Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Avião da LaMia tinha combustível limitado e excesso de peso

Segundo relatório da Aeronáutica da Colômbia, "o peso real na decolagem era de 42.148 quilos - a capacidade máxima era de 41.800 quilos"

Por Da redação
26 dez 2016, 16h10

O avião da LaMia que transportava a delegação da Chapecoense e caiu perto de Medellín no fim de novembro, e matou 71 pessoas, viajava com combustível no limite e excesso de peso, revelou nesta segunda-feira a Aeronáutica Civil da Colômbia (Aerocivil) em seu relatório preliminar.

Segundo o secretário de Segurança Aérea da Aerocivil, coronel Fredy Bonilla, as gravações da cabine de comando do avião boliviano mostram que o piloto e o copiloto conversaram sobre a possibilidade de fazer uma escala em Leticia (Colômbia) ou em Bogotá “porque (a aeronave) estava no limite de combustível”, mas decidiram não fazê-lo.

“Eles estavam cientes de que o combustível que tinham não era o adequado nem era suficiente”, afirmou o secretário, que acrescentou que durante o voo o piloto Miguel Quiroga “decidiu ir a Bogotá, mas mais adiante mudou a decisão e foi direto a Rionegro“, onde fica o aeroporto José María Córdova, nos arredores de Medellín.

Sem autonomia

A maioria das gravações de áudio apresentadas nesta segunda em Bogotá foi extraída das caixas-pretas examinadas em Londres pelos fabricantes do avião, um RJ85, disse Bonilla. Segundo a investigação, no plano de voo apresentado pelo piloto no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), a autonomia da aeronave era de quatro horas e 22 minutos, exatamente igual ao tempo de voo, quando deveria ter combustível para um percurso maior.

“Deveria ter uma hora e 30 minutos a mais (de combustível) que o tempo de voo em forma padrão quanto a sua autonomia de voo”, declarou Bonilla. O avião precisava ter, além disso, um segundo aeroporto para alternativa de pouso em seu plano de voo, mas só registrou o de Bogotá, segundo a investigação.

Continua após a publicidade

O relatório revelou também que quando o piloto pediu à torre de controle do José María Córdova para que lhe permitisse aterrissar, apesar de ainda não estar na aproximação da pista, não informou sobre a gravidade de sua situação, nem que estavam desligados dois dos quatro motores. “Neste ponto tinham dois motores desligados, e a tripulação não fez nenhum relato de sua situação, que era crítica, e continuou reportando de forma normal” à torre de controle, explicou Bonilla.

Direções

Pouco depois, com um terceiro motor já desligado, pôde ser ouvido nos áudios a torre perguntando se precisava de algum serviço adicional em terra para uma possível emergência, e o piloto respondeu que não.

Quatro minutos antes do acidente, o quarto motor desligou e houve a falha elétrica total sobre a qual o piloto informou por um sistema primário, já que o restante tinha deixado de funcionar.

Em sua última conversa, o piloto pediu “direções” enquanto descia sem autorização para aterrissar. A torre perguntou então sua altitude e informou que ainda estava a 8,2 milhas (pouco mais de 13 quilômetros) da pista, mas o avião não respondeu e tudo ficou em silêncio devido ao impacto a 230 km/h.

Continua após a publicidade

Sobrepeso

O “esgotamento de combustível” é a principal de uma série de irregularidades cometidas no voo CP-2933 da LaMia, segundo a investigação, que revelou ainda que o avião tinha um peso maior do que o permitido e voava em uma altitude para a qual não estava autorizado. “A aeronave transportava um peso superior ao permitido por manuais, o que é outra descoberta que fizemos dentro da investigação”, contou o funcionário da Aerocivil. Segundo o relatório, “o peso real na decolagem era de 42.148 quilos, acima da capacidade máxima, de 41.800 quilos”.

Outra irregularidade encontrada foi a de que o avião supostamente não estava certificado para voar acima de 29.000 pés, e no plano de voo apresentado à Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasana) atingiu 30.000 pés. “A Aasana aprovou o plano de voo apresentado a uma altitude de 30.000 pés, o que não era correto”, acrescentou Bonilla.

Segundo o diretor-geral da Aerocivil, Alfredo Bocanegra, o relatório apresentado hoje não tem como propósito “determinar a culpa ou responsabilidade, mas prevenir novos acidentes”, e a investigação definitiva será apresentada em poucos meses.

(Com EFE)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.