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A terceira dupla brasileira no vôlei de praia masculino

Naturalizado pelo Catar desde 2013, o jogador carioca Jefferson Pereira vence a partida contra a Espanha e ganha a torcida da Arena Olímpica

Por Fernanda Thedim
8 ago 2016, 18h47

Parecia que a Espanha ganharia de lavada na tarde desta segunda (8). Sem dificuldade, Adrian Gavira e Pablo Herrera fecharam o primeiro set com facilidade por 21 a 13 pontos. Só que o jogo virou no segundo set. A dupla do Catar entrou no jogo com raça, chamou os torcedores para vibrar junto e conseguiu vencer a partida. A torcida, aliás, teve uma participação fundamental nesse resultado: com a bandeira do Brasil em mãos, o público presente na Arena de Copacabana entoava em coro o nome de um dos jogadores catarianos, o brasileiro Jefferson Santos Pereira, de 26 anos, naturalizado desde 2013. Junto com o senegalês Younousse Cherif, ele foi responsável por colocar o Catar pela primeira vez no vôlei de praia olímpico.

Ao final da partida, nem mesmo Jefferson acreditava na vitória após a virada contra os espanhóis. “Passada a tensão do primeiro set, demos uma relaxada e o jogo começou a entrar. É claro que queremos vencer, mas não estamos preocupados com resultado”, disse o atleta. Morando em um apartamento confortável em Doha, a capital do país, junto com a mulher, uma modelo russa, e a filha de 1 anos e 2 meses, ele se mudou para o emirado árabe em 2012, e esperou um ano e meio até ser naturalizado. “Recebi o convite de um clube, mas não tinha ideia do que iria encontrar lá. Quando cheguei, percebi que eles tratavam o vôlei de praia como um esporte amador, e tive que batalhar muito para mudar essa cultura. Levamos um treinador aqui do Brasil, contratamos um preparador físico e montamos nossa comissão técnica, tudo com foco já na Olimpíada do Rio”, contou.

A aposta deu certo. Em junho deste ano, depois de enfrentar representantes da Ásia e da Oceania, a dupla do Catar conseguiu a tão sonhada vaga olímpica ao conquistar a Copa Continental, em Cairns, na Austrália. “No Brasil, eu nunca teria essa chance”, disse o jogador de 1,82 metro de altura, considerado baixo para o padrão dos atletas brasileiros no vôlei de praia masculino. “Hoje todo mundo tem 1,90 metro pra cima. Por isso, preciso treinar e trabalhar dobrado para conseguir competir contra eles”, acrescentou Jefferson, que a todo instante, durante o jogo contra a Espanha, chamava os espectadores na Arena Olímpica de Copacabana para torcer junto.

Nascido e criado na Praça Seca, em Jacarepaguá, o jogador tem uma rotina completamente diferente no Catar. Às sextas, por exemplo, ele não pode treinar, já que trata-se de um dia sagrado para os seguidores do islamismo, quando o comércio fecha para que a população possa rezar. “É tudo muito diferente. A gente não pode nem sair sem camisa porque a polícia te para; não temos a liberdade de ir à praia porque elas são fechadas; você não pode beber na rua com os amigos. É tudo bem complicado lá”, conta Jefferson, que jogou em Copacabana sob os olhares atentos dos amigos cariocas e da família, incluindo sua mãe. Dona Marcia Pereira, de 60 anos, era uma das mais animadas na arquibancada, puxando os gritos e segurando uma bandeira com a foto do filho e de seu parceiro em quadra. Também cabe a ela preparar as comidas para matar o desejo do jogador durante suas férias no Rio. “Lá onde ele mora é tudo muito apimentado. Quando ele está aqui, é só arroz e feijão. E ele ainda leva a mala cheia de farinha pra fazer farofa lá no Catar”, entrega.

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