‘El barba’ Messi, enfim, vira herói na Argentina…mas ainda falta o título
Tantas vezes criticado em seu país, craque vive seu melhor momento com a seleção e está perto da redenção absoluta na Copa América Centenário, nos EUA
A Copa América Centenário nos Estados Unidos tem tudo para marcar a redenção de Lionel Messi com o povo argentino. Sempre criticado por não “sentir a camiseta” e não conseguir repetir na seleção os feitos do Barcelona, o craque, enfim, parece ter ganhado o coração dos compatriotas. Suas atuações em solo americano tem sido irrepreensíveis, assim como sua postura de líder em campo – coincidentemente ou não, logo após ser criticado por “falta de personalidade” pelo maior dos heróis argentinos, Diego Armando Maradona. Até mesmo o novo visual de Messi vem melhorando sua imagem: a inédita barba ruiva adotada para a competição se transformou em um amuleto nacional. A aclamação, no entanto, só será completa em caso de título na decisão deste domingo, contra Chile ou Colômbia, em Nova Jersey. A seleção adulta da Argentina não conquista um troféu há 23 anos e, em caso de novo fracasso, Messi terá novamente que conviver com a fama de pé-frio.
Lionel Messi estreou na seleção argentina adulta em 2005, quando tinha 18 anos, de uma maneira tragicômica: foi expulso contra a Hungria após 45 segundos em campo, ao revidar uma falta com um leve empurrão, em uma decisão bastante controversa da arbitragem. Desde então, o gênio nascido em Rosario e que se mudou para a Catalunha com apenas 13 anos se acostumou a sofrer vestindo azul e branco: três eliminações seguidas para a Alemanha em Copas do Mundo (a última na decisão no Maracanã, em 2014) e dois vice-campeonatos da Copa América. A derrota para o Chile na final do ano passado, em Santiago, engrossou o coro dos argentinos que nunca o viram como um ídolo absoluto. “No Barcelona é o melhor da história, na Argentina não ganha nada”, é o pensamento que invariavelmente inicia discussões acaloradas nos bares portenhos.
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Muitos, até mesmo o técnico da seleção Tata Martino, cogitaram a hipótese de o craque desistir da seleção depois de tanta cobrança. “Se eu fosse Messi, já teria renunciado”, disse Martino, após a derrota no Chile, ao canal Fox Sports. De fato, o craque ganhou um descanso e ficou de fora de algumas partidas nas Eliminatórias. Mas voltou com tudo, especialmente na Copa América Centenário. Se recuperando de uma lesão, começou na reserva, ainda tímido. O show começou na segunda partida, com três gols e atuação impecável contra o Panamá. Passou em branco diante da Bolívia, mas empolgou o público com dribles e agradou os argentinos com uma postura mais agressiva: peitou um boliviano após receber faltas e respondeu à violência com dribles humilhantes.
Messi voltou a marcar na vitória por 4 a 1 sobre a Venezuela nas quartas de final e, nesta terça-feira, bateu mais um recorde em sua carreira: com o golaço de falta anotado diante dos Estados Unidos, na goleada por 4 a 0 em Houston, se tornou o maior artilheiro da história da seleção argentina, com 55 gols, superando Gabriel Batistuta. Toda a Argentina celebrou o novo Messi ou “El Barba”.
Até mesmo o ácido diário esportivo Olé, que tantas vezes o atacou, lhe dedicou enorme carinho. “Houston, desceu um marciano” foi a capa do jornal nesta quarta, que, sempre abusando dos trocadilhos, lembrou a frase eternizada nos cinemas Houston, we have a problem para dizer que Messi é um jogador “de outro planeta”. Outro artigo no site do jornal exalta: ‘eu vi Messi”. Até mesmo uma sessão para que os torcedores enviem fotos com a barba de Messi foi montada pelo Olé.
Messi, no entanto, sabe que, em caso de nova derrota, toda a admiração pode ir por água abaixo. Após a partida desta quarta, o craque barbudo concedeu entrevista à organização do torneio e admitiu ansiedade. “Tomara que esta vez não escape. A ilusão e a vontade de todos é que, de uma vez por todas, aconteça. Merecemos por todo o trabalho que temos feito nos últimos anos”. O adversário da Argentina será conhecido nesta noite, a partir das 21h (de Brasília): o atual campeão Chile, que vem de um histórico 7 a 0 contra o México, encara a Colômbia, em Chicago.