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Aeronáutica da Colômbia: avião não tinha combustível suficiente

Avião da Chapecoense não levava quantidade de combustível exigida para fazer o trajeto de Santa Cruz de La Sierra a Medellín ou Bogotá, alternativa de pouso

Por Felipe Frazão Atualizado em 1 dez 2016, 01h56 - Publicado em 30 nov 2016, 23h00

A Aeronáutica Civil (Aerocivil) da Colômbia, órgão que comanda a investigação do acidente com a Chapecoense, afirmou na noite desta quarta-feira que o avião boliviano da LaMia não tinha combustível suficiente para realizar o voo. Esta é a primeira conclusão dos investigadores. A principal hipótese de queda é que a falta de combustível durante o voo tenha cortado a energia do avião e apagado as turbinas – a pane seca.

A Aerocivil aguarda a chegada de técnicos investigadores dos Estados Unidos (National Transportation Safety Board – NTSB) para abrir as caixas pretas recolhidas em perfeito estado. Já integram a equipe de peritos dois britânicos da BAE Systems (fabricante do avião Avro RJ85), dois militares brasileiros do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), colombianos e um boliviano. Os dados serão transcritos e enviados à autoridade de voos do Reino Unido.

“Os gravadores de dados e de voz em nosso poder vão confirmar, ajudar a estabelecer a causa pela qual a tripulação e o despacho dessa empresa, desde o Aeroporto de Viru Viru [em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia], não contavam com combustível suficiente”, afirmou o coronel Freddy Augusto Bonilla Herrera, secretário de Segurança Aérea, em coletiva de imprensa, em Medellín. “Ao chegar ao local do acidente e inspecionar os componentes do avião e todo o resto, podemos afirmar claramente que a aeronave não tinha combustível no momento do impacto. Portanto, iniciamos um processo de investigação para poder esclarecer o motivo pelo qual a aeronave não contava com combustível.”

Conforme a Aerocivil, a responsabilidade pelo despacho do plano de voo era do comandante Miguel Quiroga, que pilotava o LaMia CP-2933. Ele era a autoridade máxima a bordo e responsável por cumprir todas as normas, segundo o órgão colombiano. A Aerocivil classificou como “ótimas para aproximação e aterrissagem” as condições meteorológicas no momento da queda. Ao todo, 71 pessoas morreram e seis ficaram feridas.

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“As normas internacionais e nacionais na Colômbia estabelecem que uma aeronave, para poder voar de um aeroporto a outro, deve contar com combustível mínimo para ir da origem ao destino, a um aeroporto alternativo, ter mais 30 minutos de combustível e, adicionalmente, o chamado combustível reserva, que seria o equivalente a mais 5 minutos no ar ou a 5% do necessário para ir da origem ao destino, o que for maior. Nesse caso, lamentavelmente, a aeronave não contava com o combustível para a contingência ou para a alternativa que estava estabelecida. O plano de voo estabelecia o aeroporto de Bogotá [El Dorado]. Pelas circunstâncias que descrevi, não era possível voar até aeroporto alternativo”, explicou Bonilla.

Áudios

O secretário de Segurança Aérea também deu detalhes das comunicações entre a torre de controle do Aeroporto Rio Negro e o voo LMI 2933. No primeiro contato em que se reporta anormalidade, às 21h49 (horário local), o comandante apenas pediu prioridade de aterrissagem por um “problema de combustível”. Segundo Bonilla, o piloto só avisou à controladora de tráfego que não tinha combustível para permanecer voando e que passava por uma “emergência” – expressão “may day” – cerca de 2min40s depois, às 21h52. Nesse exato momento, um avião da Viva Colômbia que iria para o arquipélago de San Andrés e desviou a rota a Medellín pousava no Aeroporto Rio Negro, por causa de um vazamento de combustível. Isso ainda ocasionaria uma inspeção na pista, o que atrasou aterrissagens. A comunicação de “falha total” – combustível e elétrica – e o pedido de coordenadas para pouso em emergência viriam cinco minutos depois às 21h57. No minuto seguinte, a controladora perdeu visão no radar para passar dados de aproximação e o contato por rádio com o voo da Chapecoense, o LMI 2933. Segundo o secretário de Segurança Aérea da Aerocivil, o avião estava a 9 mil pés de altitude, menor que os 10 mil pés mínimos recomendados para a aterrissagem em Rio Negro. A região é montanhosa.

 A queda

No primeiro impacto com o morro El Gordo, o avião bateu com a parte traseira e se partiu, perdendo a cauda e o estabilizador. Depois as asas e a cabine caíram na encosta de trás do monte, sobre a mata. Conforme antecipou VEJA, os sobreviventes ficaram espalhados no terreno, enquanto os demais ocupantes presos na cabine destroçada morreram. A aeronave bateu a uma velocidade de 250 km/h (135 nós). “É uma velocidade baixa para este tipo de avião, o que permitiu que existissem sobreviventes”, disse o coronel Bonilla.

No primeiro comunicado das autoridades colombianas, o diretor geral da Aerocivil, Alfredo Bocanegra Varón, descreveu a dificuldade dos socorristas em realizar o resgate na mata do morro El Gordo, no município de La Unión. “Na madrugada, os camponeses escutavam chamados de socorro provenientes das pessoas que estavam na fuselagem e chegamos a pensar que eram onze sobreviventes, mas depois resgatados sete com vida [um deles, o goleiro Danilo, morreu no hospital]”, afirmou Varón.

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