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Especialistas apontam falhas no ‘futebol-negócio’ brasileiro

Por Da Redação
8 nov 2011, 22h27

Há um consenso entre os especialistas do futebol brasileiro: se o país não despertar logo, muito dos R$ 142 bilhões que serão injetados pela Copa do Mundo serão levados embora por empreendedores estrangeiros quando o evento se encerrar no país. ‘É um orçamento magnífico que precisa ser redirecionado para que fique com os empresários e trabalhadores brasileiros’, alertou Ricardo Setyon, Supervisor de Comunicações e Estratégia da Soccerex no Brasil.

Maior evento de negócios do futebol do mundo, a Soccerex vai realizar sua convenção anual de 26 a 30 de novembro, no Rio de Janeiro, e promoveu o encontro de experts do futebol na sede da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo), nesta terça-feira.

Com o nome de ‘Futebol é o nome do negócio: o que a imprensa não viu’, além de Setyon, o encontro reuniu grandes nomes do mundo do futebol e dos negócios: Américo Faria, administrador especializado em futebol e ex-gestor de Seleções da CBF; Hélio Viana, administrador com MBA pela FGV e idealizador do Ministério do Esporte e da Lei Pelé; Tiago Scuro, gestor de futebol do PAEC; Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva, e Sérgio Waib; vice-presidente da Unidade de Conhecimento e Relacionamento da XYZ Live, sócia da Soccerex na Convenção Global que acontecerá no Rio.

Durante de mais de duas horas de painel, foram abordados os pontos cruciais para reestruturar a indústria do futebol brasileiro, às vésperas da Copa do Mundo FIFA 2014. Um ponto nevrálgico da discussão foi, como classificaram os debatedores, a precariedade do ambiente do futebol no Brasil no que tange a atrair e oferecer oportunidades de negócios.

Outra questão muito sensível para os membros da mesa é o fato de não haver uma política que vise beneficiar os pequenos e mé dios empresários brasileiros, que poderiam se apropriar de parte do vultoso volume financeiro que será aplicado no Brasil por época da Copa.

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Foi o que disse Helio Viana, que também falou que os investidores veem o Brasil como o país em melhor situação para receber insumos financeiros no momento: ‘Estamos vivendo um momento especial que é a vinda da Copa do Mundo para o Brasil. Isso vai nos trazer benefícios e transformações na sociedade. O futebol causa impacto em todos os setores econômicos, e um evento como a Copa é o fio condutor disso.

Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas, R$ 142 bilhões serão injetados na nossa economia. Mas é necessário que estejamos preparados. É preciso que entidades como, por exemplo, o Sebrae e o BNDES, criem instrumentos e programas para mostrar aos pequenos e médios empreendedores que eles podem lucrar muito com a nova clientela e as oportunidades que estão chegando. No momento, ningu ém sabe como fazer isso. É um ponto central para a distribuição dos recursos da Copa’.

Se, de um lado, os empreendedores brasileiros ainda estão despreparados e desinformados para se aproveitarem das oportunidades que o mega-evento oferece, os estrangeiros estão melhor aparelhados.’Na condição em que estamos, quem vai fazer negócios aqui serão os estrangeiros’, disse Ricardo Setyon. ‘Eles virão e aproveitarão as oportunidades, levando capital para fora do Brasil. O que precisamos fazer é capacitar nossos empreendedores e empresários para saber identificar e trabalhar essas oportunidades de negócios que estão se abrindo. De outra forma, grande parte do dinheiro que virá também irá embora ao final da Copa.

‘Além disso, em um momento de crise na Europa e nos EUA, os investidores estão migrando para os países emergentes. E, entre eles, o Brasil é o que tem a melhor situação, com estabilidade política, jurídica e econômica. Eles sabem como eventos como a Copa causam transformações, querem vir para cá, mas esbarra no mesmo problema: precisamos nos preparar para isso’, adicionou Hélio Viana.

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O vice-presidente da XYZ, Sergio Waib, mostrou o ‘negócio futebol’ visto pela ótica dos empresários brasileiros: ‘O Brasil é uma das maiores economias do mundo e está entre os líderes mundiais de diversos segmentos da economia, como na indústria de alimentos, automobilística e de minérios’, apontou Waib.

‘Mas quando nós analisamos o futebol brasileiro como um negócio, vemos que está longe de ser uma indústria desenvol vida. Lamentavelmente! O futebol é bom pelos talentos, a grande massa vive o esporte, a mídia repercute… Mas a cadeia de negócio para por aí. Ela não chega a realizar o seu potencial – longe disso. O futebol não gera empregos diretos e indiretos na mesma proporção que apaixona as pessoas, não gera impostos da maneira que poderia, muito do que se faz ainda é na informalidade’.

Américo Faria ofereceu a visão de um profissional que lida diretamente com o esporte, que desempenha sua função no gramado. ‘Trabalhei 22 anos como treinador e quando fui convidado pela CBF (para administrar as Seleções Brasileiras), passei a ter também uma visão de fora das quatro linhas. Vivenciei o futebol internacional e acompanhei as transformações do esporte. Houve também uma transformação muito grande da indústria do entretenimento, e o futebol é o seu carro-chefe. Após sair da CBF, vi como se trabalhava pouco para explorar a imagem das equipes de futebol e seus ídolos. Como cuidar dessas imagens? Não existe isso para o nosso futebol e nossos jogadores’, comentou.

O especialista em marketing e gestão esportiva Amir Somoggi lembrou que a imprensa pode ser fundamental no processo de educação do torcedor, tornando-o um consumidor mais atento e exigente.

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‘A mídia, que foi muito bem na cobrança de uma melhor gestão dos clubes, tem outro papel, que é consolidar a formação dos torcedores, que ficam muito focados nas contratações do seu time, no desempenho da equipe, na conquista de títulos e nas rivalidades. Mas não questiona o produto futebol – a questão da segurança, do tratamento dado ao torcedor, das responsabilidades geradas pela venda de ingressos. O torcedor só quer novas contratações e resultados em campo. Isso é muito pouco!’, resumiu.

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