Massa assustou o país no último sábado. Durante os treinos para o GP da Hungria, ele foi atingido no capacete por uma mola de amortecedor que voou do carro de Rubens Barrichello e perdeu o controle do carro. Massa chegou ao hospital correndo sério risco de vida, mas já passa bem e consegue respirar sem a ajuda de aparelhos. O episódio envolvendo Massa por pouco não se transformou em mais uma na longa lista de tragédias da Fórmula 1.

Uma das mais chocantes foi a de Ayrton Senna. Em 3 de maio de 1994, uma edição extra de VEJA marcava o adeus ao ídolo. Na sétima volta do Grande Prêmio de San Marino, na Itália, Senna passou direto pela curva Tamburello, a 300 quilômetros por hora, e chocou-se contra o muro de concreto. Pouco depois, o tricampeão mundial foi declarado morto. “Ninguém simboliza melhor a comoção que tomou conta do mundo do que a imagem de Alan Prost chorando num dos boxes de Ímola”, diz a reportagem. No Brasil, acordado pela notícia da tragédia, aos poucos uma corrente de emoção e dor tomou conta do país. Num domingo de clássico entre Vasco e Flamengo no Maracanã, após o minuto de silêncio, as torcidas rivais se uniram em um coro de “Olê, olê, olê, olá/Senna” entoado por 100.000 pessoas.

Naquele trágico domingo, Senna havia sentado do cock pit com medo da morte. Um dia antes, o piloto austríaco Roland Ratzenberger havia sofrido um acidente fatal durante os treinos. O brasileiro assistiu a tudo por um monitor de dentro dos boxes e começou a chorar compulsivamente. Senna já estava abalado pelo acidente da sexta-feira, envolvendo Rubens Barrichello. Pouco depois de entrar na pista, Rubinho derrapou numa curva a 200 quilômetros por hora, voou sobre os pneus de proteção, capotou duas vezes e bateu no chão. Surpreendentemente, ele saiu com apenas o nariz quebrado e algumas escoriações. Em entrevista a VEJA, Barrichello disse que sentia como se tivesse “nascido de novo”.

Antes de Senna, VEJA já havia noticiado a morte de pelo menos outros 12 pilotos nas pistas. A primeira delas foi em uma edição de setembro de 1970. No circuito de Monza, na Itália, Jochen Rindt, um alemão de 28 anos, perdeu uma das rodas do carro a 240 quilômetros por hora. Ele liderava o campeonato daquele ano com 20 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Três anos depois, era a vez do francês François Cervet perder a vida na pista. No Grande Prêmio dos Estados Unidos, a última prova do campeonato daquele ano, Cervet perdeu o controle do carro em uma curva em S a 200 quilômetros por hora. Bateu e morreu na hora, esmagado pelas ferragens do carro.

A década de 1970 ainda ficou marcada por outros dois acidentes. Em 1975, no Grande Prêmio da Espanha, o carro do alemão Rolf Stommelen, depois de rodopiar na pista e bater, levantou voo e projetou-se contra o público, matando quatro pessoas e ferindo outras 30. Aquele GP ficaria marcado pelo protesto solitário do brasileiro Emerson Fittipaldi, que se negou a correr no circuito por causa das más condições de segurança. Em diversos protestos dirigidos à FIA, o piloto disse que a corrida tinha boas chances de terminar em morte. Um ano depois, no autódromo de

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Nurburgring, na Alemanha, Niki Lauda sofreria o acidente que lhe rendeu as cicatrizes que carrega até hoje no rosto. Após se recuperar dos ferimentos da batida, naquele mesmo ano, voltou às pistas e ainda acrescentou à sua biografia o terceiro título mundial de F1, em 1984.

Quatro anos depois, em agosto de 1980, o francês Patrick Depallier morreu no autódromo de Hockenheim, na Alemanha. Ele perdeu o controle do carro e saiu da pista com uma fratura no crânio, as pernas quebradas e uma hemorragia interna. No ano de 1982, mais uma tragédia chocou o mundo – o piloto Gilles Villenueve morreu durante os treinos para o GP da Bélgica. A reportagem de VEJA sobre o acidente destacava: “Em seus 32 anos de existência, a F1 acumula mais heróis mortos que campeões. Para 19 ases do volante que comemoraram um título mundial, 24 pilotos perderam a vida nas pistas de corrida”. Villenueve foi arremessado a 40 metros de distância após bater a 230 quilômetros por hora no pneu traseiro do alemão Jochen Mass.

Naquele mesmo ano, o carro do italiano Ricardo Paletti chocou-se com violência contra a Ferrari do francês Didier Pironi. Quando os dois carros, depois de rodopiar pela pista, estancaram, Paletti continuou imóvel, desacordado, com as pernas trituradas e preso nas ferragens retorcidas da máquina. Alguns segundos depois, houve uma forte explosão e o jovem piloto de 23 anos ardeu tragicamente nas chamas. Ele morreu, mais tarde, no hospital.

Em 1986, o italiano Elio de Angelis fazia testes para aprimorar o novo modelo de seu carro no circuito de Marselha, na França. Na entrada de uma curva em S, ele perdeu o controle do carro, que se chocou violentamente contra o muro de proteção, arrastando-se de rodas para o ar por uns 60 metros até bater novamente contra uma árvore e pegar fogo. Angelis era conhecido como um piloto excessivamente prudente, que não gostava de correr riscos. A reportagem de VEJA sobre o acidente ressaltou que a morte do italiano fez saltar aos olhos a mais funda contradição da Fórmula 1: “ao mesmo tempo em que se clama por segurança, perseguem-se velocidades cada vez maiores”.

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