‘Ele merece uma segunda chance, acho que já é a terceira, na verdade. Ele tem que aprender e se localizar, ‘quem eu sou, onde estou, o que eu faço, o que eu preciso fazer’. Tenho conversado bastante com ele, porque, dentro de campo, nos treinamentos, ele não nega. Às vezes tem que mandar parar. A qualidade dele é excepcional’, diz o treinador, contente com o reforço de 23 anos.
René compara a personalidade avoada de Jobson à de Garrincha. ‘Quando iam buscar o Garrincha para treinar, ele estava pescando, não sabia que tinha treino. Ele não tinha muita noção da representatividade dele, da pressão que o mundo exercia sobre um homem público. É a impressão que eu tenho, uma alma muito boa’, defende.
‘Já vi muitos jogadores como ele. Ele não devia estar onde está, já devia estar muito além, já devia ter estourado. Por descuido dele, ainda está começando, está para decolar’, emenda.
Apesar da fama de indisciplinado e ‘baladeiro’, o atacante mal teve tempo para desbravar Salvador. Fez poucos treinos na capital baiana e se juntou ao grupo na intertemporada de uma semana em um eco resort de Águas de Lindóia, interior de São Paulo, que conta, além de campos de futebol, com salão de jogos e um amplo balneário, de piscinas aquecidas e saunas.
‘Aqui (no resort), posso dar uma carga forte de trabalho ao elenco porque sei que o pós-treino dos jogadores vai ser hidroterapia, hidromassagem. Depois, eles vão jantar e dormir. Em Salvador ou no Rio de Janeiro, independentemente se o treino é de manhã ou à tarde, dá tempo de ir à praia, ainda mais em horário de verão. O trabalho compete com isso’, explica René.
O trabalho com Jobson requer tempo. Após o treino tático de quinta-feira, o treinador pediu a ele que buscasse quatro cones no campo para um treinamento de finalizações. ‘Pô, professor, eu?’, questionou o atacante, com preguiça. ‘É, você’, respondeu René, segundo diálogo reproduzido por ele próprio. ‘Vamos ver se dá certo. Espero que sim’, conclui o comandante do Bahia.