A seleção brasileira dos secadores, um time dos sonhos
Os craques esquecidos por Scolari formam um esquadrão de respeito. Eles dizem que torcem pelos colegas, claro. Mas dependem da desgraça alheia para ir à Copa das Confederações ou entrar no grupo para o Mundial de 2014
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Da Redação
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15 maio 2013, 17h05
Bons tempos: Kaká, Ronaldinho e Pato brilhando no Milan, em 2008. Hoje, dois são reservas em seus clubes - e o outro, apesar de brilhar em sua equipe, não convence na seleção (Getty Images Sport/VEJA)
Eles negarão uma, duas, três, uma dúzia de vezes, se for preciso. Mas não há como ignorar que, em época de convocação para competições importantes, os jogadores esquecidos pelas listas dos treinadores se transformam no que a gíria futebolística definiu como secadores. Normalmente reservado aos torcedores, o papel de desejar ardentemente a desgraça alheia ganha no mundo dos atletas profissionais contornos delicados. Certamente, nenhum atleta quer ver um companheiro de profissão permanentemente afastado dos campos por lesão. Mas torcer por um leve estiramento, uma pequena fratura no dedão ou mesmo uma indolor conjuntivite – qualquer moléstia que tire o colega do torneio e abra uma nova chance de convocação – é algo que, ao menos na visão dos craques, os deuses do futebol perdoam.
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Eles não estão de olho apenas nos preparativos para a Copa das Confederações, é claro. Quem der mole no torneio e não aproveitar sua chance pode abrir uma nova vaga no grupo para 2014. Mas o retrospecto da seleção, que costuma mudar pouco entre o torneio preparatório e o Mundial no ano seguinte, aumenta a cobiça por um chamado de última hora para o torneio do mês que vem. A apresentação dos convocados acontece no dia 27 de maio; somando-se os primeiros dias de treinamentos, antes que se encerre o prazo para a troca de atletas, os ignorados terão quase duas semanas para torcer para a bruxa aparecer e determinar o corte dos ungidos por Scolari. É bom lembrar, contudo, que o feitiço sempre pode virar contra o feiticeiro. Em 1998, as preces de Émerson deram certo e o volante foi chamado para a Copa da França no lugar do contundido Romário; quatro anos depois, porém, o mesmo Émerson, ao brincar de goleiro em um treinamento da seleção, deslocou a clavícula e acabou cortado, abrindo espaço para o meia Ricardinho. Aos astros desta seleção imaginária, portanto, vale um aviso: sequem com moderação.
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1. Cássio
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(Marcelo Machado de Melo/Fotoarena/VEJA)
CÁSSIO Roberto Ramos
Goleiro do Corinthians
25 anos (Veranópolis, 6/6/1987)
Na seleção: 3 convocações, nenhum jogo
Com os milagres operados na caminhada do Corinthians rumo aos títulos da Libertadores e Mundial, o gaúcho passou a ser uma sombra graúda ao trio de goleiros da Seleção. Uma série de lesões no primeiro semestre deste ano o tirou da corrida por uma vaga na Copa das Confederações, mas a tendência é que, em forma, passe a disputar um lugar no elenco.
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2. Marcos Rocha
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(Wagner Carmo/Vipcomm/VEJA)
MARCOS Luís ROCHA Aquino
Lateral do Atlético-MG
24 anos (Sete Lagoas, 11/12/1988)
Na seleção: 4 convocações, 1 jogo
Caso a boa fase do Atlético-MG perdure, o lateral, que já foi lembrado por Felipão no amistoso contra o Chile, pode beliscar a vaga de Jean, do Fluminense, conhecido por alternar altos e baixos - motivo pelo qual amargou a reserva do São Paulo na temporada de 2011.
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3. Dedé
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(Ivan Pacheco/VEJA)
DEDÉ Anderson Vital da Silva
Zagueiro do Cruzeiro
24 anos (Volta Redonda, 1/7/1988)
Na seleção: 17 convocações, 8 jogos
O zagueiro, considerado o melhor da posição no Brasil na temporada retrasada, perdeu espaço para Réver, do Atlético-MG, depois de um período conturbado, marcado por lesões e uma arrastada negociação que o levou ao Cruzeiro. Se voltar a jogar na Raposa o futebol de 2011, é ameaça real para o rival.
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4. Henrique
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(Mowa Press/Divulgação/VEJA)
HENRIQUE Adriano Buss
Zagueiro do Palmeiras
26 anos (Marechal Cândido Rondon, 14/10/1986)
Na seleção: 7 convocações, 2 jogos
Um dos líderes do Palmeiras na Era Felipão, o zagueiro foi um dos poucos poupados das críticas na desastrosa campanha que levou o Alviverde ao rebaixamento em 2012. Teve boa participação no amistoso contra o Chile e conta com a confiança do treinador - pode surpreender na reta final rumo à Copa.
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5. Adriano
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(Clive Brunskill/Getty Images/VEJA)
ADRIANO Correia Claro
Lateral do Barcelona
28 anos (Curitiba, 26/10/1984)
Na seleção: 34 convocações, 13 jogos
Ele não é um fenômeno na lateral direita nem uma potência no flanco esquerdo. Mas como joga para o gasto nas duas posições, Adriano, embora não encante nem o mais ufanista torcedor, costuma cair nas graças dos treinadores. A experiência na seleção conta a seu favor.
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6. Ralf
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(Ivan Pacheco/VEJA)
RALF de Souza Teles
Volante do Corinthians
28 anos (São Paulo, 9/6/1984)
Na seleção: 11 convocações, 8 jogos
O cão-de-guarda do Corinthians é especialista na marcação e compensa a falta de técnica com vontade, características muito apreciadas pelo técnico da seleção. Como Scolari já afirmou que volante não precisa saber sair para o jogo, Ralf será sempre um candidato perfeitamente talhado para a função.
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7. Ramires
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(Mowa Press/VEJA)
RAMIRES Santos do Nascimento
Volante do Chelsea
26 anos (Barra do Pirai, 24/3/1987)
Na seleção: 43 convocações, 34 jogos, 3 gols
Um dos poucos que se salvaram do naufrágio da Seleção na Copa da África, Ramires viveu uma temporada inesquecível em 2012, chegando ao título da Liga dos Campeões com o Chelsea. Foi prejudicado por uma contusão no primeiro semestre neste ano, mas não será surpresa se voltar na Copa.
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8. Ronaldinho Gaúcho
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(Ivan Pacheco/VEJA)
Ronaldo de Assis Moreira, RONALDINHO GAÚCHO
Meia do Atlético-MG
33 anos (Porto Alegre, 21/3/1980)
Na seleção: 118 convocações, 102 jogos, 35 gols
O craque dentuço ficou de fora desta vez, mas, caso continue comendo a bola no Atlético-MG e mostre que pode ser decisivo em jogos importantes, colocará a pulga atrás da orelha de Felipão às vésperas da Copa. Apoio popular é o que não lhe falta.
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9. Kaká
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(ulian Finney/Getty Images/VEJA)
Ricardo Izecson dos Santos Leite, KAKÁ
Meia do Real Madrid
31 anos (Brasília, 22/4/1982)
Na seleção: 107 convocações, 84 jogos, 28 gols
Titular nas Copas de 2006 e 2010, Kaká comeu o pão que o diabo amassou nas mãos de José Mourinho no Real Madrid e praticamente sumiu do mapa nos últimos meses. A possível chegada do técnico Ancelotti ao Real pode dar novo ânimo à eterna esperança brasileira.
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10. Osvaldo
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(Wander Roberto/Vipcomm/VEJA)
OSVALDO Lourenço Filho
Atacante do São Paulo
26 anos (Fortaleza, 11/4/1987)
Na seleção: 4 convocações, 2 jogos
Neste primeiro semestre, as estrelas são-paulinas Jadson e Ganso foram ofuscadas pelas atuações decisivas do pouco badalado Osvaldo. Convocado pela primeira vez às vésperas da Copa das Confederações, o cearense atômico agradou Scolari e pode injetar energia no time.
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11. Alexandre Pato
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(Ivan Pacheco/VEJA)
ALEXANDRE Rodrigues da Silva, PATO
Atacante do Corinthians
23 anos (Pato Branco, 2/9/1989)
Na seleção: 40 convocações, 24 jogos, 9 gols
Novamente catapultado às manchetes por todo o marketing que cercou sua chegada ao Corinthians, o talentoso Pato não conseguiu se firmar como titular no clube paulista, amargando a reserva de Romarinho. Caso supere esse desafio e ganhe ritmo de jogo, é candidato natural a uma vaga na Copa do Mundo.