Corridas na Ásia desafiam os pilotos
Fuso horário e clima quente e úmido estão entre os obstáculos a ser superados
O Grande Prêmio de Cingapura é o primeiro de uma série de cinco difíceis corridas que encerram a temporada de Fórmula 1. Essas provas são um desafio não só por causa dos traçados, mas também porque todas são em locais distantes das bases europeias das equipes – e cada uma delas tem um clima diferente.
Na linguagem da Fórmula 1, elas são conhecidas como “flyaways”. Neste ano, três delas serão na Ásia – Cingapura, Japão e Coreia do Sul – uma no Brasil e a última, apenas uma semana depois, em Abu Dhabi.
“Este ano será uma reta final realmente muito difícil”, disse Jarno Trulli, piloto da Lotus. “Provavelmente as últimas cinco corridas serão as piores de toda a temporada. Não pela corrida em si, mas pelas viagens sem uma programação adequada.”
O GP de Cingapura é a prova mais exigente, física e mentalmente, de acordo com Ricardo Ceccarelli, médico da equipe Renault.
Apenas a prova na pequena cidade-estado, no sul da península malaia, combina um fuso horário estendido, corrida noturna, clima quente e úmido, e um circuito de rua que exige máxima concentração. “Se você colocar tudo isso junto, é o coquetel mais difícil”, diz Ceccarelli. “É como Mônaco para a concentração, Malásia pelo calor e umidade, e, por ser à noite, aumenta as dificuldades.”
Ceccarelli oferece aos pilotos pílulas para dormir durante o dia, de forma a ajudar a regular o sono alterado pela mudança de fuso, e comprimidos que ajudam a visão noturna. Também os encoraja a praticar exercícios no calor e na umidade com alguns dias de antecedência para acostumá-los ao clima.
A melhor maneira de lidar com a sequência final do campeonato é o trabalho feito ao longo da temporada. Condicionamento físico constante e uma dieta leve e saudável ajudam na adaptação a mudanças contínuas. Os pilotos têm suas próprias maneiras e planos de lidar com a situação. Entre uma disputa e outra, alguns ficam na Ásia e outros voltam à Europa.
A preparação para Cingapura é especial. Todos os pilotos – e a maioria do resto do paddock – buscam permanecer no horário europeu durante todo o fim de semana. A corrida começa às 20h em Cingapura, ou 14h na Europa, o horário de início habitual das provas europeias.
“A única coisa que você precisa fazer é não mudar a hora de dormir: você fica na hora europeia, vai para a cama às 4 da manhã e acorda às 13h”, disse Pedro de la Rosa, 39 anos, que tem uma década de experiência como piloto de Fórmula 1.
“É fundamental se certificar que não há luz em seu quarto de hotel ou os níveis de melatonina vão se alterar e você vai acordar às 8h e seu sono ficará comprometido”, acrescentou.
“É o tipo de corrida na qual durante o fim de semana você não sente nada, por causa do nível de adrenalina”, disse Robert Kubica, da Renault. “Mas depois, na segunda-feira, quando você está relaxado, sente que o fim de semana foi muito, muito estranho.”