Não é à toa que Luiz Felipe Scolari é taxado como técnico copeiro. Nas nove vezes em que disputou a Copa do Brasil, por exemplo, o gaúcho de 63 anos chegou à cinco finais e conquistou três títulos (com Criciúma, Grêmio e Palmeiras). O quarto pode vir nesta quarta-feira, amenizando sua segunda passagem bastante conturbada pelo Palestra Itália.
Comandante no maior título da história do Palmeiras (a Copa Libertadores da América de 1999) – e também na Copa do Brasil-98, no Mercosul-98 e no Rio-São Paulo, em 2000 -, Felipão desembarcou no Brasil em julho de 2010 com a missão de levar o clube alviverde de volta às glórias. Em vez disso, porém, ele colecionou polêmicas com jogadores e dirigentes.
Agora, faltando cinco meses para o fim do seu ciclo no Verdão, Scolari conquistar um novo título, coincidência ou não, no momento em que parece estar em paz com diretoria, torcida e jogadores. ‘Ele sabe como lidar com o atleta. Cobra, exige, mas sabe a hora de elogiar, sentar, conversar’, celebra Daniel Carvalho, contratado no início deste ano, a pedido do treinador, em negociação que levou Pierre ao Atlético-MG e gerou muitas críticas dos torcedores a Felipão.Pentacampeão mundial, o treinador era exaltado por conseguir construir a ‘família Scolari’ durante seus trabalhos, mas teve dificuldade para implantar essa filosofia no Palmeiras. Ouviu queixas públicas dos agora ex-jogadores Lincoln e Wellington Paulista, e até de Valdivia. O ponto mais alto da crise talvez tenha sido quando discutiu com o então xodó da torcida Kleber, em episódio que resultou na saída do atacante. Agora, o relacionamento entre atletas e comissão técnica melhoro
‘As palavras que nos definem agora são união e confiança. A gente se uniu e formou um grupo muito bom de se treinar e jogar. Tem cobrança, mas construtiva, que te incentiva, te apoia e não aquela que tem põe para baixo. E isso dá mais confiança e tranquilidade para jogarmos futebol’, analisou Henrique, um dos líderes da equipe de Felipão.
No caso desta Copa do Brasil, é possível apontar interferências pontuais do treinador. Primeiramente, ele não hesitou em trocar Deola – criticado por falhar na fase decisiva do Paulistão – por Bruno, ainda nas oitavas de final da competição nacional. Depois, foi elogiado por Valdivia por ter tirado o foco do duelo com o Atlético-PR ao afirmar naquela semana que deixaria o Palmeiras em dezembro. E, por último, surpreendeu ao escalar o zagueiro Henrique como volante na primeira semifinal diante do Grêmio, quando a equipe fez uma de suas melhores apresentações no torneio.
‘Sem dúvida nenhuma, o Felipão tem grande parcela por estarmos na final. Todo mundo tem seu valor, jogadores, funcionários… A gente vai ter que conquistar esse título de qualquer jeito para conseguir apagar a desconfiança em torno do grupo e até de Felipão’, declarou Daniel Carvalho.