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Algoz do México em amistoso, Seleção Brasileira é venerada na sede do Pan

Por Da Redação
12 out 2011, 07h38

A Seleção Brasileira, algoz do México no amistoso da última terça-feira, é venerada na cidade de Guadalajara, sede dos Jogos Pan-americanos. Mais de 40 anos depois, os feitos do time que conquistou o tricampeonato mundial na Copa de 1970 são lembrados com saudosismo.

‘Guadalajara parecia o Brasil’, lembra Félix

Poucas horas antes da vitória do time de Mano Menezes por 2 a 1 na cidade de Torreón, localizada na região norte do México, a reportagem da GE.Net visitou o lendário Estádio Jalisco, em Guadalajara, palco de cinco das seis partidas da Seleção Brasileira no Mundial de 1970.

Inaugurada em 1960, a arena atualmente tem capacidade para receber 56.713 torcedores. O estádio é administrado por uma entidade denominada ‘Clubes Unidos de Jalisco’, que congrega Atlas, Chivas Guadalajara, Universidad de Guadalajara e Jalisco, o antigo Club Deportivo Oro.

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Raul ‘Willy’ Gomez defendeu o Chivas de 1968 a 1980 e é um dos principais jogadores clube. Ele chegou a vestir a camisa da seleção mexicana em 1970 e sonhou disputar a Copa do Mundo no país, mas acabou fora da relação final de convocados. Desde 1995, trabalha na manutenção do Estádio Jalisco.

‘Todas as jogadas do Brasil eram cheias de alegria e bom futebol. Foi isso que fascinou o povo mexicano. Depois dos jogos do Brasil, havia grandes festas com samba, batucada e mariachis. Tinha só uns dois ou três brasileiros, o resto eram mexicanos. Cantavam Fio Maravilha e País Tropical’, contou Gomez, tentando falar português.

Preterido pelo técnico Raul Cardenas em 1970, o jogador do Chivas, então com 20 anos, não deixou de participar da Copa do Mundo. De férias em seu clube, ele recebeu a função de transportar as folhas com as escalações oficiais das equipes antes das partidas dos vestiários do Jalisco até os narradores de rádio e televisão. Desta forma, viu in loco todos os jogos do Brasil no estádio.

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‘Além de ter jogado muitas vezes aqui [Gomez olha para o estádio vazio ao seu redor], tenho uma satisfação muito grande por ter tido a oportunidade de ver todos os jogos do Brasil na Copa de 1970 até a semifinal. Foram partidas muito bonitas, emocionantes e com enorme qualidade futebolística’, afirmou o ex-jogador de 61 anos.Na primeira fase, o Brasil venceu Tchecoslováquia (4 a 1), Inglaterra (1 a 0) e Romênia (3 a 2). Nas quartas, bateu o Peru (4 a 2) e na semi, o Uruguai (3 a 1). Em média, o time comandado por Mário Jorge Lobo Zagallo marcou 3 e sofreu 1,2 gols por jogo diante de uma média impressionante de 55.207 torcedores.

A arena abrigou algumas das jogadas mais lembradas da história do futebol, entre elas uma protagonizada por Pelé e citada por Gomez. ‘Foi ali naquele gol’, aponta o mexicano em alusão ao lance em que o então camisa 10 aplicou um drible de corpo no goleiro uruguaio Mazurkiewicz. ‘Ele errou a finalização, mas todo mundo aplaudiu’, completou.

Em frente ao Estádio Jalisco, a ‘Plaza Brasil’ lembra a Seleção. ‘Homenagem da cidade ao povo irmão com motivo do IX Campeonato de Futebol’, diz a placa posicionada no local, datada do dia 3 de novembro de 1970, época em que os pais de Guadalajara batizavam seus filhos com nomes como Carlos Alberto, Édson, Gerson e Clodoaldo.

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De acordo com Gomez, o povo mexicano escolhe o lado verde-amarelo sem hesitar no clássico entre Brasil e Argentina. Ele conta já ter conversado com Pelé ‘muitas vezes’ em seus tempos de jogador e responde de forma enérgica quando questionado se o brasileiro foi, de fato, melhor que Maradona. ‘O Pelé é o rei! O Maradona, no máximo, o príncipe. Nada além disso’, pontuou.

Na final da Copa de 1970, disputada na Cidade do México, o Brasil goleou a Itália por 4 a 1 diante de 107.412 pessoas, no Estádio Azteca. Três meses depois, em seu primeiro compromisso como tricampeã do mundo, a Seleção enfrentou o México, no Maracanã, desta vez com Willy Gomez entre os 11 titulares.

‘Joguei no Maracanã lotado contra o mesmo time do Mundial. Perdemos por 2 a 1, mas roubei a bola e dei o passei para o gol do México’, recordou Gomez, nada modesto. ‘Eu era um meia ofensivo, número 10, mais ou menos como o Ronaldinho, o que infelizmente não existe mais. Eu driblava muito, era atrevido. Agora, todos têm medo de fazê-lo’, criticou o ex-jogador, poupando apenas Neymar e Cristiano Ronaldo que, segundo ele, ‘têm o drible no sangue’.

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Antes da partida, disputada em setembro, a seleção mexicana passou uma semana concentrada no Brasil. Neste período, Gomez aprendeu as palavras em português que lembra até hoje e virou admirador de cantores como Wilson Simonal, Roberto Carlos e Maria Bethânia. ‘A música brasileira é muito agradável e também sei dançá-la’, observou.Na Copa do Mundo de 1986, já aposentado, Gomez teve mais uma chance de ver o Brasil em ação no Estádio Jalisco. A Seleção venceu Espanha (1 a 0), Argélia (1 a 0), Irlanda do Norte (3 a 0) e Polônia (4 a 0), mas caiu nos pênaltis contra a França, nas quartas de final, diante de 65 mil pessoas após falhas de Sócrates e Júlio César.

Enquanto o Maracanã é reformado com a finalidade de abrigar a decisão da Copa de 2014, para alguns de uma forma que desvirtua algumas das principais características arquitetônicas, o Estádio Jalisco tem seu prestígio colocado em xeque pelo moderno Omnilife, a arena inaugurada em 2010 pelo Chivas e sede da cerimônia de abertura dos Jogos Pan-americanos.

De forma categórica, Gomez defende o velho Jalisco. ‘Lá é grama artificial, muito dura. Os torcedores não vão, porque fica muito longe e não tem transporte. Você precisa sair duas horas antes e volta para a casa duas horas depois. Pela comodidade e por toda sua história, o Jalisco vai continuar bem. Uma pequena reforma aqui já é suficiente’, disse.

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O Estádio Omnilife é a sede do torneio de futebol dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Com estreia prevista para o próximo dia 19 de outubro, diante da Argentina, o Brasil será representando por um time sub-20, comandado por Ney Franco. Cuba e Costa Rica são os outros rivais da primeira fase.

PARECIA QUE ESTÁVAMOS NO BRASIL, LEMBRA FÉLIX

*Colaborou Helder Júnior, de São Paulo

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