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Com ex-técnico de Vanderlei, Caldeira mira melhor marca em Londres

Por Da Redação
24 Maio 2012, 05h02

Após uma série de temporadas inexpressivas pelo Cruzeiro, Franck Caldeira deixou o clube mineiro e passou a treinar ao lado de Ricardo D’Angelo na Orcampi. Sob o comando do antigo técnico de Vanderlei Cordeiro de Lima, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, o fundista espera bater o próprio recorde na maratona de Londres-2012

Radicado em Campinas, Caldeira aproveitou a proximidade para acompanhar o Grande Prêmio de São Paulo e rever os amigos que competem na pista. De boné, agasalho e mãos nos bolsos, o atleta de 29 anos, um dos três brasileiros classificados para a maratona em Londres, passou quase despercebido no Ibirapuera. ‘Não me pergunte sobre medalha. Quero fazer uma grande prova nas Olimpíadas e alcançar a melhor marca da minha vida na distância’, declarou o atleta à GE.Net.

A discrição de Caldeira no evento realizado na semana passada contrasta com a perda de foco que marcou os últimos anos da carreira do campeão da Corrida Internacional de São Silvestre-2006 e da maratona dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro-2007. Ele admite que não soube como administrar a própria agenda para se manter em alto nível e reconhece que a fase como ‘marqueteiro’ foi prejudicial, apesar de negar qualquer tipo de arrependimento.

Caldeira renasceu no momento em que passou a treinar sob o comando de Ricardo D’Angelo, em setembro do ano passado. Apesar do pouco tempo de parceria com o ex-técnico de Vanderlei Cordeiro de Lima, ele conseguiu a classificação para os Jogos Olímpicos de Londres-2012 com a marca de 2h12min03 em Milão, seu recorde pessoal (o tempo anterior era de 2h12min32s), performance que pretende melhorar na Inglaterra.GE.Net – Depois de um período sem grandes resultados, você se classificou para os Jogos de Londres ao alcançar a melhor marca da carreira na Maratona de Milão. Muita gente ficou surpresa com esse feito. Você sempre acreditou que seria possível participar das Olimpíadas novamente

Caldeira – Para quem não estava acompanhando o meu dia a dia, a minha tentativa de dar a volta por cima e de suportar toda essa pressão de as pessoas dizerem que eu já estava acabado, pode até ser uma surpresa. Mas eu e a minha equipe sempre confiamos. Realmente, tinha gente que não acreditava que o Franck estivesse vivo. Ele simplesmente deu uma pequena apagada decorrente de alguns compromissos que não estavam se encaixando direito na agenda de um atleta de elite. Hoje, eu retorno ao grupo dos atletas de elite e vou continuar sendo surpresa para muita gente, porque o esporte é isso: o gostoso é quando você está desacreditado e volta à tona.

GE.Net – Você acha que não conseguiu organizar os seus próprios compromissos depois de assinar com o Cruzeiro?

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Caldeira – Eu tinha compromissos para cumprir de acordo com o contrato que fechei. No clube em que estava, tinha a obrigação de ser marqueteiro. Fazemos algumas escolhas na vida e não devemos nos arrepender. Não me arrependo em momento algum pela escolha de estar no Cruzeiro, mas isso provocou algumas perdas. Você sempre tem ganhos e perdas. Eu tinha muitos compromissos, muitas competições e não estava tendo tempo para fazer uma sequência de treinos, o que ocasionou a perda de performance. Realmente, eu não consegui manter um bom status em algumas provas, mas acordei no momento certo.

GE.Net – Por que você acha que acabou perdendo o foco no período em que defendeu o Cruzeiro?

Caldeira – Eu tinha muitos compromissos com a imprensa. Acabei deixando os treinos de lado e disputei algumas competições que não me permitiam acreditar que eu poderia ser mais e usufruir mais do meu talento. Com um simples treino, eu corria e ganhava. Atletismo de alto nível não é assim. Precisa de dedicação e alto nível no treinamento para ter alto nível em competição. Era difícil para mim fazer esse monitoramento sozinho. Eu tinha um contrato e cumprir regras é complicado. Se você não cumpre, é punido, como em um quartel. Então, eu precisava cumprir as regras e não tinha como fazer os dois lados: me administrar e administrar as regras do clube.GE.Net – Neste momento, como você analisa essa passagem pelo Cruzeiro no geral?

Caldeira – Eu fiz o que pude, cumpri as regras e saí sem dever nada a ninguém, sem deixar a desejar para o que o clube queria com a minha imagem, foi um retorno positivo. Agora, tenho que pensar na continuidade da minha carreira.

GE.Net – Em setembro do ano passado, você passou a trabalhar com o Ricardo D’Angelo, ex-técnico do Vanderlei Cordeiro de Lima. Ao lado do antigo treinador de um medalhista olímpico, qual é sua meta em Londres

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Caldeira – Ele é um grande técnico e agora estamos com um trabalho voltado às maratonas. Neste contexto, a Olimpíada é só mais uma etapa. Não me pergunte sobre medalha. Quero fazer uma grande prova em Londres e alcançar a melhor marca da minha vida, isso vai sair. Quando você trabalha, não tem surpresa. Quero trabalhar firme para conseguir esses resultados. Londres vai ser só mais uma etapa.

GE.Net – Imagino que conquistar a vaga em Londres, mesmo com pouco tempo de trabalho ao lado do D’Angelo, tenha te fortalecido no aspecto psicológico…

Caldeira – Foi merecido. Eu trabalhei como todos os outros e fiz a minha parte. Depois da corrida em Milão, pensei: ‘Se der para ir com essa marca, é o que eu pude fazer. Se não der, é bater palma para os que vão e continuar, porque a vida não acaba se eu não me classificar’. Mas eu consegui e isso é fruto de um trabalho. A questão da moral, na verdade, faz você voltar a se impor, as pessoas voltam a respeitar o seu trabalho. O atletismo é a longo prazo e você tem que acreditar sempre nas pessoas.GE.Net – No Cruzeiro, você era treinado pelo técnico Alexandre Minardi. Acha que o trabalho ao lado dele foi proveitoso de alguma maneir

Caldeira – É um cara super batalhador pelo esporte brasileiro e cruzeirense. Em termos de conhecimento, cada um adiciona o que acha necessário. O Alexandre tem o conhecimento dentro do que precisa para o Cruzeiro, assim como o D’Angelo tem um alto conhecimento dentro do que precisa para poder levar um atleta a realizar os seus sonhos. O que eu quero com o Ricardo é isso: realizar os meus sonhos. Quero partir em busca de uma medalha olímpica, de uma vitória em maratona internacional. Já as metas do Cruzeiro Esporte Clube são as metas de pessoas que estão ali, limitadas ao que o clube necessita, ao que o Alexandre necessita. Metas separadas, pessoas diferentes e quero só agradecer por todas as passagens que tive lá. Passagens novas, coisas novas na minha vida e é isso que vale

GE.Net – O que você diz para as pessoas que pensaram que o Franck já estava acabado?

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Caldeira – Ah, na verdade quero dizer que quanto mais desacreditarem em mim, mais vão estar me motivando a trabalhar para que eu possa voltar a ter crédito.

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