Os torcedores de todos os clubes agora também podem ter acesso à pesquisa que convenceu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a reconhecer os títulos nacionais conquistados entre 1959 e 1970 como Campeonatos Brasileiros. No início da noite desta segunda-feira, os santistas José Carlos Peres e Odir Cunha lançaram o livro ‘Dossiê – Unificação dos títulos brasileiros a partir de 1959’ no Museu do Futebol, em São Paulo.
‘Queremos que as pessoas conheçam a verdade dos fatos. Lendo o livro, quem ainda é contrário à unificação deixará de dar opiniões absurdas e começará a demonstrar desrespeito à história do futebol brasileiro. O Dossiê está aí. Gastem R$ 60 em um e analisem. Se ainda acharem que os campeonatos anteriores não valeram depois de ler o livro, expliquem os motivos. Infelizmente, alguns continuam mentindo para si mesmo, dizendo que o reconhecimento foi uma jogada política’, desabafou Odir Cunha.
Santos e Palmeiras foram os maiores beneficiados com a resolução de validar os títulos de Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa como Campeonatos Brasileiros: passaram a contabilizar oito conquistas cada, recorde no País. Bahia, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense também se favoreceram com a decisão da CBF.Para Odir Cunha, no entanto, somente o reconhecimento da maior entidade do futebol nacional não basta. ‘Alguns cardeais do jornalismo esportivo se baseiam no achismo. Eles têm uma verdade mais verdadeira do que a própria verdade. Quando a imprensa brasileira falar de campeões brasileiros, não pode usar a lei do menor esforço e apontar só aqueles que foram após 1971. Isso está errado! E agora é ilegal’, revoltou-se o escritor, que é jornalista.
Agora campeões brasileiros, os atletas que ganharam a Taça Brasil ou o Torneio Roberto Gomes Pedrosa se mostram agradecidos à obra de José Carlos Peres e Odir Cunha. Alguns deles, como Edu e Dorval (campeões pelo Santos), Roberto Miranda (Botafogo) e Ademir da Guia (Palmeiras) estiveram no evento de lançamento do livro.
‘Estávamos esperando o reconhecimento por parte da CBF há muitos anos. Ainda bem que isso ocorreu agora. A justiça foi feita’, comemorou Ademir da Guia, bastante assediado no Museu do Futebol. O ídolo palmeirense distribuiu uma série de autógrafos para quem carregava a sua biografia (‘Divino – A vida e arte de Ademir da Guia’, escrito em 2001 por Kleber Mazziero de Souza.
Além dos ex-jogadores, alguns dirigentes também prestigiaram o lançamento de ‘Dossiê’. Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos, foi um deles. ‘Com o reconhecimento da CBF, ganharam a verdade e o futebol brasileiro. É natural que outros torcedores chiem. Alguns ficam chateados, mas isso faz parte da vida. Os cães ladram, e a caravana passa’, filosofou, enquanto seu antecessor se vangloriava por ter apoiado a pesquisa de Odir Cunha. ‘Dentre tantos e expressivos títulos que tivemos na nossa gestão, esse é um dos mais significativos’, disse Marcelo Teixeira, mandatário santista entre 1991 e 1993 e de 2001 a 2009.
‘O Corinthians foi campeão mundial’ – Santista fanático, Odir Cunha esqueceu a rivalidade ao falar sobre um feito alcançado pelo Corinthians. O clube do Parque São Jorge é considerado o primeiro campeão mundial pela Fifa, por ter levantado o troféu de torneio sediado no Brasil, em 2000.
‘Era um campeonato criado pela Fifa, que poderia ter sido experimental e não foi, e deu o Corinthians. É oficial. O Corinthians foi campeão mundial’, advogou Odir Cunha, lembrando que o argentino Boca Juniors ficou com o título da Copa Intercontinental de 2000. ‘É o mesmo caso que acontece no dossiê dos títulos brasileiros. Não se deve punir o Corinthians nem o Boca. Os dois clubes são campeões mundiais. Um pela Fifa, e o outro por um torneio que já vinha sendo realizado há décadas. Vamos deixar a paixão de lado e usar critérios iguais. Não sou corintiano, mas o Corinthians foi campeão legitimamente.’