O atacante do Chelsea, Didier Drogba, é mais do que um jogador de futebol na Costa de Marfim. O prestígio do craque, que foi nomeado vice-presidente de uma comissão de reconciliação nacional, transcende as divisões num país que sofreu durante anos por causa de uma guerra civil.
“É uma questão de patriotismo. Amo meu país e quero contribuir para a reconciliação”, afirmou Drogba na terça-feira numa coletiva de imprensa em Londres.
Com o passar dos anos, o craque, que migrou para a França com cinco anos de idade, mostra cada vez mais apego em relação à sua terra natal. “Não poderia ter recusado”, garantiu.
O ex-primeiro ministro do país Charles Konan Banny, presidente da Comissão Diálogo, Verdade e Reconciliação (CRDV), que terá onze membros, comparou a entidade com uma equipe de futebol, na qual Drobga seria o seu “camisa 11”, referindo-se ao número que o jogador usa com seu clube e com a seleção.
De acordo com Konan Banny, o atacante é um “construtor de paz”.
A Costa de Marfim viveu sua última grave crise política quando o ex-presidente Laurent Gbagbo recusou-se a reconhecer sua derrota nas eleições de 2010, cujo vencedor foi Alassane Ouattara. O conflito deixou mais de 3.000 mortos entre dezembro de 2010 e abril de 2011.
Drogba não poderá estar presente na inauguração oficial da CRDV, no dia 28 de setembro, em Yammoussoukro, por conta das obrigações com seu clube.
Mesmo assim, ele prometeu que desempenhará um papel importante como “representante da diáspora”.
Drogba já se destacou diversas vezes em ações a favor da paz no seu país. Em 2005, após ter garantido a classificação do seu país para a Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, ele gravou um vídeo no qual se ajoelhou junto com seus companheiros de equipe para pedir o fim da guerra civil.
Já em 2007, o atacante pediu para que a partida das eliminatórias para a Copa Africana de Nações (CAN) de 2008, fosse disputada em Bouaké, cidade na qual um evento esportivo não era organizado há anos por tratar-se da capital da região controlada pelos rebeldes.
“É mais fácil se levantar, pegar armas e entrar em guerra do que sentar, tentar entender, conversar e perdoar. Precisamos fazer de tudo para que nada disso aconteça de novo” declarou Drogba na terça-feira em Londres.
“Faço o que posso. Tento trazer a minha pequena contribuição, mas não sou Super-Homem. Não tenho a pretensão de dizer que vou trazer sozinho a paz para a Costa de Marfim”.
O jogador citou como exemplo os trabalhos de reconciliação realizados em Ruanda após o genocídio de 1994, exemplo de que “as pessoas podem reaprender a viver juntas”.
Ao ser perguntado se pretende se lançar na carreira política, ele mostrou-se um pouco irritado: “prefiro deixar a política aos políticos. Sou jogador de futebol, é o que eu faço de melhor”, concluiu.