Coreia do Norte quer dominar futebol – e produzir ‘novo Messi’
O país do ditador Kim Jong-un, quase nulo no futebol mundial, sequer tem um campeonato nacional e não está nem entre as 100 seleções no ranking da Fifa
Ambicioso na questão bélica e nas relações exteriores, o ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un quer também um projeto de transformação total do futebol do país, visto por ele como uma propaganda positiva de seu governo. A ideia é sair do ostracismo no esporte mundial para no futuro tornar-se a potência futebolística da Ásia e, depois, do mundo, produzindo “jogadores superiores a Messi”.
Em entrevista à agência de notícias AFP, Ri Yu-Il, o técnico da Escola Internacional de Futebol de Pyongyang, – capital do país -, disse que há um grande trabalho sendo desenvolvido como símbolo nacionalista e de sucesso da Coreia do Norte. “Nosso objetivo é treinar esses jogadores para serem um grande time nacional e torná-los tão talentosos que superariam Messi”, declarou o técnico da escola que forma jogadores para a seleção. “Por enquanto, nós devemos dominar a Ásia e, em um futuro próximo, espero que a Coreia do Norte atinja o domínio global do futebol”, complementou.
Realidade – Na prática, contudo, a ideia parece estar muito mais longe do que os norte-coreanos imaginam. No ranking da Fifa, a seleção nacional está apenas na 126ª posição, entre outras equipes nulas no futebol atual. Nas eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo da Rússia, em 2018, o país já não têm mais chances.
A Coreia do Norte participou apenas de duas Copas do Mundo: em 1966, na Inglaterra, surpreendeu chegando às quartas de final do torneio contra Portugal e, em 2010, na África do Sul, caiu na fase de grupos, perdendo para Brasil (2 a 1), Portugal (7 a 0) e Costa do Marfim (3 a 0).
Nem o técnico da seleção da Coreia do Norte acredita que haverá, de fato, uma revolução do futebol no país. O norueguês Jorn Andersen, que assinou contrato de um ano em maio, despachou a ambição de treinar jogadores para que se desenvolvam ao nível de um Messi, por exemplo.
“Não acho que haja a possibilidade de produzirmos um Messi, mas talvez bons jogadores para o futebol asiático. Há muitos jogadores bons, mas eles não podem sair”, conta Andersen à AFP, referindo-se ao regime comunista, que não concorda com as regras de transferência internacional praticadas por outros países.
O futebol na Coreia do Norte ainda é prematuro: os clubes não jogam os torneios da Confederação Asiática de Futebol, e o campeonato nacional é reduzido a apenas 11 clubes, com média de público de 200 a 300 torcedores por partida. “Meus jogadores estão comigo mas eles não jogam muitas partidas. Eles praticamente só treinam e não jogam”, complementa o treinador norueguês.