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Chapecó vai do luto à revolta: acidente ou assassinato?

Suspeita de pane seca por falta de combustível compromete a empresa LaMia e o piloto Miguel Quiroga. Familiares agora cobram explicações

Por Luiz Felipe Castro, de Chapecó
Atualizado em 2 dez 2016, 15h07 - Publicado em 2 dez 2016, 13h52

Aos poucos a ficha vai caindo e a dor vai dando lugar à revolta. Na manhã desta sexta-feira, na Arena Condá, torcedores e familiares das vítimas do acidente aéreo em Medellín buscavam respostas: quem é o culpado pelo acidente? Foi obra do acaso ou um assassinato de 71 pessoas, incluindo quase toda a delegação da Chapecoense? As primeiras investigações indicam que houve, no mínimo, enorme responsabilidade da companhia área boliviana, sediada na Venezuela, LaMia, e do piloto boliviano Miguel Quiroga, que também morreu.

Osmar Machado, pai do zagueiro Filipe Machado, completou 66 anos justamente no dia 29 de novembro, a data do acidente. “Ia celebrar meu aniversário, mas vim levar os pedaços do meu filho”, desabafou. Ele dirigiu por seis horas de sua cidade, Gravataí (RS) a Chapecó. “Enquanto dirigia, pensei várias vezes em jogar o carro numa jamanta para acabar logo com meu sofrimento.”

Osmar fez duras críticas à companhia e ao piloto. “Se ele sabia que estava sem combustível, por que esse idiota não parou para abastecer? Por que ficou rodando no ar, em vez de procurar um lugar para pousar logo? Agora estou eu e outras dezenas de famílias aqui arrebentados com isso, inclusive a dele.”.

O pai de Filipe Machado não responsabilizou a Chapecoense pela acidente e disse que o filho era muito feliz em Chapecó. Osmar também não quis falar sobre indenizações. “Eu não quero dinheiro nenhum, eu só queria meu filho aqui. E nem vou atrás de nada, não quero ter que ouvir o nome desse lixo de gente dessa empresa numa audiência.”

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Sobrou até para o presidente Michel Temer. “Parece que ele vai receber os corpos no aeroporto, mas não vem para a Arena. Por quê? Por medo de vaia? Será que isso é o que importa agora? Isso mostra o nível dos nossos políticos e com que eles estão realmente preocupados”, desabafou Osmar.

Os dirigentes da Chapecoense evitam falar sobre as causas e os possíveis culpados pelo acidente e dizem que a prioridade no momento é a organização do velório. Mas já indicaram que, após a cerimônia marcada para este sábado, se manifestará sobre a empresa LaMia e também iniciará o planejamento de reestruturação do time para 2017.

Dona Ilaídes, mãe do goleiro Danilo
Dona Ilaídes, mãe do goleiro Danilo (VEJA.COM/VEJA)

Dona Ilaídes, mãe do goleiro Danilo, que chegou a consolar jornalistas durante suas entrevistas, não culpou o piloto, mas espera ações contra a LaMia. “Se foi falha humana, quem não erra? Ele pagou com a própria vida. Tenho certeza que alguém vai entrar contra a empresa, o comentário é um só, a empresa tem de ser responsabilizada”, disse.

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“Foram muitas vidas, muitas famílias dilaceradas por causa desse acidente. Foi muita irresponsabilidade. Os órgãos competentes vão fazer sua parte, não sou eu que vou entrar contra a empresa. A mim só cabe esperar meu filho chegar e depois assimilar isso tudo”, comoletou a mãe do ídolo da torcida.

Suspeitas

Segundo a fabricante do avião da LaMia, a empresa britânica BAE Systems, a aeronave poderia voar pouco menos de 3.000 quilômetros, até que seu combustível terminasse. O voo da Chapecoense, porém, partiu da cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra, localizada a cerca de 2.975 km de Medellín, o destino final. De acordo com as normas vigentes, a aeronave deveria ter combustível suficiente para pelo menos mais 30 minutos de voo e para chegar até uma opção B de aeroporto – Bogotá, no caso.

A aeronave pilotada por Manuel Quiroga ainda precisou esperar a descida de outro avião, que havia solicitado autorização para pouso. Tudo indica que, sem combustível suficiente, o avião tenha sofrido uma pane seca e caído na mata colombiana, a menos de 20 quilômetros de Medellín.

Nesta sexta-feira, surgiu uma nova suspeita, em relação ao plano de voo. De acordo com relatos de Freddy Bonilla, secretário de segurança aérea da Colômbia, ao jornal colombiano El Tiempo, a LaMia fez um percurso maior do que o previsto.  A companhia teria relatado à agência colombiana que sairia de Cobija, na Bolívia, a cerca de 2065 quilômetros de Medellín, o destino da aeronave, distância suficiente para o combustível máximo do modelo.

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