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Cultura

Fenômeno impulsionou o gênero ‘jovem adulto’ nas livrarias

Livrarias brasileiras sequer tinham divisão de livros para adolescentes, filão iniciado por Potter, que abriu espaço para ‘Crepúsculo’ e ‘Jogos Vorazes’

por Heloísa Noronha Atualizado em 25 jun 2017, 10h54 - Publicado em
24 jun 2017
04h12

Livrarias brasileiras sequer tinham divisão de livros para adolescentes, filão iniciado por Potter, que abriu espaço para ‘Crepúsculo’ e ‘Jogos Vorazes’

Especialistas em literatura são unânimes. Harry Potter não só aumentou o interesse de crianças e jovens pela leitura, como ainda abriu espaço para todo um filão de livros feitos para adolescentes, que vão da fantasia à distopia. No Brasil, as livrarias sequer possuíam uma divisão de livros teen, segmento que hoje conta com best-sellers como Crepúsculo, Jogos Vorazes, Divergente e Instrumentos Mortais – todos, sem exceção, escritos por mulheres que enterraram de vez aquele suposto preconceito dos meninos contra escritoras. A obra de JK Rowling abriu também caminho para o gênero Young Adult (YA), ou jovem adulto, caracterizado por obras infantojuvenis com temática mais séria, por vezes ligada a bullying, doença, e suicídio – gênero que, na prática, atrai leitores de todas as idades.

A atriz Shailene Woodley e o ator Theo James no filme ‘Divergente’ (2014)
A atriz Shailene Woodley e o ator Theo James no filme ‘Divergente’ (2014) (Reprodução/VEJA)

“Harry Potter foi um dos grandes responsáveis por expandir o mercado editorial. Seu enredo e linguagem conquistaram leitores em todo o mundo, mas, mais importante que isso, Harry Potter foi a porta de iniciação para muitos não-leitores. Muitos jovens começaram e ainda começam a ler a partir dessa saga. A obra de J.K. Rowling impactou toda a cadeia”, opina Luís Antonio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

“A produção brasileira de livros infantojuvenis tem apresentado crescimento nos últimos anos e as editoras têm apostado, cada vez mais, neste segmento”, diz Deric Guilhen, diretor comercial da rede Saraiva. A aposta se mantém porque há uma demanda que segue vigorosa e que já levou as principais listas de livros mais vendidos do mundo a dedicar um espaço exclusivo a ela – caso dos mais vendidos de VEJA, que agora conta com um ranking de literatura infantojuvenil.

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Além de turbinar a produção e as vendas de obras para leitores jovens, Harry Potter levou os já crescidos a redescobrir ou revalorizar autores experientes como J. R. R. Tolkien (O Senhor dos Anéis) e George Martin (Crônicas de Gelo e Fogo, saga que inspirou a série de TV Game of Thrones), que, segundo Pedro Herz, presidente do Conselho de Administração da Livraria Cultura, pareceram a continuação natural para fãs de histórias de fantasia, depois de Harry Potter.

Jennifer Lawrence durante o filme ‘Jogos Vorazes: A Esperança – Parte I’ (2014)
Jennifer Lawrence durante o filme ‘Jogos Vorazes: A Esperança – Parte I’ (2014) (Murray Close/Divulgação)

Para Mônica Figueiredo, editora responsável pela saga de JK Rowling na Rocco, casal editorial que detém os direitos da série desde A Pedra Filosofal, a escritora britânica tirou da latência leitores que estavam apenas à espera de um personagem capaz de projetar os seus desejos. “Eles foram atraídos por uma forma nova de fazer literatura, que aguça a curiosidade e o olhar para o mundo com habilidade e criatividade, tendo a magia como fio condutor. Além disso, JK Rowling criou personagens com os quais o leitor tem empatia e se identifica com facilidade, por passar por situações similares em uma realidade menos mágica”, avalia.

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Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) e seu dragão Drogon na quinta temporada de ‘Game of Thrones’
Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) e seu dragão Drogon na quinta temporada de ‘Game of Thrones’ (Divulgação/VEJA)

Pedro Hertz, da Cultura, recorda com carinho da emoção dos lançamentos dos livros importados nas lojas, quando as pessoas chegavam de manhã à livraria para um evento que, por razões de embargo, só começaria rigorosamente às 20h. “E tudo em ritmo de festa, sem tumultos, só alegria, fantasia e expectativa. Foi uma experiência mágica, maravilhosa”, resume o livreiro, que, no evento de lançamento do roteiro de A Criança Amaldiçoada, em 2016, teve o prazer de encontrar fãs de longa data do bruxinho acompanhados dos filhos, todos fantasiado a caráter.

A culpa é de Harry Potter

Graças a Harry Potter, hoje se têm obras juvenis de temáticas variadas. Ao lado das distopias como Jogos Vorazes e da fantasia com vampiros, caso de Crepúsculo, há livros que tratam de temas espinhosos — vale lembrar que a série de JK Rowling também conta com episódios difíceis; ela começa com a morte dos pais de Harry, que, órfão, é criado pelos tios até se mudar para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Dificuldade, aliás, é o cerne daquele que talvez seja o filão de maior qualidade da literatura feita para adolescentes e jovens adultos, o de sick-lit, termo derivado de “literatura doente ou de doença” (sick em inglês é enfermo). O segmento emergiu no rastro da série do bruxinho, que provou que ler não era brincadeira apenas de crianças e de adultos e levou as editoras a apostar em títulos para os que estão entre eles, a sick-lit conta com gente grande como o escritor americano John Green e sua obra-prima, A Culpa É das Estrelas. Confira abaixo alguns dos bons livros que surgiram depois de Harry Potter:

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