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Com experiências entre céu e inferno, São Marcos deixa o futebol

Por Da Redação
4 jan 2012, 17h44

A carreira de um dos maiores ídolos da história do Palmeiras chegou ao fim. Depois de quase 20 anos de dedicação à camisa alviverde, Marcos confirmou sua aposentadoria. A torcida alviverde o transformou em um Santo, mas o ex-goleiro não viveu apenas no céu durante sua trajetória. Dono de personalidade forte aliada ao estilo brincalhão, o ídolo palmeirense se despede do futebol com um passado de glórias e também de decepções.

Apesar de ter recebido oportunidades desde sua chegada ao Palestra Itália, em 1992, o camisa 12 só virou realidade no clube na Copa Libertadores da América de 1999, quando entrou na vaga de Velloso, lesionado. As atuações no torneio continental consagraram o agora ex-jogador, principalmente por suas defesas nas quartas de final, contra o Corinthians, e também na semifinal, diante do River Plate.

‘Ele adquiriu a segurança do grupo nos treinos, com sua regularidade. Começou ainda como um menino, mas se tornou uma realidade na Libertadores, quando ganhou o apelido de São Marcos, pela qualidade que mostrou nos jogos difíceis, diante de todo o clima adverso da competição. Ele conquistou a confiança com a personalidade dele, por ter boa performance em uma sequência de jogos decisivos’, recorda César Sampaio, que foi capitão do Verdão na conquista continental e é o gerente de futebol atual.O título da Libertadores ainda fez com que Marcos conquistasse o prêmio de melhor jogador da competição. Porém, 1999 ainda reservava a primeira grande decepção da trajetória do ex-goleiro. Herói no triunfo pela América, o ídolo falhou no Mundial Interclubes, contra o Manchester United, no Japão.

Aos 35 minutos do primeiro tempo, Giggs avançou pela esquerda e fez o cruzamento. Posicionado na primeira trave, Marcos não conseguiu cortar a bola alçada e acabou deixando a meta aberta para Roy Keane mandar para as redes.

‘Foi terrível, um desastre em nossa carreira. Se tivéssemos outra oportunidade de disputar um Mundial Interclubes, daríamos a vida para conquistar o título pelo Palmeiras. No lance do gol, infelizmente, nossa equipe toda falhou, inclusive o Marcos’, avalia o preparador de goleiros do Verdão, Carlos Pracidelli, que já ocupava a função na época.

De acordo com o profissional, que tem uma relação muito próxima a Marcos, o carinho dos palmeirenses foi o que manteve o ex-goleiro em pé para seguir a carreira. ‘Ele viu o carinho da torcida. Em nossa chegada a Guarulhos, a torcida tomou o saguão do Aeroporto, o pegou no colo e o trouxe de volta. Se não fosse aquilo, não sei o que teria acontecido com a gente’, acrescenta.

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O Santo deu sequência à carreira e voltou a aproveitar a Libertadores para se destacar. Em uma campanha com boas atuações, o ex-goleiro fez a defesa mais marcante de sua história, na semifinal da competição, em 2000. Depois de jogos equilibrados (vitória alvinegra por 4 a 3 no primeiro duelo, e triunfo alviverde por 3 a 2 no segundo), a decisão da vaga na final foi para os pênaltis.

Marcelo Ramos, Roque Júnior, Alex, Asprilla e Júnior converteram as cobranças do Verdão, enquanto Ricardinho, Fábio Luciano, Edu e Índio marcaram pelo Timão. No último tiro do clube de Parque São Jorge, Marcelinho Carioca parou nas mãos do carrasco.

O Pé de Anjo cobrou no canto direito de Marcos, que havia estudado as cobranças do adversário e saltou para o lado certo, fazendo a defesa. Em seguida, correu para dar um mergulho no gramado do Morumbi. Apesar de o torneio ter terminado com título do Boca Juniors, a intervenção do ex-goleiro no pênalti ficou em sua história.Também por conta do ótimo relacionamento que nutriu com Luiz Felipe Scolari no Palmeiras, o ídolo alviverde foi chamado para a Copa do Mundo de 2002 e teve a chance de ser titular, deixando na reserva outros atletas consagrados: Dida e Rogério Ceni.

‘Os três foram tão amigos e se ajudaram tanto que, independentemente de quem jogasse, representaria muito bem a Seleção. Eles fizeram um ambiente tão saudável, que foi muito bom ter escolhido os três’, recorda Felipão, que considerou o brasileiro o melhor goleiro daquela Copa.

No Mundial, Marcos apresentou um desempenho eficiente, com destaque para a atuação contra a Bélgica. ‘Foi um dos jogos mais difíceis que tivemos na Copa. Eu me lembro que o Brasil tomou um sufoco e o melhor jogador foi o Marcos, com defesas fantásticas’, argumenta Pracidelli.

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Na decisão do Mundial, Ronaldo brilhou ao marcar dois gols, contando também com atuação de gala de Rivaldo. Enquanto isso, na defesa, Marcos trabalhou de forma importante para evitar que a Alemanha complicasse. Quando o jogo ainda estava 0 a 0, Neville cobrou falta de longe e viu o arqueiro brasileiro espalmar.

Já no fim do jogo, pressionada pelos dois gols de Ronaldo, a seleção alemã quase descontou com um chute forte, de dentro da área, de Bierhoff, mas o goleiro saltou para defender com a mão esquerda. Com o status de pentacampeão, Marcos retornou ao Brasil e encontrou um Palmeiras fragilizado.

Sem as grandes contratações da década anterior, o Verdão desenhou um caminho de sofrimento em 2002, no Campeonato Brasileiro, e passou a ser ameaçado pelo rebaixamento. Para piorar, Marcos ainda se lesionou na reta final da competição e, de fora de campo, viu a equipe alviverde cair para a segunda divisão, sem que seu amigo Sérgio pudesse fazer algo no gol para mudar a história.

Com o Palmeiras rebaixado, o pentacampeão recebeu a proposta do Arsenal e chegou a viajar à Inglaterra para conhecer as instalações do clube. Porém, o ex-goleiro recusou a oferta e seguiu no Palestra Itália, participando da campanha vitoriosa na Série B de 2003.

Mas seu time seguiu com altos e baixos, enquanto Marcos passou a conviver cada vez mais com a dor. Assim, o último título da carreira aconteceu em 2008, no Campeonato Paulista. Apesar dos anos finais de carreira sem glórias e com lesões, o ídolo não perdeu a admiração da torcida e está eternizado na lista de maiores jogadores da história do Palmeiras.

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