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‘Velho Chico’ esbanja beleza e ousadia em 1º capitulo

Nova novela da Globo tem potencial para mudar fase ruim de folhetins da emissora

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 mar 2016, 23h24

É difícil escolher qual a cena mais bonita do primeiro episódio de Velho Chico, nova novela da rede Globo, que chegou ao horário nobre da emissora nesta segunda-feira. Seja no sertão árido, em uma plantação de algodão ou em uma festa hippie tresloucada, o folhetim conseguiu explorar desde o encantamento de paisagens cotidianas até as gotas de suor derramadas nos rostos dos atores – que, aliás, não foram poucas.

A mão de Luiz Fernando Carvalho, de obras como Os Maias e Hoje É Dia de Maria, se fez visível ao longo de todo episódio, que misturou um clima de faroeste bangue-bangue com o romance ardente da cantora Iolanda (Carol Castro) e o estudante Afrânio (Rodrigo Santoro), filho do coronel Jacinto, personagem de Tarcísio Meira. A famigerada câmera do diretor abusou de ângulos criativos, que valorizaram os cenários, figurinos e também a belíssima fotografia da produção.

A novela começa com cenas do protagonista, o rio São Francisco. Às margens do velho Chico, lavadeiras executam sua tarefa em imagens que intercalam ritos religiosos e momentos de diversão. Em seguida, surge um violeiro que, acompanhado de atores e de um teatro de bonecos, cantarola a história da índia Iati, que perdeu o grande amor de sua vida e, de tanto chorar, deu origem à cascata que se tornaria o rio. Quase um spoiler do que a trama da novela promete ser.

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Pouco depois, surge Tarcísio em uma atuação deliciosa, que gera repulsa e compaixão ao mesmo tempo. Homem poderoso na região, o coronel fala com orgulho do filho que está se formando e almeja para ele uma carreira política. Jacinto carrega consigo a dor e a culpa da perda do primogênito, que morreu afogado e causou uma tristeza profunda na mãe Encarnação (Selma Egrei, também ótima) – ao que tudo indica, uma versão mais rabugenta da personagem Perpétua, de Tieta.

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Enquanto o casal lida com os dramas do cotidiano, o filho mais novo Afrânio se diverte em uma longa festa ao lado de Iolanda. Os dois cantam, dançam e se desnudam de modo ávido, em um clima à la Baz Luhrmann, que destoa da calmaria e simplicidade das cenas no sertão.

No núcleo oposto aparece Rodrigo Lombardi na pele do capitão Rosa, desafeto do coronel, que incita os trabalhadores da plantação de algodão contra o comprador da mercadoria. “É do silêncio do povo que nasce os opressores”, diz em determinado momento, pensativo, o capitão.

A história de Belmiro, vivido por Chico Diaz, com ares do clássico Vidas Secas, foi rapidamente pincelada. No capítulo, o sertanejo vê vários de seus vizinhos irem embora em busca de água e emprego. Resiliente, ele decide permanecer em sua casa e tenta animar a esposa grávida de que a vida ainda pode melhorar. Em breve, eles serão acolhidos na fazenda do capitão Rosa, que vai empregá-los e recebê-los como se fossem de sua família.

A novela criada por Benedito Ruy Barbosa, mas escrita por sua filha Edmara Barbosa, 55, e o neto Bruno Luperi, 27, vai atravessar gerações e mudar o elenco ao longo da história, que promete misturar tramas shakespearianas com a exuberância da cultura brasileira. Se cumprir a promessa, o folhetim voltará a colocar no eixo as produções da faixa das nove da emissora, que, desde Império (2014/2015), amargam críticas ruins e índices baixos de audiência. Se depender do primeiro episódio, o potencial de popularidade de Velho Chico é alto, bem alto.

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