Ansioso para disputar seu primeiro torneio profissional, o jovem Stefano Soares não dormiu na noite de domingo para segunda-feira. Superado pelo alemão Denis Gremelmayer na estreia do Challenger de Campinas, o garoto de 16 anos em início de carreira é filho de João Soares, ex-top 50 da lista de duplas da ATP.
‘Comecei um pouco nervoso, mas consegui fazer um bom jogo. Esperava mais do cara. Acho que joguei bem e estou no nível até. Falta um pouco mais de regularidade, tenho que errar menos, porque esses caras não erram. No segundo set, entrei no jogo, comecei a sacar um pouco melhor e parei de apressar os pontos. Deu para jogar bem e aprender bastante. Nunca vou esquecer esse dia’, disse Stefano, que recebeu um convite para o torneio.
Aos 30 anos, 14 a mais que o adversário, Gremelmayer, ex-top 60 do ranking mundial, fez valer sua experiência e venceu o jogo com parciais de 6/0 e 6/3. Nas arquibancadas, João Soares acompanhou atentamente a estreia do filho, aplaudido pelos amigos e familiares na torcida a cada ponto conquistado diante do alemão.
‘Eu comecei a jogar desde pequeno por causa do meu pai, mas nunca levei muito a sério. Até os 15 anos, não escutava muito o que ele falava. Desde então, peguei gosto e comecei a treinar bastante. Agora, já estou ouvindo bastante o meu pai, porque ele é muito experiente. Ele sempre me fala para curtir o jogo e aproveitar ao máximo, ainda mais contra um adversário como o de agora’, contou Stefano.
PAIS, FILHOS E CONFLITOS NO TÊNIS
A relação entre pais e filhos no tênis costuma ser conflituosa, especialmente entre as mulheres. Para evitar qualquer tipo de entrevero, Stefano Soares não é treinado pelo pai.
‘Antigamente, a gente brigava muito nos treinos. Agora, ele está treinando super bem, mas só com os professores da academia. Hoje, foi tranquilo e ele não reclamou. Normalmente, quando a coisa está difícil, ele quer brigar comigo (risos)’, contou João Soares.
Nomes como André Agassi, Martina Hingis, Aravane Rezai e Caroline Wozniacki já tiveram problemas com seus pais. A australiana Jelena Dokic chegou a denunciar o pai Damir por abuso físico durante treinos.
Aos 60 anos, João Soares lembrou de si próprio em ação ao observar a primeira partida do filho como profissional. ‘O jeito de se movimentar na quadra e o saque dele são parecidos com o meu. Jogar os torneios desse porte é bom para os garotos, porque eles vão ganhando experiência. Precisamos fazer tudo gradativamente, cada coisa na sua hora’, disse João.
Fã do suíço Roger Federer e do brasileiro Gustavo Kuerten, Stefano pretende tentar a carreira profissional durante um ano. Caso não tenha sucesso, o plano do garoto é conciliar os estudos nos Estados Unidos com o circuito universitário para voltar com capacidade de administrar a academia de tênis do pai em Campinas, ideia que agrada a João.
‘Eu acho que o Stefano precisa de um tempo. Jogar nos Estados Unidos, pelo menos uns dois anos, seria bom, porque ele conseguiria unir os estudos com o tênis sem aquela pressão do profissionalismo. Independente de qualquer coisa, ele vai estar ganhando experiência para ser um bom treinador e continuar a nossa academia’, disse.